- Sam, Sam... acorda.
- Sai... sai daqui... me deixa em paz - ela respirava rápido - porque está fazendo isso comigo ... eu não fiz para você - ela começou a chorar.
- Hey Samy - segurei ela, mas ela começou a se debater - Samy acorda - tentei segurar ela mais forte.
- Não toca em mim, não chega perto - falou me empurrando.
Assendi a luz do abajur para que ela pudesse me ver, ela olhou para mim respirando ofegante, e de repente começou a chorar.
- Me desculpa, me desculpa Killer - falou ainda chorando, sem olhar para mim - eu não sabia... não vi...
- Está tudo bem Samy, foi só um pesadelo, eu tô aqui - abracei ela.
Como já havia amanhecido, pedi que ela fosse tomar um banho enquanto eu iria preprar algo para ela comer. Precisamos conversar e de hoje não pode passar, ela precisa me contar o que tá acontecendo. Desci e preparei algo rápido, café com leite, torradas com queijo e salada de frutas.
Quando subi com a bandeja ela tinha terminado o banho, estava com um de meus moletons. Ela se sentou na cama e ficou olhando a bandeja.
- É para comer, tudo - ela sorriu - o que foi? - perguntei rindo também.
- Estou lembrando de algo aqui - falou tampando o rosto com as duas mãos.
- O quê? - acho que eu sabia o que era - do que você se lembrou? - tirei suas mãos do seu rosto.
- O que eu falei para você - ela tava rindo sem jeito - você lembra? - olhou para mim de um jeito que não sei explicar.
- Não sei bem - me fiz de esquecido - o que você disse? - ela ainda estava com cara de sono, muito linda, estava sem jeito - tô brincando, eu lembro sim - por um momento ela pareceu não estar respirando - e fiquei muito feliz de ouvir - fiz carinho no rosto dela - agora come antes que você morra de vergonha - ela deu um beijo no meu rosto.
Começou a comer devagar e com calma, eu fiquei observando ela, tão linda e fofa, com meu moletom ficou ainda melhor. Ela terminou de comer tudo e eu peguei a bandeja levando lá para baixo.
Mamãe e Akira já estavam acordadas, sentadas a mesa tomando o café.
- Bom dia! - cumprimentei e dei um beijo em casa uma delas.
- Ela já acordou? - pegou um guardanapo.
- Sim e já tomou café - falei pegando um pão de queijo.
- Cuida bem dela filho - advertiu, eu sorri enquanto servia meu café, Akira apenas sorria.
- Estou fazendo isso mamãe - peguei a xícara e mais dois pães de queijo, comi rápido e voltei a subir.
Quando entrei no quarto ela estava deitada na cama assistindo série no computador, quando me viu ficou sem graça.
- Eu vi o notebook e liguei só por curiosidade, aí vi a netflix e abri - sentou-se - desculpa tá? - eu sorri.
- Não tem problema, vou tomar um banho rápido.
Entrei no banheiro e tomei um banho rápido mesmo, escovei os dentes e saí com a toalha enrolada na cintura, fui até meu quarto e coloquei um calção azul de moletom e uma camiseta preta, coloquei desodorante, perfume e voltei para o quarto de hóspedes chamar ela.
A gente voltou para o meu quarto, ela sentou-se na cadeira giratória que tinha em frente a minha secretária.
- Sam - ela olhou para mim - você precisa me contar o que está acontecendo - me sentei na cama - agora eu preciso mesmo saber.
Ela levantou da cadeira se sentando na cama do meu lado. Ela respirou fundo e olhou para baixo brincando com os dedos, ficou uns minutos em silêncio até que começou a falar.
- Alguém... alguém está me ameaçando Yhan - levantou a cabeça.
- Quem está te ameaçando? - semiserrei os olhos.
- Um homem que... ai! um homem que abusou de mim quando eu era adolescente e... e eu... eu achei que tinha matado ele - eu vi o desespero em seus olhos.
- Samy eu... - ela se levantou começandos andar de lado para o outro.
- Ele não estava respirando... Ele não estava... eu vi, eu senti... Ele estava sangrando muito, muito mesmo... Eu não entendo... só... - segurei ela, a fazendo parar de andar.
- Calma, calma tá bom - coloquei ela sentada de volta - me explica tudo, o quê está acontecendo, o quê já aconteceu, tudo mesmo - ela assentiu.
- Tem algumas semanas que eu tenho recebido bilhetes no meu apartamento, eles apareciam sempre do lado da porta, eu perguntei na portaria se alguém estranho tem entrado lá, pedi até às imagens da câmeras mas eles disseram que só me deixarão ver com o consentimento da polícia... - deu uma pequena pausa - o cara, o cara que tá atrás de mim, ele era amigo do meu pai, se conheceram a uns 5 anos atrás....
- Então seus pais sabem disso? - ela desviou o olhar - Samy - peguei no rosto dela fazendo-a me encarar - seus pais sabem o que esse filho da puta fez com você? - ela começou a chorar abanando a cabeça em negação.
- Eu nunca tive coragem de falar para eles, eles eram muito próximos, não sei se eles acreditariam em mim -
- E você tem certeza de que foi ele quem mandou os bilhetes? Foi ele que entrou na sua casa outro dia?
- É, foi ele sim - abaixou a cabeça - quando eu cheguei ele já estava lá, ele já estava no meu quarto e não faço ideia de como ele entrou - falou exasperada.
- Vou pegar um copo de água e você vai me falar sobre esse cara tá bom? - ela assentiu.
Andei até o frigobar abrindo e pegando a garrafa de água, peguei um copo na cômoda e servi voltando a garrafa logo depois e dei o copo para ela, ela bebeu quase toda a agora e então começou a falar:
- O nome dele é Ricardo Medeiros, eu conheço ele desde os meus 15/16 anos, ele é um cara que havia batido no carro do meu pai, estava eu e meu pai dentro do carro, no momento do acidente eles haviam se desentendido né, brigaram e tal, mas naquele processo do concerto do carro eles foram conversando para acertar às coisas e foram se entendo e acabaram se tornando amigos, ele começou a frequentar a nossa casa, conheceu minha mãe e se tornou amigo dela também, às aparições dele em minha casa eram frequentes, comecei a me habituar com a presença dele, ele se tornou quase que um membro da família. Depois de um ano de convivência, eu notei que ele estava meio diferente comigo, começou a se aproximar mais, me cumprimentava sempre com um beijo demorado ou um abraço demorado, quando ele me encontrava no sofá sentava do meu lado e fazia carinho em mim, às vezes dizia que eu poderia me deitar em seu colo, me levava para tomar sorvete ou ir ao cinema. Já houve uma vez que ele entrou no meu quarto sem bater na porta, eu estava de toalha, ele entrou mesmo assim e sentou na minha cama disse que foi me convidar para almoçar, eu disse que ele deveria ter batido, ele pediu desculpas e eu relevei, eu levava aquilo na normalidade porque eu considerava ele um pai sabe, mas no final das contas ele só estava a espera do momento certo para abusar de mim...
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Atração Perigosa
Storie d'amoreAtração Perigosa retrata a história de uma menina mulher que apesar dos traumas, preconceitos, racismo, abusos e traições, se manteve firme e com os pés no chão, ela encontrou amor, segurança, cuidados, amizade e companheirismo em uma única pessoa q...