66 - As Doze Horas de Saori

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As batidas de um coração.

O seu coração.

A luz do sol vespertino misturam-se às formas. Sua visão começa a se embaçar. Sua audição lentamente diminui, mas ainda pode ouvir seu nome no ar.

Saori. Saori.

Uma voz a lhe chamar.

Saori.

Seus olhos procuram pela dona daquela voz, mas eles já não podem discernir entre as muitas figuras que agora a rodeavam, embora houvesse alguém dentre todas elas que parecia brilhar.

Uma dor lancinante no peito, no entanto, apaga sua mente enfim.

A escuridão e o silêncio são trocados por risadinhas e brincadeiras. Seus olhos parecem funcionar novamente e então pode ver rostos desconhecidos, mas contentes. Mulheres que brincam com seus pézinhos e cabelinhos tortos. Uma delas balança lentamente seu berço, enquanto une sua bonita voz em uma cantoria divertida e agradável aos seus jovens ouvidos.

Seus olhos novamente se fecharam, mas agora porque sentia-se tão confortável que dormiria ninada por aquelas quatro mães. Suas vozes se afastaram até se tornarem música abafada.

Afundada entre a realidade e o sonho, seus ouvidos ouviram gritos ao longe que poderiam ser o prenúncio de um pesadelo infantil. Mas os gritos cessaram e seu sonho foi interrompido por uma figura que lhe invadiu o descanso. Seus pequenos olhos se abriram e viram um homem de vestes escuras, com um curioso elmo dourado na cabeça. A ponta de uma lâmina parecia um divertido móbile para brincar.

Somente quando a ação assassina do homem desceu a adaga com força no berço que quis chorar, como se pudesse pressentir sua maléfica intenção. Salva por um rapaz que invadira o quarto e deteve a lâmina.

Deteve o homem de preto.

E em seus braços foi levada daquela ameaça.

Um rapaz de cosmo quente, reconfortante e corajoso, cujo coração vacilou quando precisou enfrentar outro jovem guerreiro diante dele. Viu como o rapaz de cosmo quente pregou aquele jovem ao chão usando uma Flecha de Ouro.

A Flecha de Ouro que lhe machucava o peito.

Olhou para a luz daquela flecha dourada no chão e viu o rosto de outro menino, também muito ferido, mas tão corajoso quanto.

— Vá, Seiya, eu estou te esperando.

O garoto partiu. O corajoso rapaz também. Seus olhos ficaram ali pregados naquela Flecha de Ouro até que a seta se enterrasse no piso de pedra, desaparecendo e levando consigo todo o Santuário ao redor.

Do alto da montanha em que estava, podia ver muito lá embaixo uma região desolada iluminada por fogos-fátuos que brotavam de fendas nas rochas. Um céu cinzento metamorfoseando as luzes distantes e avermelhadas. Seu corpo muito fraco desceu um caminho tortuoso para tomar seu lugar em uma fila interminável que a atraía terrivelmente.

Atrás encostou alguém.

Alguém que poderia reconhecer se tivesse ainda capacidade de pensar.

Caminhou.

Aquele era o Limiar do Submundo, o caminho que levava ao Hades.

Mas vinha alguém à distância que parecia reconhecê-la naquela fila interminável de almas.

Uma garota muito suja com os cabelos presos em dois pequenos coques nas laterais da cabeça. Ela tentava a todo custo lhe retirar da fila, bem como a pessoa ao seu lado, suas duas amigas. Puxava seus corpos, mas assim que saíam, as duas retornavam para a fila, impelidas a fazer parte daquela marcha fúnebre.

Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de SeiyaOnde histórias criam vida. Descubra agora