Capítulo 8

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O batman simplesmente desapareceu, o herói sumiu e não tem feito aparições, jornais e noticiários tem questionado o motivo desse sumiço repentino e criado teorias cheias das mais absurdas conspirações. Sua capa ainda está comigo, na manhã seguinte acordei com a peça cobrindo meu corpo, o aroma forte de perfume era intenso e tentador.

Entretanto, notei manchas de sangue no tecido e acabei lavando a capa na máquina, o que acabou sendo uma excelente ideia, agora ela está perfeitamente limpa e possuí cheiro e aroma de morangos frescos. Como hoje é dia de tomar chá com a Sra. Bennett, preparei seu doce favorito, pudim de caramelo, ela adorou a combinação de sabores.

Eu usava roupas confortáveis e que não atrapalhasse na mobilidade, o shorts jeans se ajustava perfeitamente com minhas pernas e glúteos avantajados, blusa azul com estampa do símbolo do Superman e meias coloridas e vibrantes até a altura dos joelhos. Meu cabelo longo continuou solto e não usei maquiagem ou perfume, uma vibe natural.

Minha pequena casa estava arrumada e perfeitamente organizada, o cheiro fresco dos produtos de limpeza deixaram o ambiente um pouco mais atrativo e feminino, as pilhas com presentes não eram visíveis e foram deixadas num lugar escondido. Peguei a travessa com o pudim e meu celular, o corredor estava com cheiro de chocolate e frutas.

A Sra. Bennett tem a melhor receita de biscoitos de chocolate do mundo, além de um bolo de frutas vermelhas surpreendente, seus dotes culinários são invejáveis. Sai de casa e tranquei a porta, meu apartamento é próximo do dela, são apenas alguns centímetros entre nós duas. Bati na porta e aguardei paciente, a verdade é que estou animada para conversar e colocar a fofoca em dia.

É calmante ouvir sua voz doce narrando histórias de sua juventude, as aventuras e seu imenso talento para a música, lembro de ter o privilégio de assistir fitas VHS contendo suas melhores apresentações. "Rosalie Bennett" se destacava pela beleza exuberante e potência vocal, as músicas eram simplesmente lindas e românticas, a perfeição.

- Entre, querida, por favor - Afirmou com um sorriso imenso nos lábios - Eu fiz aqueles biscoitos que tanto gosta - Riu permitindo que eu entrasse no apartamento.

- A senhora é um anjo, sabia? Eu não sei o que faria sem você - Comentei beijando sua bochecha de forma carinhosa.

- Sempre tão boazinha comigo - Sorriu e caminhou lentamente até a varanda, o ritmo e sequência dos passos era lento.

Caminhei apressada e coloquei o pudim em cima da mesa de metal, a verdade é que a senhora é completamente sozinha, os filhos e netos nunca apareceram para fazer visitas ou oferecer ajuda e apoio. O bairro é calmo, mas antes havia gangues e traficantes andando na área e criando regras absurdas, ela comprou o apartamento por um preço baixo, os donos estavam desesperos para vender.

Somente por esse motivo a senhora tem um lugar descente para morar, desconfio que ela estaria morando nas ruas caso precisasse da intercessão de familiares. Quando mudei e assumi o apartamento ao lado, a Sra. Bennett apareceu com um prato de biscoitos, agradeci e soube semanas mais tarde que eram os últimos, e ela me deu com o coração cheio de amor, bondade e carinho.

Aos poucos fomos nos aproximando, as semanas passaram e as conversas eram uma parte importante dos meus dias, criamos uma amizade forte e resistente, ela é a avó que eu sempre imaginei ter. Nós duas gostamos dos encontros semanais, é quando dedico a total atenção que ela merece, ainda comemos uma variedade de guloseimas e rimos de histórias que aconteceram na semana.

- E como tem estado? - Questionei e me acomodei na cadeira á sua frente.

- Muito bem, os cheques misteriosos me ajudam tanto, eu gostaria de poder agradecer a essa alma caridosa - Respondeu olhando no fundo dos meus olhos, ela com certeza sabe que sou eu.

- Quem sabe um dia... - Murmurei com o nível de constrangimento elevado.

- E as novidades, querida? É tão jovem e bonita, não deveria ficar trancada escrevendo livros e desperdiçando energia - Comentou de maneira preocupada e séria.

