Capítulo 14

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Saí correndo do Clube, na esperança de alcançar Daniel, mas era tarde. Cheguei ao lado de fora, ofegante, e ele já estava no fim da rua, pedalando sua bicicleta. O observei até perde-lo de vista.

— Que droga! — exclamei.

Ouvi passos atrás de mim, não olhei pois já sabia quem era. Ele se aproximou e parou ao meu lado, olhando para o fim da rua, assim como eu. Senti-o colocar a mão sobre meu ombro direito.

— Anda, Emma. Vamos entrar. — Johnny disse.

Bati minha mão na dele, retirando-a do meu ombro.

— Isso é culpa sua. Por que fez aquilo? — Me refiro ao beijo.

Ele me olhou confuso, mas depois soltou uma risada curta.

— Engraçado. Na hora, você não pareceu achar ruim. Não me lembro de tentar me afastar. — Ele responde tranquilamente.

Eu bufo irritada.

— Você não entende que por sua causa Daniel está chateado comigo? