— Shun!?
A Cavaleira de Fênix despertou e viu-se coberta de neve, a cabeça dolorida e o braço direito parcialmente congelado; ela lembrava-se de sair da caverna de Hagen com a Safira de Odin e então ser surpreendida por um Cosmo incrivelmente forte na parte de fora. Ela olhou para os lados, mas não viu mais ninguém; por quanto tempo esteve desacordada, afinal de contas? Ikki colocou-se de pé e olhou adiante onde podia sentir, ainda que muito sutil e brevemente, o cosmo de seu irmão brilhando.
— Shun está lutando. — adivinhou ela, sozinha.
Não encontrou em lugar algum a Safira que havia conquistado, mas então tinha a mais absoluta certeza de que a pessoa que a havia atacado claramente também havia tomado a pedra preciosa. Distante no horizonte assomava-se o grande Colosso de Odin, velando o castelo que era o Palácio Valhalla abaixo dele. Ainda haviam as pegadas no chão de quem a havia derrubado na neve e Ikki viu como tomava uma direção clara até onde algumas árvores pareciam começar a aparecer já dentro da área fortificada de Valhalla.
— O que pretende fazer, Hyoga? — perguntou-se ela, pois sem dúvidas havia sido o Cavaleiro de Cisne que a havia derrubado na neve.
Seu gelo era um Cosmo que Ikki jamais se esqueceria, embora tivesse clareza de que o rapaz não usava sua bonita Armadura de Cisne, mas uma proteção carmesim curiosa que ela foi capaz apenas de ver de relance antes de ser nocauteada. Mas Ikki lembrava-se bem do relato de Shiryu à entrada de Asgard; Hyoga estava mudado.
— Inferno de moleque. Deu sorte que Hagen quase me derreteu inteira naquela caverna. Ela vai ver!
Mas então assim que colocou-se na direção das pegadas, sentiu o Cosmo de Shun estalar no horizonte e hesitou por um momento, dividida entre seguir aquela trilha ou ir onde o Cosmo de seu irmão brilhava. Ela fechou os olhos e escolheu confiar em Shun, pois embora ele fosse um garoto doce e pacífico, Ikki sabia perfeitamente do que ele era capaz e sabia como ninguém se defender.
O que Fênix não sabia era que naquele momento, seu irmão não precisava de alguém que o defendesse ou que o ajudasse a vencer o inimigo, mas alguém que pudesse dizer-lhe porque motivo eles lutavam tanto. Disso ela não sabia e acabou partindo para seguir a trilha que Hyoga havia deixado na neve.
Shun soluçava e Mime escutou sua voz balbuciar um nome contra o frio: Ikki.
— Shun de Andrômeda. — falou Mime com seriedade acima dele. — Acho que você só poderá parar de lutar quando já estiver morto.
E assim estendeu o arco do violino acima da cabeça de Shun, como se pronto para dar um golpe de misericórdia. E a tristeza que os olhos de Mime não conseguiam esconder de fato tinha raízes em perdas profundas, de modo que aquele sofrimento todo que ajoelhava-se à sua frente parecia a ele um espelho do passado em que via-se tão claramente no garoto tão jovem. Mas aquele garoto à sua frente, que parecia tremer de tristeza, na verdade ardeu um Cosmo tão poderoso que fez o Guerreiro Deus hesitar por um instante.
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Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya
Hayran KurguReimaginação da história de Seiya de Pégaso, escrito e narrado com alterações na história. Arte da Capa: Tiago Fernandes (@tfernandes)