8. A vez em que um jovem órfão viajou para o outro lado do país

630 125 200
                                    

Os jatos particulares dos vampiros decolaram e logo nosso grupo se colocou à caminho do Amazonas. Na minha aeronave, além do piloto, isolado em sua cabine, estavam apenas Vlad, Eugene e Roman, então podíamos conversar com um pouco mais de liberdade, já que não havia ninguém nos vigiando.

— E agora, como faremos pra despistar o Alphaeos? — perguntei, ansioso.

— Acredito que teremos que desistir do nosso plano... — Eugene respondeu, entristecido. — Do que adianta salvarmos nossa criadora se perdermos nossas vidas logo em seguida, nas mãos do senhor Alphaeos? Tatianna nunca nos perdoaria! Não depois de tudo o que ela fez pra nos manter em segurança, desde antes de nos tornarmos vampiros...

— Mas vejam bem, não sou eu que vou me afastar de vocês, são vocês que vão se afastar de mim — pontuei. — Vocês acham que mesmo assim ele cumpriria sua ameaça?

— Você precisa entender uma coisa sobre o senhor Alphaeos, Davi — Vlad mencionou, em tom fúnebre. — As únicas criaturas com quem aquele vampiro se importa são ele mesmo, o rei Babylon e o príncipe Leocaster. Todo o resto do mundo é descartável para aquele vampiro de coração duro. Matar a gente seria o mesmo que esmagar uma mosca. Completamente trivial.

Aquele comentário me fez recordar o quanto Alphaeos se divertira me torturando e, de fato, aquele morcego não parecia mesmo ter escrúpulo algum.

— Mas nós chegamos tão longe! — insisti, frustrado. — Não podemos desistir agora! Não depois de tudo o que fizemos pra essa viagem acontecer!

— Nós somos gratos por toda a sua dedicação, Davi — Roman me agradeceu, gentilmente. — Mas acho que teremos que salvar nossa mãe em outra ocasião...

Eu me recusava a desistir, por isso coloquei minha cabeça para trabalhar um pouco mais.

— Vocês acham que há um GPS nessas braçadeiras? — perguntei, apontando para o dispositivo preso ao meu braço, entre o ombro e o cotovelo.

— Não sei, é possível, porém pouco provável — Eugene ponderou. — O senhor Alphaeos disse somente que os aparelhos enviariam um aviso caso uma das quatro peças se afastasse mais de duzentos metros das outras... Mesmo que de fato exista um GPS aqui dentro, ele não deve ficar ativo o tempo todo, não há bateria no mundo que dure tanto assim. Imagino que a função de rastreamento comece a funcionar apenas se houver algo fora do esperado que a acione, como um gatilho... Ou seja, apenas se uma das peças se distanciar das demais — completou ele. — Mas, é claro, tudo isso não passa de uma suposição minha, levando em conta outros equipamentos de segurança dos vampiros com os quais eu já tive contato antes...

— Ok. Então vamos partir dessa suposição do Eugene de que as braçadeiras não estejam sendo rastreadas o tempo todo — continuei. — A única coisa que precisamos fazer para não sermos pegos é manter todas elas juntas, é isso?

— Sim, é isso mesmo — confirmou Vlad, pensativo.

— Então ainda há uma chance! — mencionei, empolgado. — É só vocês me levarem junto quando forem resgatar a Tatianna, simples assim! Nada vai acontecer se não nos separarmos!

— Não é "simples assim", Davi... Nós não podemos fazer isso, de forma alguma — Eugene pontuou, sério. — Nós vamos invadir uma base de lobos bem treinados, não se esqueça. A gente sequer sabe se vai ter sucesso nessa invasão ou se vai conseguir sair de lá inteiro. Não tem como arrastar um humano indefeso pro meio de tudo isso. Ainda mais um humano tão importante quanto você... Você precisa voltar intacto, Davi... O príncipe Leocaster depende disso!

— Eu entendo os motivos de vocês, mas acho que os três ainda estão me subestimando — repliquei. — Tudo bem, a gente se conheceu quando eu tava num estado deplorável, fugindo de Esmeraldina e completamente apavorado, mas eu não sou um mero humano comum! Eu também tenho magia dentro de mim! E já enfrentei inimigos muito poderosos ao lado do Leo e dos meus amigos!

O Clube da Lua e a Noite Sem Fim (Livro 3 - em andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora