38 - A Força do Ódio

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O pior lugar que existia.

O quarto de hospital.

Quisera ele estar no inferno pois seria melhor, pensava sempre que acordava. E sempre acordava. Seiya, portanto, escolheu ficar aquela noite acordado. Era mais quieto e ele podia ler sua coletânea de quadrinhos favoritas, deixada ali pelo seu amigo Shun.

Shun. Pensava no amigo, refletindo se ele estava bem, mas sabia que estava. O Shun era demais, afinal de contas. No decorrer daqueles dias, recebeu as visitas de sempre. Seu braço continuava engessado e a cabeça ainda enfaixada pela gravidade dos ferimentos que haviam lhe acometido. Mas já estava bem e, em poucos dias, lhe disseram, já poderia tirar o gesso todo rabiscado de mensagens.

O sono o pegou desprevenido na madrugada e ele fechou a coletânea de histórias, colocou em sua escrivaninha do quarto e virou-se para pegar no sono. Tudo apagado.

A porta se abriu, no entanto, jogando dentro do quarto a sombra de uma mulher. Ainda zonzo de sono, Seiya imaginou que fosse uma médica para fazer qualquer coisa com seus exames e pouco se deu por alguém entrando àquela hora.

Mas não era uma médica qualquer. Sequer era uma médica.

Suas garras desceram e Seiya rolou para o lado, jogando-se da cama; seu colchão explodiu com espumas ao ar. E quando elas desapareceram, seus olhos encontraram aquela pintura de guerra odiosa sobre os olhos que ele tão bem conhecia.

— Shaina!? — exclamou. — O que faz aqui, Shaina?

Ela estava ofegante e ele podia ver que a pintura de seus olhos já estava muito borrada, seus olhos semicerrados, cansados e talvez delirantes. Sua Armadura estava rachada e tinha folhas presas nos cabelos desgrenhados.

— Com a derrota dos Cavaleiros de Prata... — falou e sua voz estava rouca e falha. — não posso voltar desse jeito ao Santuário. Vou levar a sua cabeça de volta!

E jogou um vaso de flores que espatifou-se na parede ao lado de Seiya.

— Mas será possível, Shaina? Eu já lhe disse que estamos ao lado de Atena! Abra seus olhos!

— Cale a boca! — falou ela, virando a cama em sua direção; Seiya devolveu uma voadora, jogando a cama de volta na direção de Shaina.

Aproveitando-se do momento em que a garota foi coberta pela cama, pois estava desprevenida, Seiya pulou pela janela aberta em fuga.

O hospital ficava em um lugar afastado da cidade, e aquela janela dava imediatamente para um bosque gostoso que antecedia uma floresta distante. Seiya caiu do terceiro andar para o gramado e dali correu para dentro do bosque iluminado de muitos globos de luz.

— Espere, Seiya! — ouviu gritar atrás de si a voz de Shaina, que entre seu nome e outras coisas, gritava como se houvesse enlouquecido.

Ela saltou de onde estava para uma árvore na frente de Seiya , tomou impulso e voltou nele com uma voadora. Ele facilmente conseguiu desviar.

— Por que está fugindo, Seiya? Lute comigo. Lute comigo!

— Não vou lutar com você, Shaina. — disse ele. — O que aconteceu com você? Você não está em condições de lutar.

— Covarde!

Ela tentou novamente, mas ele esquivou-se outra vez e correu para dentro das árvores mais próximas, tentando se esconder dela.

— Por que, Seiya? Por que não me ataca?! — ouviu a voz odiosa o procurando, gritando mil coisas. Muitas sem qualquer sentido. Parecia falar consigo mesma.

Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de SeiyaOnde histórias criam vida. Descubra agora