Capítulo 38

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Após outra discussão com minha mãe, eu precisava de um pouco de ar. Saí e me deitei em uma espreguiçadeira ao lado da piscina.

Vi Freddy chegar da escola. Acenei para ele, que veio até mim e se sentou na espreguiçadeira ao lado.

— Oi, você faltou... de novo — disse ele.

— Não estava me sentindo bem.

— Está doente? Ouvi falar de uma virose que está pegando geral.

— Não, não. É só dor de cabeça. — Ele assentiu. — Sabe se Daniel foi treinar?

— Na verdade, ele estava logo atrás de mim. — Freddy apontou com o polegar no exato momento em que Daniel atravessou o portão.

Suspendi meu corpo para olhá-lo. Ele manteve seus olhos em mim por um momento, e em seguida, desviou e continuou seu caminho.

— Vocês brigaram? — perguntou Freddy.

— Ele brigou, mas não foi comigo. — Freddy me olhou confuso. — Nada, não. Deixa para lá. Eu já vou indo, tá?

Levantei e tentei alcançar Daniel, que estava entrando em casa quando cheguei ao último degrau da escada. Segurei a porta antes que ele fechasse.

— Ei, não me viu chegando? — perguntei, ofegante.

— Não — disse indiferente. — Vai entrar ou...?

Após me dar passagem, o acompanhei até seu quarto. Lá, ele agiu normalmente, sem dizer uma palavra. Jogou a mochila em algum canto do chão, retirou os sapatos e vasculhou as gavetas de sua cômoda. Eu estava ali, sentada na cama, observando.

— Não é justo — disse eu, encerrando aquele silêncio ensurdecedor.

— O quê?

— Que você me trate assim. Não pode descontar em mim suas desavenças com Johnny. Elas não têm nada a ver comigo.

— Engraçado dizer isso. — Tirou os olhos do móvel para colocá-los em mim. — Sempre que o vejo, ele está com você. Sempre que ele diz algo para me tirar do sério, é relacionado a você.

— Daniel...

— Eu só não entendo. Por que não veio falar comigo? Eu deveria ser a primeira pessoa com quem você compartilha algo assim.

— Mas eu não fui atrás dele, eu juro! Coincidentemente, ele passou na rua em que eu estava chorando.

Daniel relaxou os ombros e se sentou ao meu lado. Ele olhava para baixo.

— Não acredito que vá se mudar.

— Eu tentei fazer minha mãe mudar de ideia. Mas ela não deu nenhum sinal de rendimento. Conheço ela. Quando coloca algo na cabeça...

— Não quero ficar longe de você.

Sorri melancólica. Segurei seu rosto e o puxei para um beijo. Minhas mãos tremiam um pouco. Estou me segurando ao máximo para não chorar.

— Talvez ela mude de ideia — comentei. — Ainda temos alguns meses, nunca se sabe.

Nem eu acredito nisso.

— Posso tentar falar com ela — sugeriu.

— Não vai adiantar, Daniel.

— Ficar parado também não.

Parece que Johnny e ele concordam em algo, afinal.

Nada do que eu dissesse o convenceria do contrário, então eu apenas dei de ombro e o acompanhei até o meu apartamento.

You're still the one - Daniel LarussoOnde histórias criam vida. Descubra agora