O Clube da Lua e a Noite Sem Fim (Livro 3 - em andamento)

31. A vez em que um jovem órfão fez um apelo a um amigo

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Reino dos Vampiros, 

algumas semanas antes da Caçada Voraz invadir o Berço dos Lobos Anciãos.

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A surpresa de encontrar Leo acordado e sem a adaga fincada em seu peito só não era maior do que o meu estado de confusão e estranhamento ao ouvir as primeiras palavras ditas por ele ao me ver.

— Onde é que você se meteu e porque infernos você foi capaz de fazer uma atrocidade dessas comigo??? — o príncipe dos vampiros perguntou, furioso. — Anda!!! Não vai me responder, seu traidor???

— Mas de que diabos você tá falando??? — respondi, acuado. — Não tô entendendo nada!!!

— Ah, mas é claro que agora você vai se fazer de desentendido! — ele rebateu, irônico. — Eu conheço bem essa história. Já vivi isso centenas de vezes ao longo da minha vida, mas parece que nunca aprendo... Por alguns momentos eu cheguei mesmo a pensar que você fosse diferente... Não sei como posso ter me enganado tanto a seu respeito!

— Ok, já entendi que você tá bravo com alguma coisa — pontuei, me esforçando ao máximo para não perder a minha paciência, que já estava bem curta. — Mas, se você pretende continuar fazendo esse monte de insinuações sobre mim, pode ao menos me dizer o que é que eu fiz pra merecer esse tratamento?

— O que você fez??? Eu estava incapacitado e pedi sua ajuda para me tirar de Esmeraldina em segurança! Eu confiei em você! Entreguei o meu corpo e a minha vida nas suas mãos! Me diga o que você fez com tudo isso!!! — ele prosseguiu, mantendo o mesmo nível elevado de irritação.

— Eu... te salvei? — arrisquei, incrédulo, sem saber o que mais poderia dizer numa situação como aquelas.

— Eu não consigo acreditar em como você consegue agir tão descaradamente! — ele bufou, indignado. — Você me vendeu! Me devolveu ao meu pai em troca de poder e influência! Já fui bem informado de tudo o que você andou fazendo enquanto eu estava inconsciente... CEO de uma empresa milionária? Jantares de luxo? Capas de revista? Encontros com políticos e celebridades? — ele acusou, jogando sobre a cama uma série de revistas em que meu nome aparecia nas manchetes. — Eu só queria que você me ajudasse a escapar daqueles lobos desprezíveis, nunca imaginei que você se aproveitaria de uma situação como essas para barganhar com meu pai em benefício próprio!

Naquele momento, eu não consegui pensar nas consequências do que eu estava prestes a fazer, mas, definitivamente, eu tinha chegado ao meu limite. Eu estava esgotado depois de toda a tensão que envolvera nossa viagem ao Amazonas, sem dormir ou comer direito, e jamais imaginara que precisaria ouvir tamanhos absurdos tão logo eu retornasse aos domínios do Vampiro Rei. Por isso, apenas me aproximei de Leo e fiz algo que me pareceu correto diante daquela situação: estendi meu braço e desferi um tapa com força no rosto do meu suposto amigo, que foi pego completamente de surpresa e me encarou, atônito, com os olhos arregalados.

— Como ousa...? — foi só o que ele conseguiu balbuciar, chocado, levando a mão ao local que eu atingira.

Num piscar de olhos, um grupo de vampiros de elite invadiu o quarto, me rodeou e apontou pistolas para a minha cabeça.

— Majestade, esse homem te agrediu, diga o que devemos fazer para puni-lo — um dos morcegos perguntou, ansioso. A resposta que ele recebeu, no entanto, não era bem a que ele esperava.