80 - O Esperança do Amanhã

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"Diário de bordo, décimo segundo dia de viagem. Deixamos as costas do continente Antártico para rumarmos para o Mar do Japão, em busca da terceira Relíquia do Mar. No entanto, nos encontramos em uma situação complicada, mas nem um pouco inesperada. Antes de chegarmos aos mares japoneses, pouco antes da troca de turno do dia, o marujo do cesto da gávea soou o alarme acordando a todos para a iminência de uma tempestade em alto-mar. Sem tempo para esperá-la passar ou desviar, Seiya sugeriu voarmos, mas Geist corretamente se opôs à ideia devido às muitas variáveis para controlar no ar. Decidi por romper a tempestade com a maior velocidade de proa que conseguirmos acumular para vararmos a tempestade com toda a força. Resta-nos torcer para que dê certo. Talvez Poseidon finalmente tenha percebido o que estamos tentando fazer."

O Galeão de Atena chacoalhava com violência dentro da tempestade de relâmpagos e ventos terríveis; as ondas quebravam-se dentro do barco, molhando a todos. Não havia ninguém no cesto da gávea e as velas estavam todas cuidadosamente manuseadas por Meko Kaire, que estava na proa controlando com sua enorme força a vela do traquete, para impedi-la de se desalinhar e tirar o barco de seu curso para fora daquela tempestade.

— Mantenha o curso! — gritou ele com a maior força que tinha.

Geist estava no leme mantendo o barco no curso de seu Capitão, também com enorme força; Seiya e Lunara estavam no convés com lunetas procurando espaços claros para que pudessem guiar o Capitão ou alertar de ondas que poderiam chacoalhar demais o barco. Era uma dança oceânica em que cada um desempenhava seu papel para que pudessem atravessar aquela terrível tempestade.

Seiya não viu clareira alguma do seu lado, mas o que viu o deixou apavorado; levou os olhos à luneta por três vezes para ter certeza, quando finalmente soou seu sino com força, gritando a plenos pulmões.

— Redemoinho! — e então repetiu: — Redemoinho em alto-mar!

Lunara correu do seu lado para confirmar o que Seiya via e seus olhos jovens viram claramente a crista de um gigantesco redemoinho que começava a se formar nas ondas que o barco navegava; o centro escuro começava a girar mais e mais rapidamente, enquanto ele se afundava para um abismo.

— Um maelstrom. — comentou ela, lembrando-se dos estudos marítimos que Meko obrigou a todos a lerem naquela semana de preparação. — Um maelstrom!

O Capitão subiu no castelo de proa e, apoiado na bujarrona, vislumbrou com horror que, de fato, estavam diante de um enorme redemoinho que os engoliria para sempre nos mares do Pacífico do Norte. Ele sabia que precisaria soltar as velas para que os ventos fortes jogassem o barco com tamanha violência que eles poderiam se desvencilhar da força centrífuga poderosa daquele redemoinho.

O Capitão dava ordens a plenos pulmões, correndo pelo convés ajustando as velas e pedindo para Geist que jogasse tudo a barlavento até o momento de sua ordem, para que ela virasse tudo à sotavento e, com sorte, dobrar o barco de tal maneira à favor do vento que os jogaria longe daquele abismo que se abria no oceano.

Geist esperava pela ordem de seu Capitão quando seus olhos viram no horizonte algo inacreditável: outro barco lutando para se desvencilhar daquele redemoinho que decerto os engoliria aos dois.

Kaire finalmente deu a ordem e ela jogou o leme inteiro para o lado a favor do vento, de forma que o barco fez uma curva violenta para o lado, jogando os marujos desavisados contra a murada do convés, mas finalmente livrando-se das enormes ondas destinadas a engolirem todos eles dentro do redemoinho. Reboaram trovões, até que os ventos finalmente jogaram o Galeão de Atena para uma impossível calmaria.

Geist olhou para suas costas e viu como a tempestade ainda rugia poderosa, mas imóvel, enquanto eles estavam fora dela e longe daquele redemoinho terrível. Seu Capitão levantou-se no convés e cumprimentou-a pelo excelente trabalho. Ela novamente olhou para todos os lados em busca do barco que havia visto brevemente tentando se salvar do mesmo redemoinho, na esperança de que tivesse se salvado também. Ela travou o leme e desceu ao convés.

Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de SeiyaOnde histórias criam vida. Descubra agora