"Tu és tão sonhadora, Faith."
Mesmo que eu queira afastar isto do meu pensamento, estas palavras bombeiam em mim como se de sangue a espalhar-se pelo corpo se tratassem. Sonhadora. Deitada na relva ligeiramente molhada, fecho os olhos e deixo a voz da minha mãe aproximar-se e aterrorizar-me com coisas que ouço diariamente.
Então, o que seria de nós se não sonhássemos? Mesmo depois de tudo o que passei e das teorias que segui; do tempo que refleti sobre o que deveria seguir ou não; mesmo depois de estar aqui e não estar, continuo a acreditar que os sonhos são bons para o nosso futuro. As nossas crenças viram lutas infernais e isso é bom. O facto de nós acreditarmos em algo é bom porque o que seria de nós se não acreditássemos? Onde estaríamos? Pergunto-o às folhas que abanam com a ligeira brisa que paira por aqui, pergunto-o às nuvens, e pondero perguntar realmente a Calum que me encara com felicidade. Não, eu não lhe vou perguntar nada.Este lugar tornou-se tão relaxante, mas eu não tenho a certeza se assim viria a ser se Calum não estivesse aqui. Não tenho a certeza se eu o conseguiria apreciar da forma que estou a fazer com ele aqui.
A felicidade de ambos enquanto percorríamos por este campo florido era notória. Parecíamos entrelaçar-nos completamente bem neste lugar, nesta calma, neste sitio. Parecia perfeito para nós e para as nossas almas.
São quase três horas da tarde e nós ainda nem almoçamos. E eu nem fome tenho.
- Calum, tu não devias ter faltado às aulas por minha causa. - Pus a mão na consciência, lembrando-me daquilo que ele havia feito.
- Mais uma falta. Menos uma falta. Não vão ser as últimas. - Sorriu, transmitindo-me segurança e despreocupação. - Vamos, finalmente, almoçar? - Perguntou.
- Não tenho muita fome, mas... - Foi-me impossível continuar a falar, pois este interrompeu-me.
- Há uma pizzaria fantástica no shopping perto de minha casa! - Gritou, invadindo-me os ouvidos.
- Oh! Tenho muita fome. - Adoro pizza. Mesmo.
Arrancou o carro numa velocidade que me meteu medo, mas quando habituada a sentir aquele vento intenso na cara, devido a todas as janelas estarem abertas, descontrai e estiquei-me no banco. Já nem queria saber a que velocidade ele ia, ou onde isto nos poderia levar. O perigo que isto podia trazer.
- Sabes que podes ser preso por excesso de velocidade, certo? - Recostei-me no banco, procurando uma nova posição, e deitei o braço por fora da janela, deixando-o suspenso a apanhar com aquele ar.
- Oh, minha querida Faith Miller, eu já estou preso desde que nasci. Preso a mim mesmo. - Disse-o com uma gargalhada irónica.
[...]
O meu telemóvel toca e eu nem sequer tenho a percepção que ele o faz, até que Calum me avisa dando-me com o ombro no meu braço e uma olhada para o bolso das minhas calças.
Vejo o ecrã piscar sinalizando o nome "Clarke" e o meu coração sofreu pontadas de ansiedade em querer atender. Assim fiz, sendo os meus ouvidos invadidos pelos gritos de Daisy, Mary e a própria Clarke.
- Olá Faith! Temos saudades tuas! - Disse Mary com uma calma ansiosa.
- Olá meninas! - Comecei automaticamente a chorar. A chorar baixinho e a esconder o meu rosto cheio de lágrimas de Calum. - Quem me dera puder estar com vocês!
No meio do caminho, neste shopping, Calum para em frente a mim, cruzando os braços e colocando uma expressão indignada na cara.
- Posso ligar-vos logo? Talvez pudéssemos falar um pouco no skype. Gostaria de ver-vos. - Pronunciei devagar e em baixo tom, tentando não deixar escapar mais lágrimas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
PAPER SOULS • CALUM HOOD
FanficFaith e Calum. Adolescentes com passados com arestas para limar. "Ele só queria ser meu amigo, mas eu escolhi amá-lo." Plágio é crime Copyright © 2015 All Rights Reserved by Joana Nunes