Vi Davi andar de um lado do quarto para o outro, inquieto. As perguntas que eu fizera o colocaram num estado de ansiedade extrema e, pelo o que eu conhecia dele, sabia que não ia demorar muito tempo até meu namorado decidir agir.
— Lobo, vem cá — ele me chamou finalmente, retornando para a cama.
Fiz o que Davi pediu e me sentei junto a ele. Reparei que ele trazia Órion e o grimório consigo.
— Velum oblivionis — Davi declamou baixinho, sem avisar.
Logo senti uma cortina mágica descer do teto do quarto e envolver todo o espaço ao nosso redor.
— Espera um pouco... — eu disse, em reconhecimento. — Esse é o mesmo feitiço que a irmã da Poliana usou pra esconder a cidade antes da batalha, não é?
— É isso mesmo — ele confirmou. — Só repeti numa escala muito menor, o suficiente pra esconder a gente por um tempinho e eu poder usar minha magia e conversar com você normalmente, sem chamar a atenção dos vampiros.
— E o que você pretende fazer agora? — perguntei, curioso.
— Em primeiro lugar, uma ligação — informou ele. — Fica aqui do meu lado, pra você conseguir ver.
Sem perder tempo, Davi pegou seu celular e iniciou uma chamada de vídeo. Quem atendeu e apareceu na tela foi Tatianna.
— Davi, tá tudo bem com vocês? — ela quis saber, preocupada.
— Você tá sozinha? — ele logo perguntou. — Podemos conversar em particular agora? Não tem ninguém aí por perto?
— Estou sim, só os meus filhos estão aqui comigo neste aposento — confirmou ela. — Já revistamos nosso quarto inteiro e não encontramos câmeras ou escutas escondidas. Estamos seguros por enquanto. E vocês, como estão? E o Leocaster? Alguma notícia?
— Estamos bem, usei um feitiço pra esconder a gente temporariamente — Davi explicou. — Já alimentei o Leo, mas ele tá dormindo de novo, lá no quarto dele, com o Buwan de guarda. A gente acha que os homens do Babylon estão mantendo ele dopado, mas não temos certeza. Mas não é por isso que eu tô te ligando... — ele continuou, pragmático. — Preciso de um favor e acho que só você vai ser capaz de me ajudar. Você tem acesso à internet aí, né?
— Tenho sim — ela confirmou. — O que você quer que eu faça?
— Vou enviar uma data pra você — informou Davi, apressado. — O dia em que aconteceu o acidente na fábrica da minha família, aquele que acabou resultando na morte dos meus pais. Também vou enviar o meu login e a minha senha de administrador, pra você acessar o sistema da empresa do meu pai.
— Por que você tinha uma senha dessas? — eu não resisti e perguntei, impressionado com aquela informação.
— Eles me deram esse acesso depois que eu assumi a presidência e passei a trabalhar lá. Eu usava pra consultar os bancos de dados e pegar as informações que eu precisava pra fazer minhas divulgações e campanhas publicitárias — ele explicou, sem tirar os olhos da tela do celular —, mas agora pensei em outra forma da gente utilizar esse recurso.
— Ok, entendi, e o que você quer que eu faça nesse sistema, exatamente? — a vampira indagou, atenta.
— Tem um registro dos nossos funcionários lá, na área de recursos humanos. Você vai procurar o mês do acidente. Vai localizar a lista com os nomes de todos que estiveram na fábrica nesse período — ele instruiu, sério. — Quando você estiver com essa lista em mãos, eu quero que você descubra se havia outros vampiros trabalhando lá além do Alphaeos. E, em caso afirmativo, se havia algum morcego presente no dia do acidente. Se alguém da sua espécie foi ferido ou morreu. Você consegue fazer isso?
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O Clube da Lua e a Noite Sem Fim (Livro 3 - em andamento)
Paranormale[Livro 3 da série "O Clube da Lua"] Após o trágico desfecho da batalha contra o Devorador de Sonhos, os heróis do Clube da Lua estão divididos e encurralados, todos enfrentando desafios que colocarão suas habilidades e força de vontade à prova. Davi...