Enquanto a chama da Casa de Escorpião se extinguia no Relógio de Fogo, Hyoga abriu os olhos e limpou as lágrimas que lhe escorriam do rosto, mas então percebeu que não chorava. Era seu corpo inteiro sentado à luz do sol que estava molhado, seus cabelos colados ao rosto e uma poça de água ao seu redor. Ao seu lado, estava o corpo desacordado de Shun.
Sua memória então o fez lembrar dos motivos pelos quais tinha o peito tão pesado de tristeza, pois havia sido trancado em um esquife de gelo eterno por seu próprio Mestre amado. Não compreendia o que Shun fazia ao seu lado desacordado, mas ao colocar a mão no amigo para que pudesse melhor ver o seu rosto, sentiu percorrer dentro de si um estalo que lhe trouxe uma forte memória.
O abraço terno de Shun. O Cosmo quente de Andrômeda.
— Hyoga, você está bem? — perguntou Shun, abrindo os olhos com dificuldades.
— O que aconteceu, Shun?
— Conseguimos tirá-lo do esquife de gelo, mas seu corpo estava quase congelado.
— O que você fez? Não me diga que sacrificou seu Cosmo por mim?
— Faria o mesmo por todos os meus amigos.
— Ah, Shun...
Hyoga levantou o amigo e abraçou-o enquanto lágrimas finalmente desciam-lhe de seus olhos.
— Não pude ser forte para enfrentar o meu Mestre e meus sentimentos, atrasei a todos vocês colocando a vida de Atena em risco e ainda dependi do seu Cosmo incandescente para que eu pudesse ter uma segunda chance.
Mas Shun estava outra vez desmaiado e Hyoga percebeu que as lágrimas em seus olhos eram exatamente o motivo pelo qual ele estava fora de combate. Levantou-se e limpou-as com raiva; podia ficar ali lamentando, mas percebeu que a melhor maneira de seguir adiante era marchar pelas escadarias para o próximo templo e se redimir com seus amigos. Tomou o corpo de Shun nos braços e seguiu.
Por toda a subida, Hyoga sentiu-se fraco, mas a cada passo decidiu que seria mais forte. Por Shun em seus braços e por seus amigos que já lutavam na Casa de Escorpião, ele tinha certeza, pois era claro que, a cada passo que dava, uma terrível batalha era travada no templo adiante.
Assim que chegou, logo sentiu os Cosmos de Seiya e de Shiryu sofrerem uma drástica interrupção em seus universos, como se atingidos terrivelmente. Ele não perdeu mais tempo e entrou no templo de uma vez para ver uma figura com uma Armadura de Ouro prestes a desferir o que parecia ser o golpe final nos corpos de seus amigos, que estavam conscientes, mas à mercê de seu oponente.
Tanto Seiya como Shiryu viram, pois estavam muito próximos do Cavaleiro de Ouro, que ele hesitou em dar cabo de suas vidas e tornou sua atenção para a entrada do templo. Os dois olharam por sobre os ombros e viram como Hyoga de Cisne caminhava templo adentro com seu Cosmo gélido queimando. O corpo de Shun no colo.
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Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya
FanfictionReimaginação da história de Seiya de Pégaso, escrito e narrado com alterações na história. Arte da Capa: Tiago Fernandes (@tfernandes)