A Casa de Leão, de fachada tão opulenta quanto imponente com sua dupla de leões maravilhosamente esculpidos guardando sua entrada, sofria um processo de destruição incomum e incompatível com sua bonita entrada. Já havia espalhadas pelo chão castigado e acidentado diversas colunas tombadas, seções de lajes quebradas e trechos de pedra em um rastro de destruição. O templo era muito bem iluminado por muitos e grandes archotes de fogos pendurados nas colunas que ainda permaneciam de pé.
O responsável por aquele descaso com a estrutura do templo não era outro senão seu próprio dono: Aioria, o Cavaleiro de Ouro de Leão.
Sua vítima rastejava pelo chão acidentado e manchado de seu próprio sangue; apoiando-se em uma coluna destruída e caída à sua frente, ele finalmente conseguiu colocar-se novamente de pé. Aioria não lhe poupava de seu terrível poder e, não fosse aquela Armadura de Bronze restaurada por Mu de Áries, talvez o garoto estivesse morto há muito.
— Você não sabe desistir.
A voz de Aioria era grave e terrível.
Seiya levantou os olhos, limpou o sangue que teimava em escorrer por seu rosto e respirou fundo como podia. À sua frente, a figura imponente de Aioria tinha sua capa branca delicadamente colocada por cima de seu ombro esquerdo, de maneira que sua figura era ao mesmo tempo elegante e terrível.
Logo ele, que Seiya lembrava-se bem de ter jurado lealdade à Atena ao ver-se chocado com o cosmo da Armadura de Sagitário, a Armadura de seu irmão. O Cavaleiro de Bronze chegou à Casa de Leão com o espírito renovado, crente de que ali teria um poderoso aliado naquela corrida contra o tempo. Mas a fúria com que seguidamente foi atingido pelo cosmo dourado de Aioria imediatamente quando chegou diante do Cavaleiro de Ouro só não foi mais violenta do que a destruição da expectativa leve e esperançosa que carregava consigo.
— O que aconteceu, Aioria? — perguntou Seiya, colocando em poucas palavras uma imensa angústia que tinha ainda no peito.
Aioria calou-se, de olhos fechados.
— Você viu a Armadura de Sagitário acordá-lo das mentiras que vivia, por que está me atacando dessa forma? Você está parecendo outra pessoa. O que aconteceu com você, Aioria? Por favor, me diga!
Nada disse novamente e aquela era, na verdade, a primeira vez que Seiya parecia ter qualquer oportunidade de tentar falar a ele.
— A senhorita Saori está inconsciente na Casa de Áries, atravessada por uma Flecha de Ouro! Ela precisa da nossa ajuda!
Mas o homem parecia distante, como se houvesse apagado de repente.
— O Camerlengo é a única pessoa que pode retirar a flecha e isso tem que ser feito antes que as chamas do relógio se apaguem, caso contrário a Atena vai morrer. Você entende isso, Aioria? Atena vai morrer!
— Atena vai morrer? — perguntou Aioria finalmente abrindo os olhos, sobressaltado.
De olhos abertos, Seiya viu de mais perto que Aioria tinha uma expressão obcecada, seus olhos pareciam vidrados e a cor de suas íris muito menores. Ele levou imediatamente as mãos à cabeça, como se tentasse conter dentro de sua mente qualquer monstro que lhe tentava abrir o crânio. Tremia com o esforço para afastar aquelas dores terríveis.
Seiya já havia visto aquilo antes e tentou chamá-lo à razão.
— É por isso que precisamos chegar ao Camerlengo de qualquer maneira, você precisa me ajudar!
Aioria então fechou os olhos, como se para evitar que escorresse por seus olhos o que lhe causava aquela enorme dor, trancando dentro de si e controlando o que fazia machucar a sua mente.
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Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya
FanficReimaginação da história de Seiya de Pégaso, escrito e narrado com alterações na história. Arte da Capa: Tiago Fernandes (@tfernandes)