- Com certeza foi o irmão mais velho, eu aposto que ele é o assassino - Comentei e era nítido que Bruce descordava de mim.
- Foi o mordomo, Eloise - Respondeu e o tom entediado em sua voz era nítido.
- Sua ingenuidade é adorável - Provoquei ainda olhando a televisão e comendo pipocas levemente queimadas, resultado da primeira e última tentativa do homem de cozinhar.
Estávamos deitados em sua cama e não poderia ser mais agradável. A televisão exibia outro dos incontáveis filmes criminais que ele listou como favoritos. O banho recente deixou uma atmosfera fresca de sabonete, shampoo e cremes hidratantes. Eu usava uma camiseta emprestada do Wayne, além de uma cueca de tamanho ligeiramente sugestivo.
O quarto era neutro e discreto, mas tudo gritava ostentação e luxo. As paredes brancas tinham detalhes ornamentados em madeira, a cor dourada contratava de forma linda. O piso de madeira escura assegurava uma sensação de sensualidade e seriedade. A porta aberta e escancarada do closet exibia organização por cores e estações do ano. Era como olhar para a loja dos sonhos de muitos homens.
O sono aumentou conforme as cenas se tornaram embaçadas, era irracional, mas lutei para continuar acordada e aproveitar cada um dos pequenos momentos de satisfação. Pude assistir com diversão as pequenas investidas de Bruce, a cada segundo, ele chegava perto e fingia naturalidade. Era como estar com outro adolescente cheio de hormônios.
A cama acomodaria tranquilamente três pessoas, mas estávamos quase grudados um no outro. Eu senti a textura macia do braço de Bruce contra o meu, além do calor natural que exalava dele. O homem fingia seriedade e que nada acontecia ao nosso redor, atitude que se contrapunha ao sorriso constante. Sorri e não fugi das investidas... curiosa.
Ele vestia uma calça de moletom preta e blusa de algodão cinza. O tecido maleável era convidativo, afinal destacava cada músculo. O cheiro de perfume era discreto e acentuado. A sua companhia tornou-se tentadora. Eu quase poderia sonhar acordada com a ilusão do sua mão deslizando sobre meu corpo. Bruce tinha provado que as aparências enganam.
- As coisas mudaram... - Comentei e sua atenção veio direto para mim.
- O que mudou? - Questionou desligando a televisão na mesma hora, gesto atencioso e extremamente gentil e doce.
- Antes de conhecer você... eu estaria no conforto do sofá assistindo filmes e comendo a maior quantidade de doces possível - Admiti e ouvi sua risada baixa - E agora estou aqui na cama com Bruce Wayne, e o mais estranho de tudo é que continuo de roupa - Provoquei e as vibrações no colchão indicaram que ele havia se ajeitado embaixo da coberta.
- Posso dar um jeito na última parte - Ele respondeu e aproximou nossos corpos.
- Tentando tirar proveito de mim? Eu sou a melhor amiga do Batman, parceiro. Significa que estou fora do seu alcance, menino bonito - Afirmei ao lembrar da primeira vez que disse isso em voz alta, tão vergonhoso.
- Eu não tenho medo do morcego, amor - Respondeu no automático, sem notar a forma carinhosa como me chamou.
- Deveria, ele é muito gostoso - Afirmei e seus olhos transmitiam surpresa - O uniforme é estranhamente sexy - Sorri maliciosa.
Talvez fosse o sono falando... ou efeitos posteriores do vinho, mas eu admiti coisas de que mantive escondidas por muito tempo. Era vergonhoso confessar que sinto tesão por sua outra metade, quase como confessar que tem sentimentos por outra pessoa próxima... esse namoro será totalmente fora da casinha. Essa conversa se torna estranha a cada segundo, é divertido acompanhar as reviravoltas.
- Está atraída pelo Batman? - Indagou de maneira incisiva e identifiquei notas fortes em sua voz que indicava ciúmes.
Bruce estava com ciúmes dele mesmo e serei a responsável por isso? Acabei rindo em total descrença e o sono sumiu, de repente eu fui tomada por incredulidade e choque. Nunca imaginei que houvesse espaço para dúvidas e inseguranças na mente do bilionário. Ele tinha a aparência de um deus grego antigo, dinheiro para sustentar várias gerações futuras e tanta arrogância correndo em suas veias, era quase impossível cogitar a possibilidade.
