Capítulo 49

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— Você enlouqueceu? — perguntei.

— Ainda não.

Sacudi a cabeça, perplexa, sem conseguir dizer nada do que se passa em minha mente. O sol começou a nascer, iluminando aos poucos o rosto de Daniel, que não demonstrava nenhum sinal de que estava brincando.

— Daniel, não. Eu não posso.

— Por quê?! — Ele umedeceu os lábios. — Emma, você prefere ir embora ou ficar comigo?

— Que tipo de pergunta é essa? É óbvio que eu prefiro ficar com você. Mas isso... isso é loucura!

— Não, Emma. Loucura é te deixar ir. — Daniel segurou minha mão e olhou no fundo dos meus olhos. — Se realmente me ama como disse, você pode confiar em mim e vir comigo.

Neguei com a cabeça.

— Não... isso não faz sentido. — Retirei sua mão da minha. — Para onde iríamos? E a nossa família? Como sobreviveríamos? — Fitei o seu rosto. — Você pensou nisso?

— A gente se vira, Emma! Podemos ir para qualquer lugar. — Daniel pensou por um segundo. — Eu tenho um carro. Posso vendê-lo e sustentar nós dois até arranjarmos um emprego.

— E a sua mãe? E minha tia? Meus pais? — perguntei, ainda sem acreditar no que Daniel sugeria.

— Deixamos uma carta, para saberem que está tudo bem. — Ele engoliu em seco. — Temos que tentar algo. Não me imagino vivendo sem você, Emma.

Novamente, neguei com a cabeça.

— Não... — sussurrei. — Não é uma boa ideia.

Daniel segurou os dois lados do meu rosto, me fazendo olhá-lo.

— É sim. Confia em mim, Emma. Vai dar certo! Suas malas já estão arrumadas. Eu pegaria minhas coisas e pronto, não teríamos que nos preocupar em ficarmos longe um do outro. — Nos olhamos por um segundo. O olhar de Daniel transmite segurança. — Você só precisa dizer sim.

Juntei minhas sobrancelhas, em dúvida. Não quero preocupar a minha família, nem jogar meus planos fora para correr esse risco. Por outro lado, não quero ficar longe de Daniel. Pensar na possibilidade de perdê-lo para sempre... Minha família continuaria sendo a minha família, independente do que eu faça. Já Daniel, poderia ser de outra pessoa.

Adrenalina, gostaria de deixar registrado como eu a odeio. O mesmo serve para você, impulsividade.

— Tá. — Foi tudo que eu consegui dizer, em um som tão baixo que, se não estivéssemos tão próximos, ele provavelmente não ouviria.

A expressão de Daniel se suavizou, seguido por um sorriso largo, que suponho ser de alívio. Tentei sorrir também, porém falhei em esconder minha preocupação.

Estou receosa. Sei que quero ficar com Daniel, e sei que quero passar o resto de meus dias ao seu lado. Contudo, essa foi a melhor decisão? Talvez eu deva retornar ao plano inicial, de voltar após quatro anos.

Ele estará com outra garota até disse a voz do meu subconsciente. Odeio você também, insegurança.

Provavelmente, são quase cinco da manhã. Não há muitas pessoas na rua. Daniel disse que não queria perder tempo, então imediatamente após minha resposta, ele pulou para o banco do motorista e deu a partida no carro, indo o mais rápido que podia até em casa.

Isso está mesmo acontecendo. Começo a roer minhas unhas, a fim de controlar meu nervosismo durante todo o caminho. Repenso sobre essa decisão. Estou fazendo isso por ele? Por mim? Por nós?

You're still the one - Daniel LarussoOnde histórias criam vida. Descubra agora