Faith
Não sei se considero isto como um desgosto ou como uma desilusão. Eu estou tão orgulhosa dele apesar de tudo. Ele merece tanto esta oportunidade, mas eu sei que relações à distância não resultam. Muito menos nas circunstâncias em que iremos ficar e pelas as que passamos.
Como pode ele prometer-me ficar comigo sem me ter por perto, tendo ele todos aqueles desejos sexuais? Um pouco exagerado da minha parte, ou talvez da parte dele. Provavelmente ele iria aprender como lidar com isso por causa da fama, ou então esta iria deixá-lo com os gostos mais aguçados.
Só não podemos prometer um ao outro que algo que está distante vai durar quando tudo foi pouco. Somos adolescentes e não é em três meses que se faz algo para a vida. O que ele sente agora pode ser apagado amanha e não há quem mude isso.
Não há um acorde que me certifique que ele vai ficar comigo para sempre, não há um fio condutor que me ligue a ele quando eu precisar de um abraço. É o mal da distância, até porque as relações não são só faladas. São tocadas, são sentidas. O amor não se faz só com palavras, caso contrário estaríamos todos conformados, não é mesmo? Se tudo fosse à base de palavras do que serviriam os atos e porque é que as pessoas se valem tanto deles quando estão insatisfeitas com algo?
Optamos por ficar por casa. Ver uns filmes, contar histórias um ao outro. Mais tarde estes pequenos detalhes iriam ser recordações. Mais tarde, quando ele se esquecer de mim no meio de tantas mulheres, eu vou-me lembrar dele e da sua risada. Vou-me lembrar de tudo aquilo que ele me disse nas noites em que os meus medos surgiram.
Não me vou poder esquecer do seu toque, ou da forma como ele me envolvia nos seus braços para um abraço que era capaz de me proteger de tudo.
As horas corriam. Cada segundo que passava o meu coração apertava porque estavamos na contagem regressiva para uma despedida sem uma volta confirmada. E se eu nunca mais o ver sem ser em revistas ou na internet? E se a única forma de eu o poder tocar for na tela do meu computador? Isso iria despedaçar-me porque por muito que ele prometa, tudo vai mudar. Aquele não é o mundo em que o Calum atual mora. Ele não pode prometer algo sem ter a noção de como é viver lá. Eu vou perder o meu Calum, eu vou perder tudo.
Se algum dia eu tive algum tipo de duvidas de como alguém se torna algo tão importante para uma pessoa em tão pouco tempo, aqui tenho a resposta. Ele é, sem dúvida, a resposta para as minhas questões.
Calum apareceu inesperadamente, e eu julgava que ele seria mais um daqueles que não se importa com o mundo. Só estudaria para a positiva e para passar de ano, nem que fosse à rasca, ele só queria sair da escola não importava como. Bem, não estou muito longe disso, mas ele não foi bem como eu o pintei.
Eu nunca o pintei como se ele viesse a ser algo em mim. Muito pelo contrário, quando o vi pretendia ignorá-lo, tal como a todos. Pretendia que ele fosse para longe da minha vida e da minha mesa.
Tudo aconteceu ao contrário. Ele entrou na minha vida. Ele tornou-se a minha vida e, oh, ele era à minha frente na mesa da escola. Que ironia. Porém sempre me disseram que as melhores amizades começam da pior maneira. Seremos nós um anagrama de tal?
Calum mudou os meus pensamentos. Cortou os meus medos, afastou os meus vícios, fez com que o meu passado não parecesse tão mau assim. Ele tratou-me bem, como nunca ninguém o fez. Mesmo quando eu estava bêbeda, mesmo quando eu pretendia mergulhar na maior discussão porque estava de ciumes. Porque Calum me fez amá-lo. Até quando eu estava zangada o amava, até agora que estou triste o amo. Em tão pouco tempo eu mergulhei nisso. Mergulhei nele e no amor que ele me transmitiu.
Porém nada me arrasta da ideia, nem o amor dele, que ele não vai ter tempo para mim. Nem para qualquer coisa. Aliás, Londres... aquela cidade magnifica. Ele vai perder-se e eu nem o vou poder ajudar a encontrar-se.
Calum estava agora a contar uma das suas aventuras no inicio do secundário com Michael. Ele já me tinha contado uma noite em que eu estava triste e ele me quis fazer rir, mas eu não me importei de ouvir. Ele tinha um gargalhar tão intenso e bonito. Ele ficava realmente feliz ao contar esta história.
A história onde o Michael roubou a roupa ao Calum depois da aula de educação física e ele teve de ir atrás do Michael pela escola toda a correr de boxers.
Merda, como eu me rio com isto apenas por causa do cenário que crio. É tão engraçado pensar na forma como o Michael o conseguiu deixar agoniado e a correr nu pela escola. Hilariante.
Enquanto ele continua a contar eu estico-me até ele e beijo a sua bochecha. As bochechas que tanto gosto de tocas, tão redondas e sempre rosadas.
Calum era arte. A mais pura arte. Ele era um livro daqueles que todos queriam ler, mas ninguém tem capacidade para o acabar e só eu tenho a habilidade de explorar. Ele era arte. E é o meu tipo de arte favorita.
Se eu pudesse não me iria cansar de lhe dizer "amo-te" todas as noites, ou de lhe dar beijos inesperados como este. Ou até mesmo antes de ele ir dormir ou ao acordar. Eu poderia gastar o meu tempo todo com ele sem me arrepender.
Mas, depois de amanhã nós temos de nos acostumar a viver por nós próprios. Um sem o outro e acabar com as ilusões do mundo, porque nada é para sempre. Aquilo que ele retratava, não é para sempre. E, o para sempre que ele dizia que nós teríamos de escolher já está escolhido.
Este foi o nosso para sempre.
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PAPER SOULS • CALUM HOOD
FanfictionFaith e Calum. Adolescentes com passados com arestas para limar. "Ele só queria ser meu amigo, mas eu escolhi amá-lo." Plágio é crime Copyright © 2015 All Rights Reserved by Joana Nunes