A tarde na Ilha da Rainha da Morte era de um calor escaldante terrível; engana-se quem pensa que é por culpa do sol, pois na verdade o próprio chão é morno e por vezes incandescente graças à lava ativa de um vulcão que levanta-se na montanha mais alta daquela ilha. O sol frequentemente estava escondido atrás das nuvens de fumaça que a boca do vulcão soprava para o céu.
Debaixo da fuligem e encostada a um monturo de antigas armaduras despedaçadas, uma criança está empolgadíssima com uma boneca na mão; uma boneca feita dos restos dos metais daquele lugar, toscamente na figura de uma menina. Um outro boneco igualmente tosco estava deitado no chão.
— E é isso o que você ganha por desafiar a mais poderosa da região. Isso mesmo, eu sou Lunara, a rainha da ilha da rainha da morte. Blergh! — falava ela, como se dublasse a voz da boneca que tinha nas mãos.
E então chocava os dois bonecos de metal, fazendo mil barulhos com a boca simulando a mais divina das batalhas com suas bonecas feitas de pedaços quebrados do metal escuro daquele entulho.
— O que acha de criar algumas dessas de verdade? — falou uma voz, interrompendo sua brincadeira.
Quando a menina levantou os olhos, viu em cima de um monte de entulho metálico a figura de uma garota usando roupas toscas como as dela. Mas então era alguém que ela já conhecia, pois era a guerreira mais famosa da região.
— Ai, você é a Ikki, né? — falou a pequena Lunara. — Fique sabendo que você deu sorte, que se você não conseguisse a Armadura, eu ia conseguir ela daqui uns anos, pode apostar.
— Sorte a sua que eu consegui. — falou Ikki, descendo até Lunara. — E então, acha que consegue criar armaduras como essas que você fez para suas bonecas, mas para mim, do meu tamanho, como a de Fênix?
— Ai, é claro que sim, mas eu não sou Cavaleira Negra. Vai lá falar com eles.
— Eles já aceitaram se juntar a mim. Mas agora eu preciso que eles se pareçam com nossos inimigos.
— Como se fosse uma modificação? — perguntou Lunara, finalmente interessada.
— Uma melhoria.
Ikki sabia que ali havia ganho a garota, famosíssima na região por não sair daquele lixão metálico, que era para onde iam as sobras das Armaduras criadas toscamente pelos Cavaleiros Negros da Ilha da Rainha da Morte. Lunara era da última geração de órfãos a serem enviados pela Fundação Graad ao redor do mundo, antes da morte do velho Kido; e, talvez por sua sorte, Ikki havia conquistado a Armadura de Fênix recentemente, poupando-a de um terrível treinamento.
— Disse que os Cavaleiros Negros aceitaram. — adicionou a pequena Lunara. — Eles são legais?
A pergunta desconcertou Ikki, que nem por um segundo refletiu se eram garotos e garotas agradáveis de estarem juntos. Ela não soube muito bem o que responder e sua resposta talvez estivesse mais carregada de rancor do que de verdade.
— São órfãos como nós.
Lunara ficou pensativa e voltou a olhar para seus bonequinhos de metal.
— Vou fazer parte de um grupo, então?
— Do melhor grupo. — provocou Ikki, com um leve sorriso no rosto.
E isso fez o rostinho da pequena se iluminar. Ela estava dentro.
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Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya
FanfictionReimaginação da história de Seiya de Pégaso, escrito e narrado com alterações na história. Arte da Capa: Tiago Fernandes (@tfernandes)