- Novidades? Bom, eu saí com algumas amigas e nós acabamos sendo presas - Sorri e a senhora engasgou com o chá - Felizmente o comissário teve pena de todas nós - Sorri de forma envergonhada e tímida.

- Santo Deus, Isie - Murmurou e riu, uma risada contagiante e gostosa de ouvir - E qual o motivo da prisão? - Questionou curiosa, seu olhar brilhava em êxtase.

- Briga de bar, um horror - Respondi com a faca na mão e cortei uma fatia do pudim - A verdade é que o batman ajudou - Admiti, suas atitudes ainda me intrigam.

- Conhece o herói mascarado? Eu tenho a impressão de vê-lo rondando sua casa nas últimas semanas, querida - Revelou e afoguei com o chá de camomila.

- A senhora percebeu? Então eu não sou maluca, ele realmente é um stalker - Comentei chocada com a constatação óbvia.

- Ah, Eloíse, aquele homem parece estar interessado em você, se eu estivesse em seu lugar e fosse alguns anos mais jovem... - Riu e deixou a frase no ar, para meu completo susto e trauma psicológico.

- Misericórdia... - Escondi o resto com as mãos e tentei normalizar os pensamentos, eu não deveria ouvir esse tipo de coisa.

- Admita, aquele uniforme preto traz um infinito de possibilidades e fetiches, poderia e adoraria ensinar truques para o mascarado, o quanto eu aproveitaria... - Suspirou audível e o calor subiu por minhas bochechas.

- Sra. Bennett - Repreendi lutando contra a vermelhidão em meu rosto.

- O quê? É verdade, querida - Respondeu esbanjando alegria, simpatia e vitalidade.

Continuamos conversando, comendo as guloseimas e rindo, era a primeira vez nessas últimas semanas que me senti normal, sem a cobrança de terminar um livro e as visitas que o herói de Gotham tem feito. Sem mencionar o desaparecimento misterioso, céus, ele pode ter morrido e ninguém sabe, porque estou me importando com um desconhecido? Eu nunca nem mesmo vi seu rosto.

Nunca tivemos uma conversa decente e que nos aproximasse de verdade, os diálogos são cheios de sarcasmo e provocações, é um verdadeiro desafio entender o vigilante, ele se mostrou complexo e incompreensível. Porém, voltei a realidade com o barulho de batidas na minha porta, o barulho ecoou pelo corredor de forma ampliada, era como se estivessem sem paciência e com urgência.

- Quebre a porta e eu quebro sua cabeça - Ameacei saindo do apartamento de Bennett e vendo Bruce Wayne no corredor, mas como ele sabe que moro ali?

- Suas ameaças são adoráveis - Sorriu e expôs os dentes perfeitamente alinhados.

- Sua ausência de modos também, queria quebrar minha porta, Sr. Wayne? E que diabos está fazendo aqui? E como sabia onde moro e como me encontrar? - Questionei e percebi os olhares do bilionário sobre mim.

- Belas meias - Elogiou provocativo, sua voz parecia familiar - A blusa nem tanto - Riu e colocou as mãos no bolso do terno preto e de aparência caríssima.

Isie, o que está havendo? - Perguntou a Sra. Bennett preocupada e saindo lentamente de seu apartamento.

- Nada com que se preocupar - Respondi e olhei para o príncipe de Gotham - O que está fazendo aqui? - Questionei insistente.

- Necessidade, nos temos um baile para organizar e você não atende minhas ligações - Afirmou satisfeito consigo mesmo.

- Pensei que fosse telemarketing - Sorri e dei os ombros, indiferente - Então, não é um bom momento, estou ocupada - Comentei e o homem franziu o cenho.

- Com o que exatamente? - Insistiu com a postura relaxada e descontraída.

- Estamos tomando chá, Sr. Wayne, tem espaço para mais um, gostaria de participar e conversar conosco? - Ofereceu minha vizinha e fechei os olhos com força, essa não.

- Ele é um homem ocupado - Tentei, mas o herdeiro dos Wayne foi rápido na escolha de palavras.

- Eu adoraria, é muito gentil - Respondeu esbanjando charme, ele passou por mim e entrou no apartamento.

Caos e Ordem - Bruce WayneOnde histórias criam vida. Descubra agora