22 - Chamas

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O orvalho da manhã escorria pelas folhas das florestas da montanha que cercava o refúgio de Saori.

Alice já estava de pé. Esquentando água e preparando um chá com o bolo já pronto que cheirava bem demais em uma mesa posta.

— Bom dia.

— Bom dia, Shun. — disse Alice. — Como quer seu chá? — perguntou ela, docemente.

— De qualquer jeito está ótimo. — respondeu ele, sentando-se à mesa.

Imediatamente, cruzou os pensamentos de Alice que Shun viveu o pior que poderia viver em seus duros anos de treinamento; de qualquer jeito o chá realmente estaria ótimo. Sentiu-se mal em seu íntimo, mas escondeu-se no preparo da infusão.

Era o dia seguinte à partida de Seiya para a Rússia, bem como de Shiryu à China. Shun preocupava-se com seus amigos e não conseguia deixar de pensar também em sua irmã, que morrera tão próximo dali.

— Tenho certeza que o Seiya vai ficar bem. — disse Alice, sentando-se à mesa com ele.

Uma jovem garota confortando uma criança mais nova. Era o que era a cena naquela cozinha aconchegante. O rosto de menino calmo, mas de olhos cansados; a garota mais severa e atenta.

— Eu sei. Ele sempre dá um jeito de ficar. — comentou Shun.

Alice não comentou de volta e seu olhar perdeu-se no lago além da sacada.

— Você sempre esteve ao lado da Armadura de Ouro, não é mesmo, Alice? — perguntou Shun.

Ela olhou para ele, os olhos decididos dela encontraram o cansaço de um garoto tentando compreender a dureza à sua volta.

— Sim. — limitou-se ela a dizer, desviando novamente o olhar.

— E ao lado de Saori. — comentou ele olhando para ela. Sua reação veio rápida e ela olhou para ele como se flagrada de um crime.

— Nós nos conhecemos desde muito pequenas. — disse Alice tomando um gole de seu chá.

Shun pareceu confuso.

— Eu não me lembro de você.

— Eu cheguei um pouco antes que a turma de vocês. — disse Alice.

— Como ela não teve treinamento, eu imagino que você queira estar por perto para protegê-la.

Alice não respondeu e apenas assentiu com a cabeça.

— A Shiryu disse que ela lutou bem nas Cavernas.

— Ela acha que pode fazer tudo.

Shun sorriu do comentário sincero que Alice parecia ter deixado escapar.

— Eu lembro muito pouco dela quando era criança. — comentou Shun.

— É porque vocês todos me odiavam. — disse Saori, aparecendo de pijama na soleira do corredor.

Alice levantou-se e pegou uma caneca para a amiga.

— Eu ouvi você falando que eu acho que sei tudo, viu. — comentou ela.

— E você acha mesmo. — disse Alice e Saori pegou a caneca da mão dela.

— Colocar um chá eu sei.

— Nem sempre. — comentou Alice.

— Ai, você sempre lembra daquela vez. Foi só uma vez, Mii.

Shun viu como Alice escondeu o riso na caneca, fingindo beber.

Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de SeiyaOnde histórias criam vida. Descubra agora