53. A vez em que um jovem órfão lidou com os delírios de um tirano

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MOMENTOS ANTES DO VAMPIRO REI PARTIR DE SEU CASTELO EM BUSCA DE LARA E TERESA


Babylon finalmente revelara seu verdadeiro interesse em Leocaster e eu simplesmente não conseguia acreditar que ele de fato tinha planejado tudo aquilo.

— Você perdeu o juízo! — exclamei, abismado com o que tinha acabado de ouvir. — Como tem tanta certeza de que vai conseguir trocar de corpo com o Leo? Isso é um absurdo!

— Obviamente você não consegue compreender a imensidão da magia gerada pelo selo — o rei rebateu, sem se abalar. — Ela não é chamada de magia absoluta por acaso. Seu portador recebe a habilidade de moldar a matéria prima da própria existência, tecer almas com as pontas dos dedos. Não será problema nenhum manipular meu próprio espírito e me transportar para dentro da minha nova casca assim que ela estiver desocupada.

— Finalmente entendo — Leo disse, aparentemente em estado de choque. — De fato eu era mesmo apenas um objeto nas suas mãos. Por isso toda a insistência em treinos, estudos, desenvolvimento de habilidades mágicas... Você só estava me moldando segundo seus próprios gostos e interesses esse tempo todo...

— Até que você não é tão estúpido quanto parece — Babylon respondeu, em tom condescendente. — Mas anime-se! Pelo menos você vai morrer sabendo que serviu para o maior de todos os propósitos, dar vida a um novo deus!

— Por que você precisa matar o Leo? — eu quis saber, ainda inconformado. — Por que apenas não troca de corpo com ele e deixa ele seguir o próprio caminho depois disso? Ele é seu filho, apesar de tudo!

— Nós sabemos bem como isso terminaria — Babylon explicou. — Esse teimoso não se conformaria com sua nova condição e ficaria procurando meios para tentar chegar até mim e se vingar, até acabar se condenando por conta própria à própria morte. Eu estou apenas acelerando esse processo. Melhor matá-lo logo de uma vez e me poupar de toda essa dor de cabeça.

— Eu proponho um acordo — interrompeu Leo, com um tom de voz desolador. — Me conceda um último pedido antes de me matar. Encare isso como um gesto de misericórdia. Se fizer o que estou pedindo, prometo não causar problemas e deixar você fazer o que quiser comigo ou com o meu corpo. Eu te dou a minha palavra de vampiro.

— Interessante — disse o rei, com um brilho nos olhos. — E que pedido seria esse? O que é que você tanto deseja, a ponto de abrir mão de sua própria vida voluntariamente?

— Deixa o Davi em paz, por favor — Leo pediu, sério. — Cumpra sua parte no contrato. Liberta ele. Deixe ele ir embora. Você disse que tem outras criaturas mágicas de reserva para o caso de algo dar errado com o seu plano... Use elas então! Você não precisa do cernuno. Você pode deixar ele viver. Ele já sofreu demais por nossa causa e merece ter uma vida feliz e tranquila. É só isso que eu peço.

— Que intenções mais nobres e elevadas! — Babylon debochou, irônico. — Mas, se me permite a indiscrição, preciso fazer uma pergunta, Leocaster. E quero que me responda com honestidade — prosseguiu ele. — Por que é que você se importa tanto com a vida desse garoto?

— Eu aprendi muitas coisas convivendo com o Davi nos últimos meses e posso afirmar com certeza que meus sentimentos por ele mudaram — Leo afirmou, sem pestanejar. — Eu amo o Davi, e não suporto a ideia de vê-lo se tornar um mero sacrifício em suas mãos...

O Vampiro Rei ficou alguns segundos em silêncio até finalmente cair numa gargalhada ruidosa e exagerada. Aquela definitivamente não era a reação que Leocaster estava esperando.

O Clube da Lua e a Noite Sem Fim (Livro 3 - em andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora