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O sol nasceu e eu já estava acordada enquanto Calum ainda dormia. Seria demais dizer que quando despertei dei por mim num tipico cenário de filme onde as personagens se encontravam em concha e serenas, embaladas pelo respirar uma da outra. Neste caso era completamente mentira.

O relógio marcava as sete da manhã desta quinta-feira. Ainda era cedo para acorda-lo se nos fossemos a seguir pelo nosso horário de entrada nas aulas, mas a minha mãe chega a casa daqui a uma hora e de facto não iria ser muito agradável ela chegar e ver um rapaz, quase nu, deitado na minha cama. Ainda que se eu lhe dissesse que nada se passou entre nós, ela não se iria acreditar. Conheço muito bem Bella e sei exatamente o que ela iria fazer em seguida, visto que em Melbourne - quando eu era mais nova e me via sozinha em casa - eu queria sempre uma companhia e então levava para casa o meu grupo de amigos onde ai se encontravam uns três rapazes e apenas duas raparigas. Eu e Sarah Martin. Minha amiga de infância. Águas passadas. Águas bem passadas. Gostaria de voltar atrás no tempo, mas existem factores que me incapacitam de o fazer.

Arranjo uma posição melhor para me sentar na cama sem ter de o acordar, o que se tornou bastante impossível. Cada vez que olhava para ele dava-me vontade de rir pois Calum encontrava-se com a cabeça em cima da mesa-de-cabeceira e uma perna em cima de mim.

- Bom dia. - Sorriu para mim, levantando a cabeça e deparando-se com o seu estado. - Pelo menos dormi bem. - Gargalhou. - E tu?

- Bem. - Levantei-me indo em direção ao armário preparando um conjunto de roupa para vestir em seguida. - Parece que foi uma tempestade relâmpago. Está bom tempo hoje. - Admirei, olhando de relance lá para fora, onde o céu estava limpo, azul e bonito.

- Hoje poderiamos fazer um programa qualquer, Faith! - Ele saltou exaltado, desviando as minhas atenções do que admirava, centrando-me nele. - Cinema, Pizza, FESTA!

Olho para ele e encaro-o com a excitação ideal de alguém da idade dele. Aliás, estaremos a falar ou não de Calum Hood, o rapaz com ideias extravagantes que dormiu comigo esta noite? Sim, ele dormiu comigo e é um pouco dificil de acreditar que o tenhamos feito, uma vez que eu não o iria fazer com ninguém. Pelo menos o tivera prometido que não iria ter qualquer tipo de relação com ninguém, do sexo masculino. Oh, Calum excedeu os meus limites todos.

- Fala com os rapazes. - Percorro o corpo dele, queimando o meu olhar na sua pele.

Cada centímetro que aprecio desvenda um pouco dele. Um pouco de nós. A minha vontade é esticar a mão e deixa-la deslizar pelo seu tronco. Tocar-lhe como se não existisse amanhã. Ele tinha mais tatuagens e a minha vontade era tocar nelas porque para mim isto era uma perdição. Gostaria de me aventurar e desvendar cada significado delas.

- Será que eles vão aceitar? - Questionou.

- Tenho a certeza que sim. Eles sentem a tua falta. - Sorri-lhe e levei a minha mão ao seu rosto, onde acariciei as suas bochechas. Merda. Não devia ter feito isso. - Sim, e amanhã não temos aulas. - Continuei, retirando a mão da sua cara rapidamente, como se fosse um reflexo, envergonhada com o meu ato. - Mas temos um teste para a semana. Devias de estudar também. Vê se usas o fim de semana para isso, Calum.

- Oh, estás envergonhada por me tocares, Faith Miller. - Piscou-me o olho tentando ser sensual e aproximou-se de mim a passos pequenos, quase que a prender-me entre a porta do armário e o seu corpo. - Mal sabes a maneira como dormiste agarrada a mim. - Sussurrou.

- Shiu, shiu, shiu. - Disse. - O que é que estás para ai a dizer? Oh, não sejas parvo Calum! - Revirei os olhos e fingindo não estar perturbada com a acusação que este individuo fez, respondi-lhe com um: - Tu roncas alto como tudo!

Ele sorriu despreocupadamente. Já eu voltei as costas para si, como sempre lhe faço quando estou no minimo revoltada.

Sou surpreendida pelo toque do telemóvel que invade o espaço em que nos encontramos.

PAPER SOULS • CALUM HOODOnde histórias criam vida. Descubra agora