12. A vez em que uma loba dourada teve um encontro inesperado

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Anne, a líder da comunidade das panteras, me encarava, atônita, após me ouvir questionar sua palavra.

— Estou aguardando uma resposta — insisti. — Eu não posso esperar mais.

— Maia, eu mal consigo imaginar como deve ser estar na sua pele agora, ver tudo o que você viu, passar tudo o que você passou, sentir tudo o que você está sentindo... — a pantera mencionou, com cuidado. — Mas, infelizmente, não há nada que eu possa fazer a respeito da Caçada Voraz neste momento...

— Mas você me prometeu... — eu repliquei, sentindo as lágrimas encherem meus olhos.

— Eu me lembro muito bem do que eu disse no dia em que você, a Clarissa e a Alice vieram se abrigar aqui, na minha casa — Anne me corrigiu. — Eu prometi que, no momento em que os vampiros e os lobos fossem ter o seu acerto de contas final, eu ficaria ao seu lado e ao lado dos seus amigos. Esse dia ainda não chegou, criança. Ir atrás desses lobos agora, sem mais ninguém pra dar suporte, é suicídio...

— Mas você tem as panteras pra ajudar... Você tem a mim... — argumentei.

— Meu povo já pagou um preço muito alto por ajudar vocês a derrotarem Bakunawa. Muitas vidas foram perdidas... Um terço dos nossos guerreiros não voltou pra casa depois daquela noite... Eu não posso pedir mais nada a eles, eu não tenho esse direito — ela confessou, com um suspiro. — E, mesmo que eu pedisse, eu duvido muito que eles estariam dispostos a se arriscar novamente pra resolver um conflito dos lobos...

— A minha mãe ainda tá viva e tá sendo mantida como prisioneira naquela fazenda! — pontuei. — Não posso dar as costas pra ela, não importa os erros que ela tenha cometido! Por isso decidi que essa é a primeira coisa que eu tenho que resolver. Eu só preciso de ajuda pra tirar ela de lá... Não tô pedindo pra vocês enfrentarem os lobos da Caçada Voraz. Deixem a Lavínia comigo. Eu mesma faço questão de lidar com aquela assassina, vou fazer ela pagar pelo que fez com o meu pai, não tenha dúvidas disso! Mas ao menos me ajudem a resgatar a minha mãe... É só o que peço...

— Eu e você, sozinhas, não seremos capazes de invadir a fazenda, tirar sua mãe de lá e escapar com vida — Anne argumentou. — Você precisa de bem mais do que isso... O que restou dos seus amigos do Clube da Lua? Não sobrou mesmo ninguém pra te dar suporte em mais essa missão?

— O Ian e o Ben ainda estão exilados, fora do país... — respondi. — A Bárbara tá ferida, como você bem sabe... A Inara saiu num retiro espiritual e não deu mais notícias... Também nunca mais vi ou falei com a Poliana, mas ela nem tem poderes pra me ajudar, de qualquer forma. O Davi provavelmente não vai voltar pra cá tão cedo, pelo que deduzimos da entrevista dele nessa revista, e eu não faço a mínima ideia se o Leo sobreviveu ou não... — relatei. — Só sobrou eu.

— Se eles estivessem aqui, talvez pudéssemos tentar algo, todos juntos — a pantera ponderou. — Mas, na nossa atual situação, o melhor que podemos fazer é esperar. Os vampiros não vão deixar essa agressão contra o príncipe deles passar em branco. Uma hora eles vão revidar, eu tenho certeza. E é nesse momento que temos que estar preparadas para agir e resgatar a sua mãe: quando os lobos estiverem ocupados com os vampiros.

— Eu já esperei por meses e até agora nada disso aconteceu — repliquei, amargurada. — Não sei se consigo continuar de braços cruzados, vendo os dias passarem, sem perspectiva alguma...

— Conforme-se, criança — Anne me consolou. — Esperar é a única coisa que você pode fazer.


***


Após a visita à Anne, retornei até a casa de Bárbara e não mencionei nada sobre a minha conversa com a líder das panteras, nem sobre a entrevista de Davi na revista que eu comprara. Pela noite, aguardei ela se retirar para dormir e finalmente resolvi agir por conta própria. Eu já tinha entendido que estava mesmo sozinha e simplesmente não podia esperar mais.

O Clube da Lua e a Noite Sem Fim (Livro 3 - em andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora