Caos e Ordem - Bruce Wayne

Capítulo 16

Alguns dias depois...

A noite estava linda. A lua brilhava como um farol luminoso no céu, rodeado por muitas estrelas magníficas, que de algum modo... era semelhante a pequenos vagalumes. O clima e a atmosfera de Gotham estavam tranquilas, a calmaria finalmente reinou na cidade. É como um evento que vai desencadear centenas dos piores cataclismas visto em anos.

Eu combinei de passar a noite comendo e bebendo com minhas amigas. Minha casa é ponto de encontro, algo que acontece sempre e nunca entendi o motivo. A pequena mesa se tornou um paraíso gourmet, com salgadinhos e docinhos que preparei ao longo do dia. Uma infinidade de bebidas, muitas delas tendo alto teor alcoólico, também estavam ali.

A música suave garantiu tranquilidade, a garantia de que poderíamos conversar. Eu me assegurei de que tudo esteja perfeito, eu sinto que preciso desabafar com urgência. Eu sinto que estou prestes a enlouquecer, Bruce trouxe instabilidade para meu cotidiano. Selina e sua namorada, Barbara, devem saber como agir. E Zatanna será o alívio cômico da situação, não imagino combinação melhor.

Eu decidi usar roupas confortáveis. Uma blusa soltinha preta com o símbolo do próprio morcego. A peça apareceu embrulhada e sem qualquer dedicatória ou bilhete escrito. Eu me sinto incomodada com todos os eventos que tem acontecido ultimamente. Enfim, a blusa é confortável e acabei gostando, ela combinou com a calça escura.

- Estou indo, calma - Gritei após escutar batidas insistentes na porta - Zatanna, entra, é maravilhoso vê-la de novo - Brinquei enquanto a abraçava.

Zatanna estava absurdamente linda. Ela vestia um vestido branco cheio de pérolas. Eu recordei de ter comprada como presente, foi o seu aniversário de 25 anos. As botas marrons eram incríveis, com pequenos adereços feitos de prata, ouro e cobre presos. Ela explicou em ocasiões anteriores que são runas antigas, as peças tem a função de protegê-la contra uma infinidade de ataques mágicos.

- O nosso último encontro foi realmente um completo desastre - Concordou bufando e entrando no apartamento - Eu espero que não tenhamos que envolver a polícia hoje - Sorriu e iluminou o ambiente inteiro.

- Assim espero, amiga - Respondi vendo a garota se jogar no sofá - E aí? Como anda o trabalho? - Questionei curiosa.

- Aish, o mesmo de sempre. Demônios e espíritos malignos tentando dominar a nossa dimensão - Suspirou, nitidamente cansada, eu senti pena dela e suas responsabilidades - E o seu livro? Finalmente terminou? Estou com as expectativas lá em cima - Comentou rindo, ela adora lê-los, mesmo vivendo aventuras reais e que nunca acabam de verdade.

- Sim, terminei. Eu enviei para revisão, as próximas semanas serão determinantes, uma nova publicação está a caminho - Afirmei sem conter a risada de empolgação.

Novamente, batidas na porta chamaram a minha atenção. Eu gritei para que Seline e Barbara entrassem, confortável demais para sequer levantar do sofá espaçoso. As garotas entraram no apartamento e observei algumas sacolas em suas mãos. As duas pareciam um pouco cansadas e abatidas. Barbara tinha um semblante preocupado, como se estivesse se martirizando e culpando por algo.

Seline, por outro lado, demonstrou muita indignação, raiva e irritação. Eu consegui ver a veia saliente pulsando em sua testa, sinal que deveríamos tomar cuidado com a escolha das palavras. Elas deixaram as sacolas na mesa e tiraram potes de sorvete e garrafas de vinho. Eu sorri ao ver a enorme variação de gostos, elas são completamente opostas uma da outra. Eu admiro e muito o relacionamento.

- Eai, casal maravilha? - Provoquei vendo o olhar atravessado das duas - Estou somente brincando, relaxem - Ergui as mãos.

- Desculpe, é que tem acontecido muitas coisas ao mesmo tempo - Barbara bufou, mas logo abriu a primeira garrafa e bebeu direto da fonte, sem cerimônia alguma.

- Olha os modos, morceguinha - Zombou Seline enquanto enfiava um brigadeiro grande na boca - Eu amo você, Isie - Elogiou enquanto eu apenas sorri agradecida.

Começamos a conversar calmante, sem assuntos sérios, apenas banalidades. Eu sorri com mais facilidade conforma a pilha imensa de garrafas começou a se acumular. O calor e inquietação aumentaram, eu não fiquei ruim e bêbada ao ponto de perder os sentidos, mas a liberdade conquistada através do álcool eram o que eu precisava na hora para trazer aquele bilionário confuso na roda da vez.

- Eu preciso de conselhos sobre homens e vocês tem que me ajudar - Afirmei trazendo um pouco de sobriedade a situação.

- Faremos o possível - Zatanna acenou e indicou que continuasse.

- O que acham de Bruce Wayne - Mordi o salgadinho e aguardei o caos.

- O pior canalha de todos - Barbara tinha recobrado a compostura.

- Por quê? - Zatanna questionou e bebeu um gole de vinho do porto.

- Aparentemente, ele começou a indicar sinais de que nutre sentimentos amorosos, eu estou enfrentando resistência em acreditar. O que vocês fariam no meu lugar? - Questionei e o silêncio foi absoluto na pequena sala.

As três se olharam e não pude deixar de achar suspeito a reação instantânea. Barbara negou com a cabeça, enquanto Zatanna tinha afundado contra o estofado do sofá. Porém, o olhar determinado e feroz de Seline mostrou a coragem e lealdade com nossa amizade. Meu coração bateu mais rápido ao vê-la beber uma taça de vinho com rapidez. A mulher-gato não perdeu tempo e encheu novamente, parecia o método de encorajamento escolhido.

- Seline, você não tem o direito - Barbara afirmou sob o olhar atento.

- Foda-se, Eloise é minha amiga. Eu não vou esconder esse segredo dela - Comentou e um arrepio percorreu minha espinha - Você se tornou importante para mim, eu prometi que a manteria em segurança - Sorriu, mas não foi o sorriso extravagante de sempre.

O que elas estão escondendo? Eu quase não consegui pensar com clareza. Bruce está mentindo para mim? Aguardei impaciente até que minha irmã de consideração estivesse no controle de suas emoções e pensamentos. As possibilidades eram assustadoras, uma pior e mais horrenda que a anterior. Eu mordi o lábio ao perceber que Seline levantou e andou com hesitação na minha direção. É agora.

- Querida, Bruce Wayne é o batman - Sua voz tremeu e minhas entranhas congelaram e se retorceram violentamente.

- Não, não é - Respondi tentando manter a incredulidade escondida - Não é? É? - Bufei e levantei do sofá, irritada.

Porém... até que faz sentido. Os dois me conheceram quase na mesma época. Ambos são estranhos e perturbadores, Bruce sumiu e o morcego também. Eles começaram a tentar se aproximar simultaneamente. O cheiro forte de seus perfumes é parecido, até a voz rouca e grave é semelhante. Além do porte físico ou a altura impressionante. Eu grunhi quando um compilado de flashback's vieram e inundaram o meu cérebro de uma vez.

- Aquele desgraçado - Rosnei irritado, eu deveria ter prestado atenção - Miserável, ele é um cretino, maldito - Xinguei em português e em inglês, a raiva foi tanta que misturei os idiomas.