16. A vez em que uma loba dourada compareceu a um encontro de bruxos

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Mais alguns dias se passaram sem grandes novidades. Logo depois da invasão à fazenda, alguns lobos, enviados por Lavínia, apareceram na comunidade das panteras e falaram com Anne, procurando saber se alguém tinha visto vampiros por ali. A pantera líder declarou não ter visto nada do tipo e os lobos foram embora, felizmente sem criar confusão.

Após tal visita, chegamos à conclusão de que, muito provavelmente, Lavínia tinha culpado os vampiros por invadirem a fazenda e resgatarem Tatianna, possivelmente por não conseguir identificar que tipo de magia estranha fora utilizada contra seus homens em tal ocasião. Aquela era uma boa notícia, pois indicava que a ilegítima líder da alcateia ainda não tinha direcionado suas suspeitas a mim ou ao que restara dos meus aliados, para o meu alívio, o que significava que estávamos seguros por ora.

Durante o período posterior à nossa missão, Lia e Poliana se revezaram nos cuidados com a vampira, oferecendo seu sangue a ela para garantir que Tatianna tivesse uma recuperação rápida. Fred havia sido poupado da tarefa, já que não sabíamos como um corpo sem alma, possuído por um espírito desencarnado, reagiria caso perdesse parte considerável de seu sangue. Após melhorar um pouco, Tatianna havia revelado que, durante todos aqueles meses, os lobos só haviam deixado que ela se alimentasse com sangue de galinhas, e apenas uma única vez por semana. Não era de se admirar que a vampira tenha ficado tão debilitada.

Eu havia telefonado para Tatianna algumas vezes durante os últimos dias para tentar descobrir qualquer informação sobre o paradeiro da minha mãe, mas, infelizmente, a vampira não sabia de nada. Perguntei o que a aliada fiel de Leocaster planejava fazer em seguida, e ela revelou que voltaria ao reino dos vampiros assim que se recuperasse completamente e estivesse em condições de se defender sozinha, o que deveria acontecer muito em breve.


***


A missão de invasão à fazenda me fizera tomar consciência do quanto eu andava negligenciando o meu condicionamento físico. Eu já não treinava como antes e pouco usava a minha forma de lobo ao máximo de suas capacidades. Porém, o fato de ter chegado tão perto de travar uma batalha contra meus inimigos me despertara para a necessidade de estar sempre mais do que preparada; afinal, Lavínia era uma loba de elite e uma integrante do Conselho dos Sete, além de possuir uma relíquia de poder. Ela definitivamente não seria uma adversária fácil de se derrotar.

Foi pensando naquilo que eu voltei a fazer o circuito de treinamentos de combate e autodefesa que meu pai havia preparado para mim meses atrás, antes mesmo de conhecermos Davi e toda a confusão com o Clube da Lua ter iniciado. Como eu tinha precisado abandonar a escola após a batalha contra Bakunawa, para me manter escondida e escapar da perseguição dos lobos da Caçada Voraz, eu não mais participava dos treinos da equipe de natação junto com meus colegas do ensino médio.

Tentando compensar a falta daquele exercício, passei também a nadar em uma das lagoas dentro da reserva, para manter, igualmente, um bom condicionamento em minha forma humana. A lagoa que eu tinha escolhido para tal era bastante escondida, mas ainda ficava dentro do território das panteras, o que evitava que eu fosse surpreendida por algum lobo inimigo enquanto estivesse distraída dentro da água.

Eu estava retornando de um desses treinos certa manhã, quando me aproximei da residência de Anne, que ficava exatamente no meio do caminho que eu tomava para ir e voltar da casa de Bárbara. Eu teria seguido adiante, sem demorar muito naquele local, como sempre fazia, se não fosse por um importante detalhe que imediatamente fisgou minha atenção: havia uma garota com longos cabelos negros saindo da casa da líder das panteras e, após me aproximar um pouco mais, não me restaram dúvidas de quem ela era.

O Clube da Lua e a Noite Sem Fim (Livro 3 - em andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora