Capítulo 16

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Olhei para meus pés, pensando no que dizer. Os olhos de Daniel estavam perfurando minha cabeça. Andei devagar até o primeiro degrau da escada, sem olhar em seu rosto. Ouvi seus lábios estalarem, como se ele tivesse os aberto para dizer algo, o que me motivou a voltar a olhar em seus olhos, mas ele desistiu e continuou andando. Quando ele passou por mim, senti como se o mundo inteiro estivesse em câmera lenta. Virei-me para trás, antes que ele sumisse.

— Fala. — Eu digo a ele.

Daniel parou de caminhar e me olhou confuso.

— Como é?

— O que você ia dizer agora pouco. Diga. — Ele ficou em silêncio, olhando para mim com seus lábios entreabertos. Saí das escadas, indo até ele. Parei em sua frente, com o mesmo ainda me olhando. — Vamos, Daniel. Seja franco comigo.

— Eu não quero fazer isso agora. Nem aqui. — Ele colocou as mãos na cintura, desviando o olhar.

— Por que não enfrenta seus problemas, Daniel? Não entende que isso não afeta só a você, mas a mim também?

O que eu estou fazendo? Eu consegui o que eu queria, por que estou tentando desfazer?

Ele fechou os olhos e deu um longo suspiro. Passou a língua no interior da bochecha enquanto olha em cada canto do exterior do condomínio, até seus olhos pararem nos meus. Ele parecia estar pensando se deveria falar ou não. Então decidiu dizer algo:

— O que tá acontecendo entre você e Johnny, Emma?

— E isso importa?

— Sim. Importa e muito. Você disse que não seria amiga dele, por tudo que ele fez comigo. Agora você tá namorando ele!? — Ele perguntou retoricamente.

— Eu não estou namorando ninguém. E mesmo se estivesse... — Ele me interrompeu.

— Não minta pra mim, Emma. Eu vi vocês se beijando no Clube de Campo. É por isso que você não me dizia de quem gostava, por que era ele?

É você, seu idiota.

— E se for, Daniel? — me exaltei. — Qual é o problema? Eu deveria me afastar de alguém que eu gosto — minto. — e que gosta de mim só porque você não gosta dele?

— Eu tenho meus motivos pra não gostar dele. Você como minha amiga, deveria entender.

A essa altura já estávamos com o tom elevado, um tentando falar mais alto que o outro.

— Ah, claro. — Digo sarcástica. — Sendo assim, você deveria terminar com a Ali. Eu não gosto dela, então que se dane a sua felicidade, não é mesmo?

— Não é a mesma coisa. Ela nunca te fez nada.

— Isso é o que você acha. Eu sei que nem se compara, mas ele não tá te fazendo mais nada. Além de me tratar muito bem, você deveria parar de pensar no próprio umbigo!

— Você não entende que estou te dizendo essas coisas por você. — Franzi o cenho. — Ele só está querendo te usar pra mexer com Ali e fazer a gente terminar, não percebe isso?

Suspirei, sem acreditar no que acabei de ouvir. Cruzei os braços indignada.

— Então... é tão difícil acreditar que ele possa realmente gostar de mim? É isso que está me dizendo?

Tudo ficou embaçado. 

— Não, Emma. Eu estou falando especificamente de Johnny. Você sabe que é verdade. Ali e eu estamos brigados por causa dele.

— Ele não fez nada a ela. — Minha voz começou a sair falhada.

— Quando ele te beijou, Ali ficou irritada. Ela se incomodou com algo que ele fez a outra garota. Significa que ele conseguiu o que queria, significa que ela ainda está mexida.

You're still the one - Daniel LarussoOnde histórias criam vida. Descubra agora