O Clube da Lua e a Noite Sem Fim (Livro 3 - em andamento)

45. A vez em que um jovem órfão traçou estratégias com seus aliados

Mais dois dias se passaram sem grandes novidades. Os bruxos continuavam ocupados, se organizando para colocar em prática o novo feitiço coletivo que fariam com a intenção de purificar o Véu. Os demais, enquanto isso, permaneciam a postos na pousada, aguardando por qualquer sinal de movimentação vindo do castelo dos vampiros.

Estava no sótão, com meus amigos do Clube da Lua, quando minha tia bateu à porta.

— A Tatianna voltou, Davi — informou ela. — E trouxe mais um vampiro junto.

Saímos apressados ao ouvir aquilo e fomos logo conhecer nosso mais novo visitante.

— Saudações a todos — a vampira nos cumprimentou. — Trouxe o Edgar, como vocês me pediram.

Edgar era um homem comum, de estatura mediana e um olhar curioso, que investigava a todos nós com extrema atenção. A julgar pela aparência, não devia ter mais do que trinta e cinco anos quando foi transformado em um vampiro. Após ser apresentado por Tatianna, foi a vez dele nos dirigir a palavra.

— É um prazer conhecê-los — ele nos cumprimentou, cordial. — Espero poder ajudar de alguma forma.

— Sente-se, por favor — pediu Benjamin, empolgado com a chegada do visitante. — Fico feliz em poder trocar ideia com um colega de profissão, mesmo que as circunstâncias não sejam as melhores.

— Um lobo psicólogo, que surpresa inesperada! — Edgar exclamou em resposta. — Você atende nesta região?

— Não tenho atuado como analista já tem um bom tempo, sou professor em uma das universidades daqui — explicou Ben.

— Entendi. E no que eu posso ajudar vocês, exatamente? — o visitante quis saber, ansioso.

— A Tati já te colocou a par do que está rolando em Esmeraldina? — perguntei.

— Sim, conversamos bastante no trajeto até aqui e confesso que fui pego de surpresa — Edgar confirmou. — Eu não tenho contato direto com a família real, apenas atendo o Leocaster em meu consultório de tempos em tempos, às vezes passamos mais de um ano sem nos encontrar. Ele costuma me procurar no mês de maio, mas esse ano ele não apareceu... Então eu não fazia a mínima ideia de tudo o que estava acontecendo por aqui, toda essa guerra entre lobos e vampiros e essa escuridão estranha que está afetando a cidade de vocês...

— Então você não ficou sabendo que quase mataram o Leo? — Ian perguntou, curioso. — E que o Babylon tinha trazido o exército dele pra cá? Achei que todos os vampiros tivessem sido avisados dessa guerra, pela gravidade da coisa e pela quantidade de morcegos envolvidos...

— Nós temos alguns canais oficiais de comunicação em nosso reino, sites de notícias, semelhantes aos dos humanos comuns, que apenas nós temos acesso — o vampiro terapeuta explicou. — Mas, por algum motivo, o Vampiro Rei optou por não divulgar aos seus súditos nenhuma dessas informações que vocês estão me contando. Acredito que os únicos que estejam cientes dessa guerra sejam os vampiros soldados, que foram convocados para compor nosso exército. Eu não sou um guerreiro, sou apenas um vampiro servo de poucas habilidades, então, como disse, nem sonhava que tudo isso estava acontecendo.

— É muito estranho um rei ter omitido dos seus súditos uma operação desse tamanho — opinou o Pajé, pensativo.

— Realmente, terei que concordar — disse Edgar. — Desde que fui transformado, nunca presenciei uma situação como essa em nosso reino, sendo bem sincero.

— A gente quer te fazer algumas perguntas sobre o Leo — eu os interrompi, indo direto ao assunto que mais me preocupava. — Você já o atende tem muito tempo, pelo que ficamos sabendo, e a gente acha que você pode nos ajudar a entender algumas coisas a respeito do nosso amigo.