Capítulo 18

6.7K 583 1.1K
                                    


Acordei me perguntando: que diabos foi aquilo ontem?

Quando diziam que era comum fazermos algo inconscientemente por conta do clima que o momento carrega, eu não acreditava. Pelo menos não até acontecer comigo. Eu nunca me imaginei beijando Johnny por livre e espontânea vontade, muito menos gostar disso. Se eu me arrependo? Não. Mas relembrando cada detalhe, creio que não teria coragem de refazer.

Passei o domingo inteiro em casa. Recebi os raios solares em minha pele graças à janela do meu quarto. Fiquei tentando distrair minha cabeça, já que sempre que me lembrava daquilo, eu sentia um arrepio por todo o meu corpo, como se fosse uma lembrança constrangedora. E realmente é! Mas não porque o problema seja Johnny, e sim porque nunca fiz nada parecido, principalmente em público e com um cara que eu não sinto atração alguma. Involuntariamente, o rosto de Daniel veio à minha cabeça ao beijar Johnny, não pude evitar, e sinto isso como se fosse o maior pecado do mundo.

Só espero que esse dia se estenda o suficiente para que eu fique tranquila ao ir à escola.

[...]

Depois de refletir muito, cheguei a uma conclusão: vou fingir que nada aconteceu, tanto com Johnny quanto com Daniel. Significa que eu vou negar tudo? Não, significa que vou agir como normalmente faço, assim evitarei situações estranhas.

Estava caminhando em direção aos fundos, para pegar minha bicicleta, porém decidi verificar antes se Johnny estava me esperando na entrada. Não estava. Por alguma razão, isso foi um alívio. Voltei ao meu caminho anterior, me sentindo mais leve. O que durou pouco tempo, pois fiquei tensa ao encontrar Daniel pegando a sua bicicleta. Ele me olhou e sorriu timidamente.

Haja naturalmente, Emma. Haja naturalmente.

Repeti isso em minha mente enquanto me aproximava.

— Bom dia, Larusso! — Sorri da maneira mais despreocupada que consegui.

— Bom dia... Emma.

— E então, quer apostar corrida hoje? Faz um tempo que não fazemos isso.

— Achei que fosse de moto. — Neguei com a cabeça. — Então tudo bem. — Ele sorriu.

Começamos a pedalar logo em seguida. E como sempre, ele chegou primeiro. Isso tá começando a me dar nos nervos. Daniel freou bruscamente na frente do colégio, eu cheguei logo em seguida, um pouco ofegante. Nós entramos juntos, passando em seu armário, e logo depois no meu, que é onde estamos agora. Apoiando a lateral de seu corpo em um armário qualquer, ele me observou pegar meus materiais enquanto conversávamos.

— Cara, o filme foi muito legal. Eu achei muito divertido esse tipo de cinema, muito melhor do que sentar ao lado de estranhos. — Relatei a ele.

— Eu nunca fui à um drive-in, parece divertido.

— Você devia ter ido. — Ele fez careta em resposta, eu dei risada. — Nesse caso, a gente podia combinar de ir qualquer dia. O que acha?

Um discreto sorriso surgiu em seus lábios. Ao abrir parcialmente a boca para me responder, ele olhou para algo atrás de mim, desistindo de falar logo em seguida. Antes de sequer pensar em me virar, minha cintura foi contornada por dois braços fortes, que suspenderam meu corpo no ar, dando um giro divertido. Me assustei no início, pois não esperava por isso. Quando fui posta de volta ao chão, meu corpo foi novamente virado, me deixando de frente para Johnny, a pessoa que estava por trás desse "abraço" repentino.

— Oi. — Ele disse sorridente, e então me deu um selinho inesperado. Arregalei um pouco os olhos, não respondi nada pois fiquei sem reação. — Eu passei na sua casa pra te buscar, mas não vi sua bicicleta. Imaginei que já tivesse vindo. — Ele acariciou minha bochecha com seu dedo polegar. Continuei sem reação, o que está acontecendo?

You're still the one - Daniel LarussoOnde histórias criam vida. Descubra agora