— Eu acho que está havendo algum engano...
Aquela foi a única coisa que eu fui capaz de dizer após a revelação absurda de que eu e Leo teríamos firmado um tal "laço de sangue" (seja lá o que isso significasse). Sim, nós éramos bons amigos e já havíamos chegado ao ponto de trocar um beijo certa vez (o que me causou muita dor de cabeça, diga-se de passagem), mas as coisas haviam parado por ali. Eu certamente me lembraria se tivesse feito algo tão sério assim.
— Você se recorda do que aconteceu com o Leocaster antes da criatura Flor Cadáver sair de seu casulo, na noite em que vocês foram acampar na reserva, no feriado de carnaval? — o Vampiro Rei me perguntou, em tom sério.
— Lembro sim — afirmei, voltando às memórias do começo daquele ano, que me pareciam vir de um passado bastante remoto. — O Leo tinha sido atingido por fogo mágico, numa armadilha preparada pelo Roberto... Quando ele conseguiu escapar, usou toda a força que ainda tinha pra se lançar contra o casulo da criatura e impedir que a Flor Cadáver completasse sua metamorfose.
— E como ele ficou depois disso? — Babylon indagou, mais uma vez.
— Bem, quando eu e a Maia encontramos o Leo, ele tava bastante machucado, com dificuldade pra respirar... — relembrei.
— E o que vocês fizeram para ajudá-lo? — o Vampiro Rei continuou questionando.
Só então a minha ficha caiu e as peças do quebra-cabeça começaram a se encaixar.
— Eu ofereci meu sangue pra salvar o Leo, já que o sangue de lobo da Maia não serviria... — revelei. — E ele bebeu...
— E depois, quando você foi ferido pela lança da criatura e caiu quase morto, o que aconteceu? — insistiu Babylon.
— O Ian tentou fazer a marca dos lobos em mim, pra me curar, mas não funcionou... Então ele implorou pra que o Leo fizesse alguma coisa pra me ajudar...
— E você se lembra do que o meu filho fez para te salvar, não lembra?
— Bem, eu tava inconsciente nessa hora, mas meus amigos me contaram que o Leo usou um pouco do sangue dele pra tentar fechar meu ferimento...
— Acho que agora você entendeu, não é mesmo? — o morcego rei comentou, finalmente voltando a exibir um sorriso satisfeito.
Sim, agora eu compreendia. Eu tinha dado meu sangue a Leo e, pouco depois, ele me deu o sangue dele. Ou seja, por um mero acaso do destino, acabamos estabelecendo um laço de sangue enquanto enfrentávamos a Flor Cadáver, sem que eu sequer soubesse o que estava fazendo. Finalmente eu entendia as palavras enigmáticas que Leo me dissera ao se despedir de mim, no hospital de Esmeraldina, quando eu ainda estava internado após aquela primeira batalha. Que eu não conseguiria me livrar dele tão fácil, mesmo se eu quisesse... Ele sabia o que havíamos feito, mas, mesmo assim, guardou aquele segredo consigo e nunca me contou nada. Porém, apesar de tudo, a verdade acabou vindo à tona, de qualquer forma.
— O que acontece comigo e com o Leo agora? — foi a primeira coisa que eu quis saber, após tomar conhecimento daquela situação.
— Bem, como eu disse antes, essa ligação continua existindo até que um de vocês morra — Babylon explicou. — Mas não precisa se preocupar, laços de sangue são bem comuns no mundo dos vampiros, não é nada "romântico" ou tão sério quanto essa outra conexão que você e seu namorado possuem. Porém, nós não podemos ignorar que o melhor remédio para o meu filho, nesse momento, está correndo dentro das suas veias, Davi.
— Será que apenas o meu sangue vai ser mesmo o suficiente pra salvar o Leo? — questionei, ainda em dúvidas sobre tudo aquilo que Babylon havia me revelado.
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O Clube da Lua e a Noite Sem Fim (Livro 3 - em andamento)
Paranormal[Livro 3 da série "O Clube da Lua"] Após o trágico desfecho da batalha contra o Devorador de Sonhos, os heróis do Clube da Lua estão divididos e encurralados, todos enfrentando desafios que colocarão suas habilidades e força de vontade à prova. Davi...