42. A vez em que um jovem lobo temeu pelo futuro de sua terra

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Tudo aconteceu rápido demais. Eu sinceramente achava que não havia como as coisas ficarem ainda piores depois de Babylon convocar um exército de morcegos monstruosos para atacar os lobos da Caçada Voraz. Mal sabia eu o quanto estava enganado.

Não bastasse a gigantesca confusão que tomava conta do campo de batalha naquele momento, reparei ainda que os bruxos responsáveis pela fortificação do Véu estavam todos desmaiando, exaustos; e, para completar, minha irmã, que estivera conosco em segurança até minutos atrás, simplesmente tinha desaparecido sem deixar rastros, sumindo do elevado onde eu e meus aliados estávamos reunidos sem que ninguém percebesse.

Eu não podia continuar ali, parado, sem fazer nada, sabendo que minha irmã podia estar correndo perigo. Porém, quando estava prestes a ir procurar por Maia, fui surpreendido por um barulho muito forte, que me pegou completamente desprevenido. Foi como uma explosão, num volume altíssimo, vinda de algum lugar acima das nossas cabeças. Quando olhei para o alto tentando entender o que acontecia, tive a impressão de que o céu estava se despedaçando e iria desabar sobre nós a qualquer momento (o que não era uma perspectiva nem um pouco agradável, convenhamos).

Imediatamente deduzi que algo muito errado estava acontecendo com o Véu e, diante da gravidade da situação, desisti da ideia de ir procurar por minha irmã e corri até Davi ao invés disso. Achei estranho quando o encontrei petrificado, imóvel numa mesma posição no círculo dos bruxos, com as mãos para cima e um olhar vazio; mas bastou eu me aproximar um pouco mais e ele repentinamente voltou a si. Do jeito que aconteceu, foi como se alguém tivesse apertado um botão de liga e desliga, fazendo o olhar dele se acender e Davi voltar a funcionar.

Lobo, você tá bem? — ele me perguntou por meio do laço lunar, já que eu ainda estava transformado em um lobisomem naquele momento.

Tô sim — respondi. — E você?

Tudo certo comigo também.

Tô preocupado com a Maia — revelei. — Ela sumiu do nada, não sei onde se meteu...

Ela tá bem, a gente tava junto até agora pouco — ele me tranquilizou, embora eu não fizesse ideia de como era possível que Davi estivesse em dois lugares ao mesmo tempo. — Ela deve estar quase chegando aqui. Mas isso é o de menos. Você não faz ideia da cena que a gente acabou de presenciar — ele continuou a contar, bastante impressionado. — O Alphaeos foi atrás do Navalha e da Lavínia. A Lavínia conseguiu fugir, mas o Navalha ficou pra lutar com ele...

E o que aconteceu? — eu quis saber, ansioso com aquela notícia.

A briga foi feia, mas, no final, o Alphaeos conseguiu enganar o Navalha com uma relíquia de poder e derrotou ele — Davi enfim revelou.

Então, o que você tá me dizendo é que o Navalha...

Sim, é isso mesmo que você entendeu. O Navalha morreu. Eu e a Maia vimos pessoalmente o Alphaeos decapitando ele. Acho que isso pode representar o fim dessa guerra.

Mas e essa explosão no céu, o que foi isso? — indaguei, confuso. — Tem alguma coisa a ver com a luta daqueles dois?

Não diretamente, mas eu acho que o Véu finalmente chegou ao seu limite e tá se despedaçando de vez — ele explicou. — Eu voltei pra procurar a Eleonora e saber o que a gente precisa fazer agora...

Mal Davi disse aquilo e logo vimos a sacerdotisa se aproximando, decidida, acompanhada por seu marido, Igor, e por alguns dos bruxos que haviam resistido de pé até aquele momento.

— Venham comigo — ela nos disse, determinada, assim que passou por nós. — Essas criaturas que o Vampiro Rei trouxe estão causando um impacto muito grande no Véu. Babylon precisa mandá-las embora e acabar com essa batalha agora mesmo. Estou indo pessoalmente falar com ele sobre isso.

O Clube da Lua e a Noite Sem Fim (Livro 3 - em andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora