Faith
- Gostei muito da noite de hoje. - Diz-me Tyler, após ter parado o seu carro em frente à porta de minha casa.
A noite de hoje... Bem, a noite de hoje foi fantástica, porque era ele que estava lá comigo. Era ele e por momentos quase que posso dizer que não me importei com o nosso passado e as desavenças deste. Ainda que sob os olhares sobrecarregados de Calum, a noite correu de uma maneira espetáculos. E, exatamente, correu. Depressa demais.
- Eu também. - Coro um pouco, brincando com a bainha do meu vestido.
- Gostaria muito de repetir, um dia qualquer, quando voltares a Melbourne. - Tyler disse, mexendo-se no banco, arranjando uma melhor posição para estar, aproximando-se de mim. - Sabes, eu tinha saudades tuas. - Tomou o meu rosto nas suas mãos e com os polegares acariciou as minhas faces.
- Tinhas? - Questionei. Ao ouvir aquilo foi quase como se o meu coração parasse de bater. Apenas senti os nervos e as borboletas outra vez.
Ele assentiu. Lentamente Tyler ficava mais próximo de mim. Era constrangedor. Perturbador.
Estávamos tão perto que eu sentia o hálito dele, o cheiro dele, o respirar dele.
Num piscar de olhos, literalmente, Tyler já me beijava. Os labios dele tocavam nos meus tão suavemente que eu podia jurar que aquilo foi dado com amor. As nossas línguas acariciaram-se como se aquilo fosse uma prenda de anjos. Oh, depois de tanto tempo isto está a acontecer.
Movimento-me também eu no banco. Agarro-me a ele. Quero ir para o colo dele. Mas aí, quando o meu desejo se sobrepõe à minha voz, eu paro. Paro e penso que isto deve acabar. Ele tem namorada.
- Isto foi um erro. - Clareio a voz ao dize-lo. - Não quero ser uma réplica da Carly, embora que depois de tudo a Carly mereça ser uma réplica da Hanna, porque foi com ela que traiste a Hanna. Eu não quero ser uma Carly. Eu não me quero envolver contigo.
- Oh. - Tyler ri ironicamente e maliciosamente. - Terei de te lembrar que me ajudaste a trair um pouco das duas quando me fizeste... Um broche?
- PÁRA! - Grito estridentemente. - Eu estava apaixonada por ti! Eu não sabia o que estava a fazer.
- Espera, espera, espera! - Ele sobrepõe-se à minha voz. - "Estavas" apaixonada por mim?
- Sim. Eu estava. - Assinto, respondendo com arrogância.
- Já não estás? - Interroga, também ele, arrogante. Eu hesito. Eu ainda estou apaixonada por ele. Maior parte das vezes. - Ultrapassaste-me rápido.
Interrompida por mim própria, mergulhei num dito poço bem profundo e por segundos deixei-me lá ficar. O que ele dissera foi... Foi forte. Quem me dera a mim tê-lo ultrapassado.
- Adeus. - Digo, sem hesitar, por incrível que pareça. Ainda que Tyler me tenha tentado manter dentro do carro eu fiz mais força. Eu sai. Fiquei com os dedos dele marcados no meu corpo, nos meus braço, mas eu vim embora.
[...]
Já passaram uns três dias. Hoje é quinta-feira. Novamente Calum e eu vemo-nos naquele regime do "olha que não olha". Observamo-nos pelo canto do olho e quando nos vemos a olhar um para o outro devíamos o olhar. Coisa de miúdos, muitos dizem.
A namorada dele já voltou à escola. Basicamente ela só faz fitas e cada vez que olha para mim fá-lo com uma expressão gloriosa como se tivesse ganho algo de extraordinário.
As noites tem sido passadas em claro sem entender o porquê. Os dias passam devagar. Para não bastar eu pareço permanecer sem ar. Sem alma. Não ousei contar a Ariel o que se havia passado naquela noite. Não lhe contei do beijo ou do que Tyler pode ter dito. Aquele foi o ponto final de uma história já acabada. Foi a desistência que eu não dar; foi o caminho que evitei durante este tempo todo. Acabou. E, eu sei que estou a dizer isto com todo o meu coração, pois as noites mal dormidas não são por ele. São por Calum.
VOCÊ ESTÁ LENDO
PAPER SOULS • CALUM HOOD
FanfictionFaith e Calum. Adolescentes com passados com arestas para limar. "Ele só queria ser meu amigo, mas eu escolhi amá-lo." Plágio é crime Copyright © 2015 All Rights Reserved by Joana Nunes