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- A gente escondeu aquilo de todo mundo, não contamos para ninguém. Desde aquele dia ficamos ainda mais unidas.
- E depois de terem limpado tudo, onde vocês fora?
- A Karen teve que ir para casa pois não sabíamos o que inventar para os pais dela, eu fui para casa da Lindy. A gente passou a noite em claro, lá para às 9h da manhã meu pai havia ligado para saber como eu estava e em momento algum ele havia mencionado sobre o Ricardo, aí nós agimos como se nada tivesse acontecido.
- Então quer dizer que aquele canalha mentiu para vocês poderem ficar a sós para ele abusar de você!?
- Isso mesmo, ele estava realmente esperando o momento certo - respirou fundo - os dias que se seguiram foram horríveis, eu tive pesadelos por noites seguidas... se não fossem as meninas eu teria enlouquecido.
Ela explicou também que no dia seguinte não ouviu nada sobre a morte dele, eles apenas ficaram a saber na segunda feira, no suposto enterro os vizinhos dele comentaram que não o viam desde sexta feira de manhã, que foi o dia em que os pais dela viajaram, o quê significa que nem os vizinhos perceberam a hora em que eles entraram na casa e nem a hora em que elas saíram. Provavelmente ele tinha conseguido sobreviver e conseguiu chamar alguém de confiança que os ajudou e ele forjou a própria morte, cara esperto, mas um filho da puta.
- Sabe o dia em que conheci seus pais? - abanei a cabeça concordando - naquele mesmo dia eu tinha visto um cara igualzinho a ele quando saí para correr, fiquei em choque naquele momento, mas deixei para lá, depois da corrida encontrei o primeiro bilhete em casa, mas estava escrito algo superficial, achei até que era engano - ela respirou fundo - só que quando você me deixou em casa, eu lembrei do que tinha acontecido mais cedo, o que me fez lembrar daquele dia e fiquei com muito medo, nos dias seguintes foram aparecendo mais e mais bilhetes até que ele entrou e tentou abusar de mim de novo - ela começou a chorar.
- Ei ei ei... calma Samy - abracei ela - chega tá bom, chega, não precisa falar tudo hoje ok? - ela abanou a cabeça em afirmação ainda chorando.
Ficamos um bom tempo abraçados, deu meio dia e a gente desceu para almoçar. Não fui trabalhar hoje justamente para ficar com ela, sei que a melhor amiga dela está viajando então não quero deixa-la só.
- A Lindy volta amanhã de viagem e a gente quer passar o dia juntas, como é meio perigoso eu voltar para casa e tals, eu quero saber se posso receber ela no seu apartamento, não quero ficar trazendo gente para a casa dos seus pais.
A gente estava no jardim deitados na grama, falei para ela que faria bem pegar um pouco de ar fresco, então depois do jantar pequei dois cobertores e viemos para cá.
- Tudo bem, não tem problema, eu já falei com um amigo para providenciar seus seguranças - olhei para ele um pouco surpresa, seguranças?! Ele tá brincando né? Comecei a rir, que exagero - Tá rindo porquê? Eu estou falando sério.
- Você acha necessário?
- Com certeza, invadiram sua casa Sam, estão te perseguindo, é claro que é necessário.
Ela apenas abanou a cabeça concordando continuamos olhando pro céu, que por sinal estava lindo, estrelado e a lua estava tão incrível que poderia servir como elogio 'nossa! Você está tão Lua hoje', viajei aqui.
- E o que aconteceu com seu cachorro.
Logo que acabei de falar ela sorriu, um sorriso triste e aparentemente cheio de saudades e boas lembranças, virou-se em minha direção apoiando-se em seu braço esquerdo e colocando a mão em seu queixo*.
- Ah depois que terminei o ensino médio eu tive que deixar ele com os meus pais, mamãe disse que ele ficou muito triste e que todo dia ficava na porta do meu quarto me esperando, ele morreu dois anos depois de eu ter ido - respirou fundo.
- Sinto muito, pelo que parece ele gostava muito de você.
- Eu o tinha desde que eu era um bebé, papai havia adotado ele dois meses antes de eu nascer, já era grandinho - voltou a deitar-se de barriga para cima - não deveria ter deixado ele.
- Bom, pelo menos você tem boas lembranças de quando estavam juntos - abanou a cabeça concordando.
Continuamos lá conversando, ela me contou um pouco de como foi sua adolescência, das loucuras que fazia com as amigas, de como era uma ótima aluna mas que odiava a escola... já estava muito tarde e ficando cada vez mais frio, então decidimos entrar e ir para o quarto. Ela disse que estava com frio e que não queria tomar um banho a essa hora, então apenas colocou uma camiseta e deitou-se na cama.
- Vai dormir comigo né?
- Se fizer uma massagem em mim, sim, eu durmo com você.
- Deixa de ser besta - revirou os olhos - acontece que estou com muito frio esses dias, e como você é grandão, ameniza um pouco sabe.
- Hmmm sei, sei muito bem - puxei ela para mais perto - então vem cá sua coisinha fofa.
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Atração Perigosa
Roman d'amourAtração Perigosa retrata a história de uma menina mulher que apesar dos traumas, preconceitos, racismo, abusos e traições, se manteve firme e com os pés no chão, ela encontrou amor, segurança, cuidados, amizade e companheirismo em uma única pessoa q...