Capítulo 37

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Enquanto descia as escadas, jurei ter ouvido alguém chamar por mim, mas não fiz questão de descobrir quem foi.

Andei em passos rápidos, sem olhar para onde ia. Como sempre, quando me frustro com algo, meu cérebro faz um caminho automático para o mesmo lugar.

Eu não estava nem perto da praia quando perdi a força das minhas pernas. Me sentei na calçada e permiti que as lágrimas que eu segurava saíssem.

Eu não quero ir embora, não quero mesmo. Como ela pode fazer isso comigo? Já não basta todos esses anos em que minha tia foi mais mãe que a própria? Acha que me obrigar a fazer isso vai nos aproximar?

Não sei há quanto tempo estava ali, chorando. Meus olhos ardiam tanto. Não consigo mais enxergar com clareza.

Alguém tocou meu ombro. Me afastei por reflexo, já que estava perdida nos meus pensamentos. Ao olhar para cima, vi Johnny me olhando preocupado. Incrível como ele está sempre por perto.

— Emma, o que aconteceu? — Se agachou para ficar na minha altura.

Estava tentando controlar o meu choro, mas ver um amigo me serviu de gatilho. Ele esperava uma resposta, e eu chorei ainda mais. Me sinto uma criança, mas não posso evitar.

— Ai, caramba, se acalma. — Ele estava com as mãos levantadas, sem saber o que fazer. — Emma, as pessoas vão achar que fui eu quem te fiz chorar.

Ele olhava em volta. As pessoas estavam encarando, mas eu não me importava, não agora.

— Tá, não saia daí. — Ele se levantou e foi correndo até o outro lado da rua.

Não tinha visto antes, mas ali estava seu carro. Todos os seus amigos estão dentro, me vendo naquela situação. Era só o que me faltava.

Johnny tirou algo do bolso e entregou para Jimmy. Ele observou seu amigo ir para o banco do motorista e sair com o carro. Depois, caminhou em minha direção, se sentando.

— Que vergonha — disse eu, escondendo meu rosto entre minhas mãos. — Tem como esse dia ficar pior?

— Sempre tem como ficar pior. — O olhei, repreendendo. — Foi mal. — Passei a palma da mão pelo rosto, numa tentativa falha de cessar as lágrimas. — O que aconteceu?

— Não tem que se preocupar com isso.

— Eu te encontro chorando no meio da rua, à noite. É claro que devo me preocupar. — Passou o polegar na minha bochecha, secando alguma lágrima insistente. — Foi o Larusso? Ele te fez alguma coisa? Eu vou matar aquele filho da mãe. — Se levantou, determinado.

— Não! Ele não fez nada. — O puxei de volta. — Ele é ótimo.

— Se fosse, não deixaria a namorada chorando assim.

— Ele nem sabe que estou aqui.

Mais uma vez, ele se levantou, estendendo a mão para mim.

— Vem, vamos a outro lugar. Aqui é muito... — Olhou ao redor. — Público.

Depois de muito resistir, Johnny me levou até uma praça deserta que tinha ali perto. Nos sentamos e ele ficou me encarando, esperando que eu dissesse algo.

Respirei fundo.

— Aparentemente, vou me mudar para o Kansas esse ano — falei, enfim.

— O quê!? — gritou. Pulei de susto, pois ele está ao meu lado. — Por quê? Quando isso aconteceu?

— Minha mãe decidiu que eu vou morar com ela depois de me formar.

— É só não ir, se não quiser. Você não quer, certo?

You're still the one - Daniel LarussoOnde histórias criam vida. Descubra agora