Capítulo 12

6.4K 688 926
                                    


Era a segunda aula do dia. Até agora, não encontrei Daniel, nem nos corredores nem no pátio, sequer sei se ele veio para a escola. A professora sugeriu para que fizéssemos um trabalho em dupla, e como Mary é dessa turma, estamos juntas, com as carteiras lado a lado. Não perdemos a oportunidade de conversar um pouco.

— Vocês se beijaram? — Mary pergunta. Eu estava contando a ela sobre o que aconteceu ontem no corredor.

— Quer falar mais baixo? — Ela murmurou um "desculpe", olhamos em volta para saber se alguém tinha ouvido. Felizmente, não. — Não, a Ali apareceu bem na hora. Daniel foi atrás dela.

— Eles não namoram? — Neguei com a cabeça. — Emma, você não percebe que essa é sua chance?

— Como assim? — Ela deu um leve tapa na própria testa.

— Rolou uma química entre vocês, ele destruiu uma barreira que te deixava insegura e confusa sobre o que fazer. — Olhei para a mesa, refletindo sobre o que Mary dizia. — Vê se acorda, mulher. Ele ia te beijar! Além do fato de ele e a princesinha Mills não serem namorados. Na minha opinião, todos os sinais estão te dizendo: vai.

— Mas ele foi atrás dela ontem.

— Você nem sabe o que ele disse a ela. Talvez a solução do seu problema não seja afastá-lo.

— O que devo fazer?

— Seja sincera. Fale com ele no intervalo.

— Eu nem sei se ele veio à escola.

— Eu o vi de relanço nos corredores. — A olhei surpresa. — Corra atrás da sua felicidade um pouco. Se não der certo. — Ela deus de ombros. — Pelo menos você tentou.

Pode dar certo. Ele me disse que gostava da Ali, mas depois de ontem, eu tenho minhas dúvidas. Eu sempre fui muito medrosa, ficava retraída na minha zona de conforto, achando que seria mais seguro evitar a rejeição. Mary está certa, eu tenho que pelo menos tentar, me sinto mais segura agora, direi a ele toda a verdade, tenho um bom pressentimento quanto a isso. Estou decidida. Vai dar certo, tem que dar.

Não continuamos a conversar, pois a professora nos deu reclamação. Matemos o foco no trabalho. Mas isso não me impede de pensar.

[...]

Tic-tac. O som do relógio me deixava mais aflita do que já estava. Não pense que se declarar para alguém seja algo fácil, pois não é. E pensar que em poucos minutos é isso que estarei fazendo, revira o meu estômago.

Algo em mim me deu coragem para enfrentar isso e decidir que era o melhor a se fazer. Por mais que eu estivesse mais segura, ainda existia medo dentro de mim. Medo de ser rejeitada, medo dele reagir mal, medo das coisas mudarem entre a gente. Talvez fosse melhor eu não dizer nada? Foi o que eu pensei, isso se repetiu diversas vezes em minha cabeça. Mas não mudarei de ideia.

O sinal tocou. Alunos saíram apressadamente da sala, outros arrumavam suas coisas e saiam em seguida. Eu fiquei sentada, juntando forças para me levantar e fazer o que tinha que ser feito. A felicidade dentro de mim estava se sobressaindo por cima do medo. Peguei minhas coisas, guardei-as em meu armário, e saí a procura de Daniel Larusso.

Encontrei Mary nos corredores, ela disse que o viu sair de alguma sala, mas o perdeu de vista. Ela me encorajou a procurá-lo, e assim fiz.

Caminhei pela escola inteira, mas nada. Cheguei a pensar que ele estivesse fugindo de mim. Mas não desisti, continuei andando. Fui até o campo, pois era o único lugar que eu não havia verificado, ele estava vazio aparentemente. Olhei com mais precisão, e identifiquei uma camisa xadrez por baixo das arquibancadas. Era ele.

You're still the one - Daniel LarussoOnde histórias criam vida. Descubra agora