Capítulo 25

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Os dias foram passando e continuamos com os encontros frequentes. De dia Bruce mostrava como o homem poderia ser charmoso e cativante, porém não poderiam ser comparadas com as visitas noturnas, mesmo que elas fossem cada vez mais rápidas. A presença imponente do Batman trazia a sensação de proteção e cuidado. Estávamos progredindo, mas era notório que Gotham precisava dele. Eu sabia que não seria um relacionamento fácil, mas a realidade é uma verdadeira exigência de paciência.

"Multimilionário e jóia brasileira: romance trágico ou redenção do príncipe órfão? Golpe ou amor?"


Os jornais noticiaram na primeira página. Todos tinham uma opinião para dar. Ao menos o número de vendas aumentou e meus livros dispararam, gerando ainda mais expectativa para outros lançamentos. Era estranho ver meu rosto nos noticiários, felizmente os responsáveis pelas manchetes escandalosas tiveram a decência de escolher fotos bonitas. Os vizinhos me olhavam e lançavam sorrisos, coisa que antes jamais havia acontecido. Eu começava a vivenciar um pouco do cotidiano maluco desse homem.

Muitos questionavam quanto tempo ficaríamos juntos. Outros contavam os segundos para que fosse possível fotografar alguma traição. E pela integridade física de Bruce, espero que isso não aconteça. Eu me acostumei a selecionar os sites mais exagerados em uma pasta e enviar para meu amigo colorido. Risadas preenchiam boa parte de nossos dias graças a essas pérolas jornalísticas. A Sra. Bennett e Alfred eram um casal extremamente discreto e contido.

Buquês de rosas chegavam aos montes. Eu me acostumei a vê-los conversando na varanda, sorrindo e trocando carícias suaves. Vez ou outra mandava ao apartamento cestas repletas de comida, apenas pelo prazer de ver a expressão envergonhada de ambos. A minha vida estava progredindo de forma positiva. Era como viver um conto de fadas em plena Gotham, não consigo lembrar de uma época tão feliz. A cidade me acolheu e exibiu suas melhores qualidades. Porém, o príncipe do crime ainda era um problema.

Coringa continuava em liberdade, espalhando o medo e desespero pelas ruas. Assaltos e mortes não eram contabilizados com precisão, os policiais eram forçados a dobrar ou triplicar as rondas. As pessoas evitavam sair de suas casas, somente para trabalhar e realizar tarefas de extrema importância. Eu sentia a aflição do cavaleiro das trevas aumentar conforme ele escapava a cada tentativa de captura. Os dias tinham um sabor amargo na boca de Bruce, principalmente a cada atitude ardilosa do maldito palhaço.

Bruce passava noites em claro, levando o corpo a um estado profundo de exaustão. Havia olheiras na região abaixo dos olhos, marcadas e definidas, e sem qualquer indício de que desapareceriam. E de alguma forma, ele encontrava tempo para passar comigo. Era assustador testemunhar esse grau de dedicação, sua saúde estava sendo prejudicada gradativamente. Sua fisionomia transmitia cansaço, mas sabíamos que as suas prioridades jamais mudariam. A teimosia e todo ego não permitiam que ele descansasse.

O justiceiro não deixaria que o medo assolasse as ruas, becos e vielas da cidade que tanto ama. Não haverá descanso até que Gotham estivesse segura. A sua missão era garantir que a população pudesse ser livre das amarras da obscuridade. Eu tentava manter a calma enquanto aprendia a lidar com essa face que estava descobrindo em Bruce. A sua determinação e inconsequência se misturando aos poucos, criando a combinação exata para grandes problemas.

Era como aguardar a erupção de um vulcão. Me senti impotente em não poder ajudá-lo a diminuir sua carga emocional, mesmo que tentasse. Eu conseguia retirar alguns sorrisos e raras risadas, mas sabíamos que não eram verdadeiros e, muito menos, naturais e espontâneos. Bruce parecia incapaz de compartilhar seus problemas comigo, talvez pelo quão recente era nosso relacionamento. Entretanto, seus olhos tinham aquele sentimento de impotência. Eu respeitei todo o espaço delimitado até aqui, mas chega.

As semanas de visitas silenciosas acabaram. A missão de proteger Gotham merecia prioridade. E ele precisava se concentrar em parar o Coringa, somente assim as coisas entrariam nos eixos de novo. A noite chuvosa combinava com a gravidade da situação, ela parecia prever um grande desastre. Ajeitei o casaco e tranquei a porta do apartamento, determinada a dizer tudo que está entalado na garganta para Bruce. Essa cidade merecia sua atenção incondicional, e eu tinha sido a principal distração dessa missão.

Desci a escadaria enquanto segurava a chave e o capacete preto nas mãos. Cheguei na calçada e os pingos de chuva molharam minha roupa, deixando as peças úmidas e extremamente frias. Subi na moto de maneira apressada e coloquei o capacete. Coloquei a chave na ignição e posso juntar ter enxergado vultos se escondendo atrás de árvores e lixeiras. Eu deveria ter avisado a Sra. Bennett que estava saindo, mas era tarde demais para subir tantos degraus. Acelerei e as luzes de uma SUV preta também, estranho.

O medo correu por minhas veias. Fiz desvios no primeiro viaduto que encontrei e fui seguida, segui na direção oposta e o carro repetiu cada curva. Acelerei ao máximo e ultrapassei o sinal vermelho, uma multa de trânsito era melhor do que um tiro na cabeça. Não contive o sorriso de alívio quando notei que não tinha absolutamente nada atrás de mim. Porem, existe um ditado muito conhecido que diz: "alegria de pobre dura pouco. Eu senti o impacto brutal do carro contra a minha moto. Meu corpo foi jogado longe.

O capacete protegeu a cabeça, mas o resto não teve a mesma sorte. Eu sentia cada parte pulsar com extrema agonia, algo quente e pegajoso escorria pela minha perna esquerda e se acumulava no chão. Tudo se transformou em imagens desfocadas. Respirar se tornou doloroso e lágrimas escorreram antes que um pensamento lógico viesse a mente. A chuva tornou a experiência ainda pior, aumentando a sensação forte e crescente de frio. A imagem embaçada mostrou as portas do carro sendo abertas com violência.

Socorro, ajuda - Murmurei baixinho, incapaz de compreender a situação como um todo.

Um homem desceu e caminhou de maneira que parecia transtornada e dramática. Eu assisti cada um de seus passos exagerados e encenados. Ele andava como se o mundo fosse seu domínio, destemido, sua natureza perturbadora. Eu estremeci conforme notei as roupas coloridas e o cabelo esverdeado. O medo e a dor se misturam e chorei desesperançosa. A morte parecia fugir para longe, assustada com a presença e chegada do próprio Coringa. Ele levantou a viseira do capacete e olhou dentro dos meus olhos. Palavras ou gestos não foram ditos, mas ouvi a risada que trouxe desespero em muitas pessoas, incluindo eu.

Caos e Ordem - Bruce WayneOnde histórias criam vida. Descubra agora