— A gente precisa ir até os bruxos o mais rápido possível — insisti, conforme nos preparávamos para deixar a casa de Teresa. — A vida do Davi e da Larinha dependem disso!
Aquele era o único pensamento que ocupava a minha mente desde a nossa fuga do castelo dos vampiros: garantir que nada de ruim acontecesse com Davi. Eu moveria céus e terra se preciso fosse, mas não descansaria enquanto não tivesse meu namorado de volta ao meu lado, são e salvo.
— Eu liguei pra nossa mãe, contei tudo o que descobrimos — informou Benjamin, se dirigindo a mim e à Maia. — Ela e a Anne vão reunir todos os guerreiros que restaram pra proteger a Teresa e a filha. Também pedi que o Pajé chamasse sua cavalaria. Sobraram poucos homens adultos na comunidade indígena depois da luta contra Bakunawa, mas eles podem fazer a diferença caso a gente não consiga chegar a tempo.
— E qual vai ser o nosso plano? — quis saber Tatianna, indo direto ao ponto que a preocupava. — Vamos simplesmente ficar parados e expostos, esperando o Vampiro Rei aparecer? Não acredito que isso será muito efetivo contra ele. Precisamos de algum elemento surpresa, ou estaremos destinados ao fracasso.
— Vamos tentar pensar em algo no caminho até lá — sugeriu Bárbara, também bastante apreensiva. — Não podemos demorar muito mais aqui...
— Você não vai com a gente, morcego? — Maia perguntou, se dirigindo a Alphaeos, que nos observava atentamente da soleira da porta.
— Prefiro não me envolver — respondeu ele, sem emoção. — Não seria de grande ajuda numa batalha, de qualquer forma. Não depois de ter sido mutilado como eu fui.
Eugene, que se mantivera calado até então, se aproximou do vampiro mais velho.
— Meu irmão morreu defendendo aquele crápula — ele disse, sério. — Você também chegou bem perto de morrer nas mãos do Navalha, senhor Alphaeos, e o rei nem se importou com isso. Nós, vampiros servos, não fazemos parte desse plano do Babylon. Mas você ainda tem uma chance de dar o troco e mostrar que vale bem mais do que ele imagina. Não seja um covarde! Não se esconda nas sombras! Ainda há muito que pode ser feito com todo o seu conhecimento. E essa talvez seja a última oportunidade que você tenha de não ver a sua vida ser desperdiçada de fato. Pense nisso!
Alphaeos engoliu em seco e apenas deu de ombros, voltando para dentro da casa e fechando a porta atrás de si, sem dizer mais nada.
— Vamos logo — pediu Benjamin, resignado. — Já perdemos tempo demais.
***
Eu e meus aliados nos amontoamos novamente na caminhonete de Fred e pegamos a estrada sinuosa que ligava Esmeraldina aos demais distritos da região. Tatianna seguia no volante e não tirava o pé do acelerador, fazendo o veículo robusto praticamente voar sobre o asfalto desgastado pelo tempo. No caminho até os bruxos, vimos algumas Gárgulas voando no céu, isoladas, mas elas não nos deram atenção. Em meu íntimo, me perguntei se as criaturas continuariam assim, distraídas, ou se bastaria um chamado de Babylon para que elas se juntassem e nos atacassem outra vez.
— Eles estão logo ali na frente — informou Inara. — Consigo ver os feixes de energia mágica subindo em direção ao Véu.
— Ainda não planejamos nada — insistiu Tatianna outra vez, apertando seus dedos sobre o volante com mais força que o necessário. — Estamos apenas correndo na direção da morte certa. Precisamos traçar estratégias, agora.
— Pensei em algo, mas não sei se é viável — revelei. — Tô com o grimório do Davi aqui comigo. A mãe dele deixou um feitiço pra ele se proteger dos vampiros. Ele conseguiu se livrar de uma daquelas múmias no castelo usando esse encantamento, o Roman tava lá e também viu como foi. E se a gente pedisse pra Poliana ou pra irmã dela tentarem repetir essa magia? — sugeri. — Usar isso como uma arma a mais pra nos defender?
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O Clube da Lua e a Noite Sem Fim (Livro 3 - em andamento)
Paranormal[Livro 3 da série "O Clube da Lua"] Após o trágico desfecho da batalha contra o Devorador de Sonhos, os heróis do Clube da Lua estão divididos e encurralados, todos enfrentando desafios que colocarão suas habilidades e força de vontade à prova. Davi...