88 - O Tesouro dos Tesouros

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"Diário de bordo, dia quarenta de viagem. O Galeão de Atena acaba de adentrar o Mar do Caribe. As águas estão mais revoltosas do que quando as deixei. Recomendei atenção para todos os postos. A Carta Náutica tem se revelado precisa, portanto não há motivo para duvidarmos dela agora. Isso significa que a Relíquia do Mar está em Tortuga. Isso significa que teremos problemas."

O Galeão de Atena deixou a foz do Rio Amazonas e rumou para o norte do Atlântico onde entrou no maravilhoso mar caribenho. A Capitã Geist conhecia muito bem as correntezas daquele oceano, de modo que rapidamente ganharam o tempo que haviam perdido ancorados no Rio Negro. O Mar do Caribe era cheio de mistérios em águas tumultuadas e recheado de histórias e lendas.

Mas a Capitã em exercício daquele Galeão de Atena conhecia todas elas; primeiro por ser uma ávida leitora das histórias e lendas antigas, como também por ter sido banida do Santuário exatamente por seu envolvimento suspeito com as forças do Caribe, sendo exilada pouco tempo depois de sua graduação como Cavaleira de Prata.

— Todos à postos! — gritou ela para sua tripulação, surgindo no tombadilho. — June, preciso que a enfermaria esteja preparada.

— Problemas, Capitã? — perguntou ela.

— Sim. — confirmou ela, parando diante do corrimão do tombadilho olhando para o oceano adiante. — As histórias do Caribe talvez sejam histórias, mas seus tesouros são verdadeiros.

— O que isso quer dizer? — perguntou a nova imediata, mas a Capitã seguiu adiante com June em seu encalço.

Ela desceu ao convés e sinalizou para que Lunara deixasse o cesto de gávea para juntar-se à ela no castelo de proa; ali podiam ver a imensidão do mar do Caribe chacoalhando o Galeão de Atena de lá pra cá.

— Tenente Lunara, quero que fique no tombadilho controlando as velas. Navegaremos juntas, eu e você.

— Sim, senhora Capitã!

— Seiya, recolha as Armaduras Sagradas. — disse a Capitã, entregando seu próprio pingente de prata para o garoto que estava no leme. — Esconda-as na câmara de Oricalco.

June não deixava seu lado de modo algum.

— Devemos nos preparar para a batalha. — falou Geist com o tom muito grave.

Lunara olhou assustada para June, mas a Capitã Geist as deixou ali com a surpresa estampada no rosto; Seiya ficou olhando para o pingente de prata sem compreender muito bem aquela ordem, mas escolheu acatá-la sem argumentar. Geist então olhou para toda sua tripulação e sua voz soou altiva e poderosa para que todos pudessem ouví-la. Mesmo o turno da noite agora estava no convés, alertado pela imediata June.

— Galeão de Atena! Iremos voar este navio até a Ilha de Tortuga e então mergulharemos no oceano, onde seremos atacados na boca da caverna para o coração do Caribe. Um local dominado por corsários que nos receberão com seus canhões apontados para nossa proa. Não temos poder de fogo para rivalizar com eles, mas temos velocidade para alcançar a boca da caverna e nos entregarmos ao Templo de Kalinago.

— Nos entregar? — perguntou Seiya, confuso e com o pingente de prata em mãos.

— Esta não é uma missão de conquista. Confiem em mim. Eu sei o que fazer.

Falou ela, de forma misteriosa.

E foi exatamente assim que se deu, pois ninguém ousou desobedecer ela que, sem dúvidas, era uma conhecida navegante daqueles mares.

O Galeão de Atena ascendeu aos céus naquele ponto com Geist habilidosamente no leme procurando as maiores formações nubígenas para esconderem-se enquanto venciam as léguas marítimas pelo ar. Quando assomou-se no horizonte e na superfície da água a temida Ilha de Tortuga que Geist conhecia tão bem, ela ordenou que todos se colocassem em posição e apontou a proa para a água, descendo vertiginosamente em um mergulho impossível.

Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de SeiyaOnde histórias criam vida. Descubra agora