Calum
Por todos estes meses intensos que eu passei ao lado dela, estou grato. Quem diz que não é preciso amor para ser feliz está enganado. Eu precisava de amor. Eu precisava dela.
Faith foi a melhor coisa que me podia ter acontecido.Eu sei que isto lhe está a cortar o coração. Eu poderia virar mil mundos para mudar isto e apagar a dor no seu coraçãozinho. Mas isto também é algo que eu quero. São duas coisas que eu quero em simultâneo. E eu vou arranjar forma de as conjugar e coordenar.
Eu sei que fui o único namorado dela e também sei das desilusões por falta de um que ela já sofrera. Estes olhos verdes garantem-me que não há só felicidade atrás dele, ainda que de muito eu tente. A infelicidade e a tristeza não vem de agora. Os olhos dela sempre foram assim. Para ela vai sempre haver algo que a atormentara.
Agora talvez seja a minha partida, amanhã talvez volte o Tyler ou os problemas com a mãe. Quem me irá dizer ao certo quem é? Ninguém.Faith acaricia o meu tronco enquanto lhe conto a história de como andei a correr seminu pela escola. Sei que já lhe contei isto, mas ela adora ouvir. O sorriso que ela abriga na cara sempre que eu conto uma destas histórias é calmante, relaxante. Ela, sem saber que o faz, muda uma pessoa com o seu espírito. Claro que todos vão pensar que ela é perfeita se eu for falar de ela para alguém, porque para mim ela é.
Mas não. Faith, tal como todos, tem os seus defeitos. Ela é orgulhosa. Deixou de falar com o pai por alguns tempos e mesmo que aquilo a estivesse a corroer Faith não ousou pisar a linha. Esperou por ele.
Ela é teimosa também. Sabe o que quer e tenta ter, nem que seja à base da teimosia. Ela tem o vício de afastar quem a ama e eu devo ter sido o único que continuou a fazer força para estar na vida dela, por muito que ela me tentasse afastar.Porém ela é a magia. O seu espírito de jovem, tal como a sua idade a permite, é fabuloso. Eu não poderia ter pedido alguém melhor na minha vida que me alegrasse em todos os momentos. Mas é como dizem. Nada é para sempre. Um dia o sorriso vai-se apagar, o orgulho vai ficar ainda maior, os seus medos também. Ela não tem confiança. Poderá ficar ainda pior?
Eu amo-a como eu nunca conseguiu amar ninguém. É como se estivesse no limite e nada me conseguisse fazer acreditar que poderia haver mais do que isto.
A maneira como ela me beija. O toque dela meio hesitante. Ela é tão calma e exuberante. Ela é como uma chuva de inverno. Ela é como um conjunto de todas as estações do ano. A Faith tem as suas fases. Bem, eu não me importaria de estar em todas elas até ao fim dos meus dias.
Nestes três meses eu acompanhei-a em alegrias e tristezas. Vi-a chorar por um homem que não a merecia. Vi-a com ele também. Nestes três meses vi o sorriso de felicidade dela com pequenas coisas, detalhes.
Quando a vi carregar nos braços tão docemente a sua prima bebê, reconheci o seu instinto maternal e o quão boa mãe ela será. Só pedia a Deus que ela fosse a mãe dos meus filhos e que juntos tivesses uma família. Mas somos tão novos para isso. Sou tão novo para pensar numa coisa dessas. Tenho uma vida, um futuro. Ambos temos. E se o agora nos afastar, o futuro vai-nos juntar. Tenho fé nisso, tenho fé nela.
Não me importaria de perder tudo por ela. Não me importaria de perder o mundo da música por ela, nem que daqui a uns anos as paredes onde estivéssemos fossem invadidas por discussões. Não me importaria de nada, porém ela faria isso por mim. Ela não me iria permitir que eu cometesse o que para ela é um erro, porque por muito que ela diga que o faz, o amor ainda não está crente na sua cabeça. Ela ainda tem medo de amar e na sua mente Faith pensa está certa porque eu fui em vão. Eu vou embora amanhã e estes são os nossos últimos momentos. Será que para ela isto foi amor? Será que para ela os detalhes foram amor?
Eu não estou a ir, nem vou. Eu não lhe quero dizer adeus.
Há sempre uma solução, certo? Há sempre dois caminhos que nós podemos escolher, não é? Eu posso escolher não dizer adeus? Eu posso escolher ficar com ela porque, espero que ela se lembre, que nós vamos estar sempre por baixo do mesmo céu.
Ela é tão pura, ela é tão minha. Como é suposto me sentir depois de todas as palavras trocadas, todos os carinhos e os mais pequenos sorrisos?
Eu não era nada até a conhecer. A minha alma era de papel. Cortada por todos, apagada. Mas então eu conhecia. Ela era igual a mim. A sua alma era tão vulnerável, os seus sentimentos tão fortes. Faith tem a vertente de poder ser como uma criança. Ela ama tudo o que vê. Ela tem a capacidade disso. Ela explica os seus sentimentos de uma forma inexplicável. Deus, ela só pode ter um dom.
Ela fez-me apaixonar pelos seus olhos como se eles fossem o mar. Eles são o mar de tão profundos. Os segredos mais obscuros estão mergulhados neles.
Faith é mais do que aquilo que eu poderia ter pedido. Ela entrou na minha vida, conheceu os meus amigos, ela ficou no nosso grupo. Foi a única que não os contestou, ou julgou. Ela era como eles. Todos nós temos perfurações de balas nas nossas almas, mas o que nenhuma das poucas raparigas que esteve comigo entendera isso.
Ela é inacreditável. Ela é tudo o que alguém poderia querer. Muitos para usar, e poucos para amar. Mas, oh, ela é só minha. E eu não a quero partilhar com ninguém.
Isto não é o fim, isto é o nosso começo. O nosso longo começo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
PAPER SOULS • CALUM HOOD
FanficFaith e Calum. Adolescentes com passados com arestas para limar. "Ele só queria ser meu amigo, mas eu escolhi amá-lo." Plágio é crime Copyright © 2015 All Rights Reserved by Joana Nunes