Uma imagem absolutamente impossível: a de um corpo voando pelos ares. Tão desacostumados a olhar para o céu e muito mais afeitos a olharem espelhos e telas de celular, os habitantes acordados daquela noite sequer perceberam nada de errado.
Seiya, Shun e Hyoga seguiam o bando de corvos que voavam carregando o corpo desacordado de Saori. Atravessaram avenidas, ruas, jardins e tomaram a direção das montanhas às quais eles já conheciam de batalhas passadas.
Mas os corvos subiram para escarpas ainda mais altas e desconhecidas.
Exímios guerreiros treinados, os três saltavam de pedra em pedra, escalando de maneira muito hábil as enormes alturas da montanha. E, como nada carregavam, muito rapidamente chegavam no bando que se esforçava para alçar vôo.
De uma pedra mais alta, Shun atirou suas correntes e atingiu alguns corvos grandes que debandaram, fazendo o corpo de Saori pender perigosamente.
— Cuidado, Shun! — alertou Seiya, seguindo adiante.
Hyoga lançou também uma rajada de gelo que cruzou o céu, afastando outras aves do bando.
— Vou agarrá-la com as correntes, Seiya! — disse Shun, lançando novamente sua corrente, que prendeu-se nos punhos de Saori impedindo que os corvos continuassem.
Parte do bando que não carregava o peso da garota voltou-se para eles, mas esses foram logo afastados pelo cosmo congelante de Hyoga.
Lentamente, Shun conseguia trazer no braço o corpo de Saori, pois no ar os corvos ainda lutavam para avançar; até que não resistiram mais à força de Shun e dois deles abandonaram a carga, para desespero de Hyoga, que tentou alertar o amigo.
Pois Saori iria cair no precipício.
Seiya saltou da pedra na sua direção.
— Não, Seiya! — gritou Shun, vendo o amigo sem armadura lançar-se na escuridão em busca do corpo que caía ainda preso à corrente do amigo.
Ela ainda estava longe e Shun sabia que ia ter que confiar em Seiya, pois a queda seria fatal se ele mantivesse a corrente presa à garota; a parada brusca poderia quebrar-lhe o braço ou o momento do pêndulo poderia chocá-la mortalmente contra o paredão de pedra. Recolheu a corrente e torceu. Viu o corpo cair contra o céu e o vulto de Seiya pulando em sua direção.
— Voe, Seiya. — rezou o amigo.
E Seiya caía na direção do corpo de Saori. Seu vestido branco cada vez mais perto; ele esticou os braços adiante e finalmente segurou-a da queda no abismo; ele ainda teve a destreza de abraçá-la e virar no próprio eixo para que o impacto contra o paredão à frente deles fosse todo em seu corpo. E dali voltaram a cair pela escarpa, a altura era muito menor, mas o braço de Seiya estalou quando ele esticou-o à sua frente para parar a queda que poderia ser fatal aos dois.
Pararam imediatamente; Saori caiu de alguns centímetros na pedra, enquanto Seiya rolou para o lado, chorando de dor. Seu braço quebrado. Ele olhou à sua direita e viu o vestido branco de Saori com seu braço para fora do abismo que se precipitava ainda mais para baixo. Puxou-a para encostar-se no paredão e sentiu uma dor enorme no braço.
Ao menos ela estava segura. Estava viva. Respirou fundo, buscando o ar.
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Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya
FanfictionReimaginação da história de Seiya de Pégaso, escrito e narrado com alterações na história. Arte da Capa: Tiago Fernandes (@tfernandes)