A noite fez-se notar em toda a cidade com a escuridão intensa que invadia as ruas, indicando-nos que possivelmente teríamos outra noite de temporal. Oh, mas o céu está tão bonito. Tons de roxo misturados com azul. Algumas nuvens mais claras ainda se faziam notar. Aprofundado, misturado com os outros, existia uma tonalidade cinza ou preto. Poderia ser preto até, mas a claridade das outras cores tornava-o mais cinzento.
Encontro-me sentada na cama, com o computador nas pernas, embrulhada numa manta após uma "pequena" discussão com a minha mãe. Os argumentos que ela fundamenta são que: "Eu não me tenho de meter na vida dela, nem muito menos tenho de saber por onde ela anda." Então, se formos a ver assim, o meu argumento tinha bastante credibilidade e valor, pois eu ataquei dizendo: "Se achas isso alguma coisa pela qual te deves seguir, então, tu também não tens de saber onde ando e o que faço da minha vida.""Eu sou tua mãe" - Ela contra-argumentou na altura.
"E eu sou tua filha e já sofri com as tuas escolhas. Duas vezes! Não estou para sofrer mais! Aceita que eu já tenho quase dezoito anos e já posso fazer as coisas por mim!"
Isto tudo porque? Oh, porque eu não vim dormir a casa. Mas como poderá ela julgar algo assim se, nem sequer se importou. Ela apenas soube que eu não vim porque eu, feita burra, cheguei ofegante a casa à hora de almoço, desculpando-me que tinha ficado a dormir em casa de Ariel - uma grande mentira, é verdade. E, a minha queridissima mãe nem sequer pôs os pés em casa a noite passada. Como me poderá ela julgar por eu não ter dormido cá, quando ela fez o mesmo?
Mais uma noite passada em frente ao computador, portanto. Não posso sair. Não posso ir ao bar. Os gritos da minha mãe deixam-me sensível e, por muito que eu tente ser autoritário, não consigo perante esta mulher. Ainda tenho respeito por ela.
Sinto-me frustrada por não estar lá a apoiar os rapazes. Logo hoje que eles passaram a tarde a trabalhar duro; a ensaiar e a escrever músicas. Logo hoje que eles caracterizaram como um pseudo regresso deles pois Calum está mais na terra agora. Lembro-me dos agradecimentos deles, de ontem à noite. Lembro-me das palavras de Ashton: "Trouxeste o meu melhor amigo, Faith. Pelo menos metade dele." Aquilo marcou-me. Marcou-me porque eu sei que o Calum ainda não está completamente cá. Aquela ilusão existente de ter Tracy e do que ela pode ser ainda está viva nele, mas mais tarde ou mais cedo ele vai acordar.
Oh, a tristeza que eu sinto é tão profunda. Não vou lá estar para os apoiar. E eu, logo eu, que prometi ao Calum que o fazia.- Adivinha quem é que vai voltar a Sydney este fim-de-semana? - Atende Clarke, com a felicidade habitual, a chamada de Skype que damos honra de continuar a fazer quase todas as noites, ainda que longe uma da outra.
- A sério? - Dei um pulo na cama. Esta novidade deu-me bastante animo. Mesmo aquele que eu não tinha.
- Sim! O meu pai tem um serviço para ai, e como ele sabe que tu moras por aí, perguntou-me se eu queria ir contigo. Claro que não neguei.
- OH MEU DEUS! Isso é... - Interrompi um pouco a minha fala, ouvindo uns barulhos fora do normal vindos da rua. Pareciam dentro de casa, de qualquer maneira. - Isso é fantástico! - Novamente ouço um barulho fora do normal. Parece saraiva a cair contra a minha janela.
- Vou amanhã de manhã. Almoçamos juntas? - Ela pergunta.
Assinto, com um sorriso no rosto. Ter Clarke aqui por mais umas horas - o que iria recompensar a visita relâmpago do outro dia - vai ser maravilhoso. E eu tenho a certeza que ela vai trazer-me umas novidades fresquinhas de Melbourne.
- Claro! - Digo. Não paro de ouvir o barulho semelhante a saraiva cair contra a minha janela. - Espera um pouco. Acho que está a chover. Vou fechar a persiana.
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PAPER SOULS • CALUM HOOD
FanfictionFaith e Calum. Adolescentes com passados com arestas para limar. "Ele só queria ser meu amigo, mas eu escolhi amá-lo." Plágio é crime Copyright © 2015 All Rights Reserved by Joana Nunes