Capítulo 35

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Verônica Shapiro, minha mãe. Surpreender as pessoas é algo que ela consegue fazer sem nenhum esforço. Ela gosta de ser imprevisível, sempre foi assim.

— A maçã nunca cai longe da árvore — disse ela, com um sorrisinho. — Só tome cuidado, minha filha. Na sua idade eu descobri que você estava crescendo dentro de mim.

Daniel estava de pé, com as mãos nos bolsos, provavelmente constrangido. Fiquei boquiaberta, tentando analisar o que estava acontecendo. Tanto momento para ela aparecer, e ela aparece justo agora.

— Como entrou aqui? — perguntei.

— Sua tia deixa a chave reserva no mesmo lugar de sempre, mas para a minha surpresa, a porta já estava aberta. — Ela deu dois passos para frente. — Não vai abraçar sua mãe?

Corri até seus braços, apertando como se nunca mais fosse soltá-la.

— Achei que não viesse — disse eu.

— Eu disse que viria.

— Você diz muitas coisas.

Ficamos um tempo abraçadas. Daniel pigarreou e eu me lembrei que ele estava ali. Me separei do abraço para ficar ao lado do garoto cujo as bochechas estavam rosadas.

— Ah, mãe, esse é Daniel, meu... namorado.

— É um prazer conhecê-la, senhora. — Estendeu a mão, gaguejando um pouco. Ele fitava o chão.

— Lamento ter te conhecido desse jeito, Daniel. — Ela apertou sua mão. — A primeira impressão é a que fica — disse séria.

Dessa vez, ele a olhou nos olhos.

— Não... não me entenda mal! Não ia acontecer nada do que a senhora está pensando. Eu juro que não faria nada que ela não quisesse ou que pudesse prejudicá-la de alguma forma. — Disparou palavras, sem ao menos respirar entre elas.

Ele continuaria falando e falando, mas minha mãe começou a rir, o que fez ele ficar em silêncio e me olhar confuso.

— Se acalma, garoto, estou só brincando. Eu já tive a sua idade — disse minha mãe. — Não posso formar uma opinião sobre você pelo o que acabei de ver, afinal, são adolescentes, é normal. — Eu dei risada. Ele parece aliviado. — Só espero que estejam se protegendo. Sou muito jovem para ser avó.

— Mãe! — Escondi meu rosto nas minhas mãos.

— Nós não, quer dizer, nunca fizemos, bem... — Daniel tentou falar, usando frases incompletas.

Mais uma vez, minha mãe deu risada. Deve achar divertido o nervosismo de Daniel.

— Já que atrapalhei o momento e vocês não vão fazer mais nada, me ajude a levar as malas para o quarto — pediu.

— Ahn... tá, sem problemas, senhora. — Ele pegou as duas bolsas que estavam no chão.

— Senhora? Não, não me chame assim, me sinto velha. Me chame de...

— Verônica — disse minha tia, que estava na porta com um semblante surpreso, mas nada contente. — Você veio.

[...]

— Aquele garoto parece meio burro — comentou mamãe. — Pensei que tivesse um gosto melhor, Emma.

Estávamos minha tia, minha mãe e eu sentadas à mesa, jantando. Minha mãe tagarela e tia Susie julgando cada palavra que ela escuta.

— Ele não é burro — retruquei.

— Eu disse meio.

— Por que não ligou? — Indagou tia Susie, mudando subitamente o assunto.

You're still the one - Daniel LarussoOnde histórias criam vida. Descubra agora