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Faith

O dia foi baseado em silêncio, mesmo que até Luke, Michael, Ashton e Ariel tentassem cortar este clima. Certamente Michael já tinha na ideia que algo de mais superior à nossa amizade tinha acontecido.
Há hora de almoço tivemos de conviver com Tracy e Abigail, que pareciam bastantes animadas. As loiras tagarelaram por todo o café. A Tracy agarrada ao Calum e Abigail, quando se lembrava ia até Michael. Não sei se isto é para eles não se cansarem um do outro, se é algo planeado, ou não passa de uma relação relâmpago que serve apenas para sexo e não sentimentos. Maior parte das pessoas da nossa idade só pensa em coisas como estas, então eu levo a cabo esta teoria.

O pior disto tudo é que ele consegue totalmente reagir como se nada se tivesse passado. Consegue olhar para mim e sorrir como se os nossos lábios não se tivessem tocado num ato de amor.

- E se amanhã desse uma festa em minha casa? Os meus pais vão estar fora o fim-de-semana todo. - Guinchou Tracy exaltada, atirando uma madeixa de cabelo para trás das costas enquanto tagarelava, mais uma vez, sobre a ideia que tivera.

Ariel logo voltava a cara para trás, e eu olhava para ela vendo-a torcer o nariz à proposta de Tracy. Foi impossível não me rir, e quando o diz todos ficaram a olhar para mim. Claro que Calum me julgava interiormente porque ele não é burro e notou que eu estava a gozar com a sua querida namorada.

- Estou fora. Tenho de estudar para o teste de filosofia. - Disse-lhe.

Por sua vez a loira lançou-me um sorriso vitorioso acompanhado pelas palavras: - Ainda bem. Não ias fazer falta, querida.

Respirei fundo. Mas quem é que esta cabra pensa que é? Nunca me viria a faltar ao respeito para além dos olhares que me mandava e as possíveis bonecas de vudo que faz de mim.
Luke, que fazia bolhas na coca-cola com a palhinha, encontrava-se aluado ou descontraído como sempre ele gostava de se identificar. Michael preparava-se para ir fumar um cigarro. Ashton divertia-se a ver uns videos no telemóvel, que também os mostrava a Calum e Ariel. Abigail apenas se demonstrava interessada no assunto de Tracy, mas será que ela estaria? Todos param de fazer o que estariam a fazer quando ouviram a deixa de Tracy.
Ariel, que estava ao meu lado, deve-me ter pressentido a ficar vermelha que nem um tomate de nervosa que ficava. Nestas situações o sangue sobe-me sempre à cabeça e eu dou graças por nunca ninguém me ter visto no meu estado de confusão mais aguçado, mas agora... agora atingi o meu ponto de saturação. Sou muito meiga por vezes, mas não consigo tolerar mais as bocas e olhares desta loira filha da puta.
Quando, com um recuo com a cadeira, fiz um barulho estridente no chão - causado pelas pernas na cadeira serem arrastadas com força - todo o café, maioritariamente frequentado por pessoas da nossa escola, parou para ver o que se passava.
Alexis, Meggie e Jessie estavam a almoçar, juntamente com Bea, também da nossa turma, na mesa atrás da nossa. Creio que Meggie também me viu ficar vermelha que nem um diabo, pois ela levantou-se logo em seguida, tendo em conta o meu reflexo.

- Quem pensas que és, sua chupista de dinheiro? - Grito de forma não menos que violenta. - Tu não és nada a não ser mais uma daquelas bonecas falsas que não servem para nada. - Arqueio-me sobre a mesa cuspindo-lhe as palavras para a cara, enquanto ela se limitava a recuar o busto.

Atrás de mim estava Michel e Meggie. Ela possuía uma expressão chateada e pronta para me defender, como sempre dissera que faria se fosse preciso.

- Calma, Faith. Não faças nada. - Sussurra-me ela ao ouvido.

Michael, por sua vez, segurava-me pela cintura, puxando-me de perto da mesa. Esperneei-me. Ele estava a tratar-me como se de uma maluca me tratasse, mas eu isso não o sou. Apenas me estou a defender daquilo que não gosto. Talvez não seja a melhor maneira, mas qual é que eu iria usar se nada é eficaz com esta rapariga sem sanidade mental?

PAPER SOULS • CALUM HOODOnde histórias criam vida. Descubra agora