- Talvez sim... talvez não... - Murmurei de forma descontraída e misteriosa.
Ele simplesmente explodiu como se não houvessem consequências. Eu sempre soube que garrafas de champanhe podem estourar e provocar estouros quando são manuseadas, e foi exatamente o que aconteceu com Bruce. A selvageria transcendeu seus olhos claros e eu tive a impressão de que seria devorada. Ele se comportou como um homem faminto. O som de sua respiração era quase opressor.
- Você é diabólica, mulher - Sussurrou na tentativa de manter o controle de si.
- Oliver Queen disse algo parecido - Sorri ciente de que estava provocando um leão que dificilmente poderia ser controlado.
A corrente que prendia Bruce a lucidez e razão se quebrou por inteiro, restando apenas uma fera insaciável no recinto. Sua boca tinha encontrado a minha e devorado minha alma, o corpo de Bruce buscava contato com o meu e parecia querer fundi-los em um só. Ele deixou marcas por cada extensão de pele que pode e eu retribuí arranhando suas costas. Corei com o contato de nossas intimidades, era como se nossos mundos colodissem.
- Diz que é minha - Implorou e esfregou a ereção coberta contra minha intimidade, era enlouquecedor sentir a rigidez.
- Você primeiro - Respondi com as mãos firmemente apoiadas nele.
Ele não respondeu, mas ouvi o ranger de seus dentes próximo aos ouvidos. Ele parecia frustado e desesperado por liberação. Bruce e eu não retiramos uma peça de roupa, porém o semblante de deleite em seu rosto era intenso e explicativo. Os movimentos de seu quadril e o aperto das mãos aumentou. O homem tinha perdido a noção da realidade e ficou preso em seu próprio mundo de sensações.
O prazer aumentou conforme ele movia o quadril de encontro ao meu. Era como voltar a ser adolescente novamente. A adrenalina se tornou elevada e meu corpo esquentou, nunca sonhei que isso aconteceria com a gente. Sua cintura permaneceu entre minhas pernas e ele tentava conter os gemidos e palavrões. Bruce congelou após um tempo e relaxou.
- Você..? - Perguntei surpresa com todas as emoções senti na última hora.
- Sinto muito - Murmurou constrangido e decepcionado consigo mesmo.
- Está tudo bem, Bruce - Afirmei e toquei seus ombros com carinho.
- Eu gozei como um garoto virgem faria, é vergonhoso, Eloise - Argumentou e sorri, era uma situação inesperada - Aposto que Queen e você não tiveram esse problema - Rosnou e se afastou completamente corado.
- Bruce, amor, está tudo bem. Eu até que fiquei lisonjeada com a situação, sério. É uma noite estressante, principalmente para você. E sua mente e corpo experimentaram emoções demais com esse encontro com o Coringa. Eu não estou brava, muito pelo contrário - Afirmei e observei seus ombros relaxarem.
- Isso nunca aconteceu antes - Afirmou e não consegui conter a risada.
- A velha desculpa... - Provoquei e ouvi a risada contida do homem.
- E quanto a você? - Questionou e soube que havia resquícios de vergonha.
- Outro dia tentamos de novo - Respondi com tranquilidade - Vou ficar bem - Prometi e ele cedeu momentaneamente.
- Boa noite, querida - Murmurou e deitou ao meu lado - Eu amo você - Sussurrou.
- Eu amo você, morceguinho - Comentei e fechei os olhos para dormir.
Alguns minutos passaram e senti toda a movimentação de Bruce no colchão. O lençol foi descartado em um canto qualquer e sentia o ar condicionado resfriar o quarto. O homem afastou minhas pernas com leveza e moveu o corpo por cima do meu. Abri os olhos e ele se mostrou provocativo e risonho. Ele colocou as mãos na cueca e puxou para baixo, revelando a minha intimidade pela primeira vez.
- Bruce Wayne... - Censurei ao vê-lo com a cabeça próxima daquela área.
- O quê? Eu sou sonâmbulo - Respondeu e gargalhei, mas o som foi substituído por gemidos que invadiram a noite.
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Caos e Ordem - Bruce Wayne
Teen FictionEvangeline Eloíse Santos, brasileira de apenas 21 anos, se mudou para Gotham em busca de uma vida melhor, tentando esquecer seus traumas, tristezas e a solidão. Apesar da atmosfera sombria e os elevados índices de violência, ela foi acolhida pela ci...