O Clube da Lua e a Noite Sem Fim (Livro 3 - em andamento)

44. A vez em que um jovem lobo foi rastrear um desaparecido

Com a escuridão que se estendia sobre a cidade, não sabíamos se era dia ou noite a menos que consultássemos nossos relógios. Por isso, seguíamos fazendo o que tínhamos que fazer, parando para descansar apenas quando o sono eventualmente aparecesse, sem se importar mais em respeitar os horários de antes.

Dessa forma, apesar de ainda ser noite também do lado de fora do Véu, Inara e seu pai ignoraram o horário de ir para a cama e foram logo buscar a arma sagrada em sua casa, assim que encerramos nossa reunião. Não demorou muito até eles retornarem e logo pude vê-los dar início ao procedimento de envolver as flechas com a magia de luz de Lara e Teresa, para que Araní pudesse dispará-las.

— O que a gente precisa fazer, exatamente? — Teresa perguntou ao Pajé.

— Mentalizem esse rapaz, pai dessa pequena — ele instruiu. — Não tem problema se não souberem a aparência atual dele, concentrem-se apenas nesse sentimento, no vínculo que há entre vocês. Digam que precisam da ajuda dele e peçam para que venha encontrá-las. Creio que isso seja o suficiente.

Atendendo às recomendações do pai de Inara, as duas híbridas concentraram sua magia luminosa e disseram palavras destinadas àquele membro desaparecido de sua família, enquanto o Pajé manipulava tal energia e envolvia as flechas com ela. Assim que terminaram, Inara e seu pai se embrenharam no bosque ao fundo da pousada, para executarem a segunda parte do plano e dispararem os projéteis mágicos, torcendo para que eles conseguissem mesmo atravessar a barreira e chegar ao seu destino, em uma outra dimensão.

Enquanto eles se ocupavam com isso, lobos e panteras se reuniam ao redor de Tatianna e seus filhos, em outro ponto do casarão, com o intuito de planejar como fariam para rastrear o agora vampiro desgarrado Alphaeos. Logo localizei Davi em meio a eles e fui me sentar ao seu lado.

— Vocês precisam tomar cuidado — Roman os alertava. — Mesmo ferido, aquele homem é uma ameaça que não pode ser menosprezada. Ele é um dos mais antigos da nossa espécie e não ocupava aquele cargo junto ao nosso rei à toa.

— Mas será que ele ainda nos atacaria, na posição em que se encontra? — Benjamin argumentou. — Ele não obedece mais a Babylon. Não somos inimigos diretos dele. Por qual motivo ele se recusaria a falar conosco?

— Vocês não conhecem aquela criatura — Davi mencionou, preocupado. — Ele pode até parecer racional à primeira vista, mas quando ele se deixa consumir pela ira, se transforma num demônio. Eu mesmo pude sentir isso na própria pele — completou ele, me fazendo lembrar das agressões que aquela criatura odiosa tinha cometido contra o meu namorado.

— É só não darmos motivos a ele — insistiu meu irmão. — Podemos tentar uma abordagem pacífica. Deixar bem claro que só queremos conversar. Talvez podemos até oferecer algo em troca, dependendo do quanto ele estiver disposto a nos ajudar. Mas não podemos perder essa oportunidade de falar com ele. Alphaeos tem as respostas que precisamos.

— Se vocês vão mesmo levar esse plano adiante, eu vou junto com vocês — declarou Eugene. — Me deixem fazer o primeiro contato. Talvez ele não reaja tão negativamente ao perceber que está sendo procurado por alguém da sua própria espécie.

— Se é assim, eu também vou — Tatianna prontamente se manifestou. — Também sou vampira. E, caso tudo dê errado, quanto mais guerreiros tivermos para lidar com ele, melhor.

— Tati, ao invés de ir atrás do Alphaeos, tem outra coisa que eu queria te pedir, na verdade... — Davi a interrompeu, nos pegando de surpresa. — É sobre o Leo.

— Sou toda ouvidos — a morcega respondeu, atenta ao escutar o nome do príncipe a quem ela tão fielmente servia.

— Você e os rapazes não estranharam o comportamento do Leocaster no campo de batalha? — meu namorado perguntou. — Ele não me parecia o Leo de sempre. Sem falar daquela reação exagerada dele, depois que as Gárgulas chegaram. Ele ficou completamente transtornado...