C A P Í T U L O 4

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Na manhã do outro dia, o relógio mal bateu dez horas e Oliver já estava de mala pronta para sua viagem - um tanto obrigatória - para Recife

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Na manhã do outro dia, o relógio mal bateu dez horas e Oliver já estava de mala pronta para sua viagem - um tanto obrigatória - para Recife.

Noite passada tinha combinado com Cesar para vir busca-lo nesse horário, já que o voo para a capital estava marcado para as onze em ponto. O tal diretor não brincava em serviço, já tinha até passagens prontas.

Pelo espelho, Oliver arrumou seus cabelos curtos e rebeldes o melhor que pôde e só parou quando viu o reflexo de uma mãe sorridente e sonhadora, encostada na parede atrás dele. O garoto se virou com um sorriso modesto e deu de ombros.

—O que foi?

—Não posso admirar o gatinho que eu trouxe ao mundo? — flertou a bombeira dando uma piscadinha.

Ele riu.

—Você está lindo com esse conjuntinho social, parece um advogado, só falta um paletó e gravata.

—Pelo amor de Deus, mainha. Nada de paletó e gravata. Eu vou para a universidade e não pro tribunal.

Miranda não aguentou ouvir seu filho falar a palavrinha com "U" e abraçou o garoto por trás, enchendo-o de beijinhos na nuca.

—Oxe! Tá ficando doida é? — dramatizou o menino achando graça.

—Meu bebê tá indo pra universidade, eu tô tão orgulhosa.

Eles ficaram abraçados daquele jeito por um tempo, olhando para o reflexo de ambos no espelho como se fosse uma foto de família. Precisavam aproveitar os últimos segundos juntos.

—Eu tenho um presente de viagem pra você. — anunciou Miranda e Oliver se virou para encarar a mãe. — Queria te dar ontem no seu aniversário, mas com toda aquela confusão não tive tempo nem disposição. Mas, hoje é um dia para celebrar.

Ela levou as mãos até o pescoço e desatou o gancho que prendia uma fina correntinha de prata. Havia um belo pingente no colar, dois arcos unidos lembrando um peixe e no centro uma singela ametista decorando o interior. Oliver nunca tinha visto sua mãe usar aquela joia, mas ficava muito bem nela.

—Recebi esse colar do seu pai quando fiquei grávida de você. Bonito, não é? — sorriu a mulher segurando o objeto pela corrente. — Ele me disse que a joia simboliza a pureza do espírito, protegendo contra o mal. Aquele papo de arqueólogo mandingueiro.

—É lindo. — disse o menino sem tirar os olhos da ametista. A joia tinha um brilho roxo singular, seu interior parecia até líquido.

—Agora é seu. — concluiu Miranda estendendo o acessório para o filho.

Evoker - A Relíquia QuebradaOnde histórias criam vida. Descubra agora