A chuva intermitente parecia tomar mais e mais as tardes gregas, ao invés de se limitarem às noites que não eram mais estreladas, graças às nuvens carregadas. Naquela manhã, naquele casebre em que todos escolheram morar juntos por alguns dias felizes, todos ocupavam-se dos preparativos para partirem. Shiryu arrumava o pouco que tinha para voltar à China por um curto período de tempo, como se para Shunrei ter certeza de que ela estava bem.
Hyoga também gostaria de visitar Jacó e seu vilarejo na Sibéria, uma viagem em que Shun escolheu acompanhá-lo para conhecer mais profundamente o ambiente em que o amigo havia crescido. Já Saori e Seiya fariam uma peregrinação pela cidade de Atenas próximo dali, para desespero de Alice, que também faria questão de se incluir no passeio, não fossem suas funções no Santuário. Algo que ela parecia levar muito mais a sério que a própria Deusa Atena. Ela ficou calada enquanto preparava a mochila da amiga, que percebeu o silêncio descontente de Alice.
— Não se preocupa, Mii. Eu vou estar do lado dela. — falou Seiya para Alice, fula da vida.
— Ela acha que pode tudo. — alertou Alice. — Seiya, ela ainda é uma das pessoas mais famosas que existem. Ela tem fãs no mundo inteiro. Você vai ter que redobrar a atenção com ela. Ela acha que é uma garota comum, mas não é. Aqui ela é a Deusa Atena. Lá fora ela é a Saori Kido. E eu não sei qual das duas é mais famosa.
— A gente vai dar um jeito. — respondeu ele, confiante, ao ver que ela havia terminado de juntar as coisas da amiga.
— Outra coisa, Seiya. — chamou ela por ele. — Quando você achar a Seika, fala que eu vou matar ela.
Seiya sorriu quando Alice o abraçou e desejou sorte a eles. Ele já havia caminhado por Rodório nos últimos dias perguntando para todos se haviam visto ali uma garota perdida há muitos anos atrás, mostrava-lhes uma foto que a Fundação havia tirado de todas as crianças para fichas de controle ainda quando eram pequenos, mas ali ninguém parecia ter visto Seika.
Mas antes que partissem todos para Atenas, de onde se separariam cada um para seu destino, receberam uma curiosa visita no segundo andar: Shaina.
O clima era de alegria entre eles, vestindo roupas simples e de mochilas nas costas; em contraste a isso, Shaina trajava totalmente sua Armadura de Prata de Ofiúco. Seus olhos pareciam não acreditar no que viam e Seiya sentiu como ela desviou o olhar quando encontrou com os dele. Aquela era a primeira vez que Seiya via Shaina desde que ela havia desmaiado em seus braços depois de salvá-lo.
Seiya chegou a ir em seu casebre, procurá-la por Rodório e até mesmo ir até o túmulo de Cássius na esperança de que ela estivesse lá. Mas em vão, não a encontrou, pois Shaina, na função de Mestre de Armas, estava muito ocupada com o Santuário. E, a bem da verdade, também fugia de reencontrar Seiya, envergonhada de ter seu coração revelado.
Mas naquela tarde ela estava ali em função de sua missão.
— A Mestre Mayura te aguarda, Deusa Atena. — falou ela para Saori.
Era curioso, mas Shaina não parecia ter o respeito que se esperaria quando se dirigia à Deusa Atena, mas Saori também não exigia de ninguém que a tratasse diferente por ser uma Deusa. Fazia muitos dias que Saori não retornava ao Templo para onde ela sabia muito bem que era esperada praticamente todos os dias. Mas aquela era a primeira vez que a Mestre de Armas precisou ir convocá-la em pessoa.
Saori procurou o olhar de Alice ao seu lado, mas ela parecia não saber do que se tratava. Ela lentamente tirou a mochila preparada pela amiga e virou-se para Seiya:
— Não desfaça a mochila. Logo estarei de volta. — falou ela para ele.
Mas Seiya quase podia sentir que aquela missão teria de ser interrompida; viu os amigos todos relaxando as alças das mochilas que levariam e colocarem-nas no sofá ou nas camas. Havia um certo clima de tensão naquela convocação de Shaina e sobrou a todos eles uma enorme questão sem resposta quando Saori, Alice e Shaina deixaram o casebre rumo às Doze Casas.
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Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya
Hayran KurguReimaginação da história de Seiya de Pégaso, escrito e narrado com alterações na história. Arte da Capa: Tiago Fernandes (@tfernandes)