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— Explica direito essa porra. — Nai cuspiu.

— Vocês pensavam o que de Maria? A última coisa que ela era, era burra. Eu era cabeça-chefe dos Skins. Infelizmente os tiras me pegaram e eu tive que abandonar meu projeto, aquele otário do Mestre entrou no meu lugar à uns anos atrás. — Todos nós ficamos em choque com as palavras de Andrew, eu podia sentir todos os olhos em cima de mim. Eu não sabia que reação ter.

— E o que Maria tem a ver com isso? — Kio questionou.

— Maria era dos Skins porra, ela era uma das melhores lá dentro. Todos a idolatravam. E foi em uma missão qualquer, que ela conheceu o Sr. Hacker.

— Que tipo de missão? — Vinnie perguntou.

— Eu era importante lá dentro, mas não tanto, não sei direito. Eu sei que era uma missão 100% planejada pelas costas da mulher. Ela era tão sangue frio que aquele era o seu teste final, se ela falhasse? Morte. Se ela tivesse sucesso ela provavelmente se tornaria a cafetã dali.

— Onde Hacker entra na história? — Perguntei.

Minhas pernas ja estavam bambeando, será que tudo isso que eu estava vivendo era a mesma coisa que Maria estava?

— Skins e os Skeletons, antiga mafia do Hacker entram em parceria a cada 20 anos. Conseguindo mais destaque para os tráficos da américa. A imagem deles é pintada de ouro lá fora com esses contratos, é crime perfeito atrás de crime perfeito.

Eu e Vinnie trocamos olhares, assustados. A gente tinha a resposta de tudo, e estariamos mortos em breve.

— Hacker e Maria foram enganados com uma missão, eles acabaram se voltando contra todos, eles descobriram a verdade daquelas merdas de mafias. Hoje Hacker está morto... Meio difícil vocês não saberem, não? Ele foi morto por Ricky. Toda aquele papo de traição que ele solta é uma farsa. Ainda bem que Maria conseguiu escapar dele, eu acho...

Kio, Michael, Nai e Payton olhavam para mim e para Vinnie assustados, aquela porra de história era muito mais do que familiar.

— Maria todo dia ia até a prisão me pedir ajuda, dizendo que estavam indo atrás dela e que Hacker já tinha partido. Me incomodava muito eu não poder ajudá-la, eu estava atrás das grades... Assim que meus advogados deram um jeito em tudo, a 3 anos eu venho caçando Maria pelo mundo inteiro, tentando saber se ela está bem. — O homem completou.

— Tem algum jeito de derrubar esse contrato? — Nai perguntou a Andrew

— Tem 1 jeito, que é literalmente erradicar as duas gangues por completo. Ou seja, não.

— Você fez uma ótima escolha em ter falado tudo. Voltamos em breve. — Eu disse saindo do cômodo, todos vieram atrás de mim e eu tranquei a porta.

Aquelas palavras foram como faca afiadas. Eu precisava de um tempo sozinha.

Todos se reuniram em volta de mim e do loiro, com olhares assustados. Eu não tive outra reação além de atropelar todos e descer aquelas escadas.

— Vinnie deixa ela. — Pude ouvir de relançe a voz de Kio. Grata por ele ter segurado o menino.

⚠️ Gatilho!! Auto-mutilação, pule este trecho se for sensível. ⚠️

Acabei entrando e me trancando no primeiro banheiro que eu vi pela frente. Eu suava frio, minhas mãos tremiam tanto que foi difícil trancar a porta.

Tirei o canivete do meu sutiã, se 80% da máfia me queria morta, eles me teriam morta.

— 1, 2, 3... — Eu contei posicionando o canivete no meu pulso na horizontal. — Já. — Arrastei com tudo o objeto sobre a pele.

Foi isso. Eu estava trancada lá dentro e morreria de hemorragia em pouco tempo.

Fodace essa merda toda. Minha vida foi um lixo des do início. De uma garotinha inocente a uma órfã, depois a mula, prostituta, assassina de aluguel, criminosa em 100 países no mínimo e aprisionada dentro de um buraco fodidamente apaixonada pro outro doente da cabeça, apenas esperando a chuva de vidros cair sobre nós. Traída como sempre, minha vida inteira eu pude ser uma otaria.

Mil coisas se passavam pela minha cabeça, o sangue escorria lentamente, manchando toda minha roupa e o chão de mármore polido e brilhante. Eu estava cansada, nada tinha sentido.

Não ouvi sequer 2 batidas na porta, esses imbecis nem se preocupar comigo de verdade se preocupavam. De um jeito ou de outro minha morte estava traçada.

Minha visão começou a ficar turva, tudo parecia tão calmo, me lembrava um pouco ficar chapada. Um apito forte começou a soar dentro da minha cabeça, as pontas dos meus dedos dos pés e das mãos formigavam.

Eu me arrependia do que fiz? Sim. Mas ao mesmo tempo não. A poça de sangue já era tão grande que atravessava por debaixo da porta.

— S/n? S/N PORRA, O QUE VOCÊ TA FAZENDO AI DENTRO? — Tarde demais Vinnie, eu já fiz.

Infelizmente eu só tive como pensar isso, seria muito esforço falar, e eu não estava tão preocupada assim de morrer.

Aguentar meu próprio tronco sentado já era um sacrifício, escorreguei para o chão. Os murros na porta pesada pareciam cada vez mais distantes e ecoados. Fechei os olhos e senti uma lágrima escorrer.

Eu espero mesmo, que Vinnie Hacker tenha capacidade de terminar de contar essa história.

Eu me despeço aqui. Por incrível que pareca, da maneira menos dolorosa.



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Talvez até a proxima, G.M

Killers to lovers - Vinnie HackerOnde histórias criam vida. Descubra agora