50. A vez em que um jovem lobo se deparou com a insanidade de um rei

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Eu mal conseguia acreditar no espetáculo macabro que se desenrolava diante dos meus olhos. Babylon, o rei dos vampiros, tinha acabado de atear fogo em sua própria família e agora estava rindo descontroladamente, como se aquilo fosse a coisa mais divertida do mundo.

— A gente precisa dar um jeito de sair daqui, rápido — disse Roman, preocupado, em voz baixa. — Assim que ele acabar com as múmias, vai ser a nossa vez...

— E o que você sugere? — perguntei, ansioso.

— Eles devem ter aberto uma nova passagem para conseguir entrar aqui — o jovem vampiro apontou. — Só precisamos encontrá-la. Vamos logo, enquanto eles estão distraídos.

Seguimos a orientação do nosso amigo morcego. Davi agarrou seu grimório e fez Órion se enrolar em sua cintura. Roman foi na frente, procurando se manter rente às paredes da sala e o mais longe possível de Babylon e das múmias incendiadas.

Davi ia lançando seu feitiço de revelação discretamente, tentando localizar a nova passagem. Porém, antes que ele tivesse sucesso naquela tarefa, fomos outra vez interrompidos.

— Onde meus convidados pensam que vão? — perguntou Babylon, com o mesmo tom insano de antes, finalmente reparando em nós. — Ainda há muito trabalho a ser feito, isso foi só o começo!

— Deixe a gente ir embora, por favor! — pediu Davi, aflito. — Não temos nada a ver com essa situação da sua família, isso é problema de vocês, vampiros! Não queremos saber, só queremos voltar pra casa!

— Mas foram vocês que vieram até aqui! — debochou o rei. — Foram vocês que se ofereceram por conta própria, que pediram para ficar mais tempo! Que ficaram curiosos, que resolveram investigar!

— A gente mudou de ideia! — me apressei em dizer. — Não queremos entrar em conflito com você. Só libere a nossa passagem e não criaremos mais problemas!

— Não posso permitir isso — Babylon respondeu, repentinamente sério. — Eu tenho um contrato com você, Davi. Você ainda não terminou de cumprir a sua parte. E você sabe muito bem o que acontece com quem quebra um contrato com o Vampiro Rei, não sabe? Ou será que já se esqueceu do que aconteceu com os seus amados pais?

— ASSASSINO! — Davi gritou, enfurecido, assim que finalmente compreendeu o significado daquelas últimas palavras. — Foi mesmo você, não foi? Eu vou te fazer pagar por isso, seu desgraçado! Eu juro que vou!

— Ah, finalmente um pouco de sinceridade! — o rei dos vampiros replicou, com um sorriso. — Prefiro você assim, sem máscaras ou travas na língua. Mas não estava brincando no que eu disse antes — continuou ele. — Você ainda não cumpriu o seu compromisso, garoto! E eu vou fazer questão de que você conclua a sua parte no acordo, seja por bem ou por mal!

Sem que pudéssemos fazer qualquer coisa para impedir, Babylon estendeu sua mão e envolveu Davi com inúmeros fios de magia de sangue, que iam se entrelaçando e amarrando meu namorado, como se ele fosse uma mosca presa numa teia de aranha. Davi se debatia, tentando se desvencilhar, porém sem sucesso.

Logo Babylon fez um novo gesto e suspendeu Davi no ar, fazendo o grimório cair no chão. Meu namorado foi movido até o fundo da sala, completamente aprisionado e amordaçado, e ficou sob a vigia de Daren.

— Agora só falta lidar com o lixo e já posso ir cuidar das minhas próximas tarefas — anunciou Babylon, se voltando outra vez para mim e Roman. Antes que o Vampiro Rei pudesse nos atacar, no entanto, fomos surpreendidos pela voz de seu conselheiro gritando, alarmado.

— Mestre, cuidado! Na sua direita!

Em questão de segundos, ouvimos o som alto de uma explosão e vimos uma das paredes vir abaixo, desmoronando. Só fui entender o que estava acontecendo quando vi Tatianna e Eugene invadirem o espaço e correrem em nossa direção, se aproveitando da confusão que eles mesmos haviam causado, provavelmente com a ajuda de algum explosivo do exército dos vampiros.

O Clube da Lua e a Noite Sem Fim (Livro 3 - em andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora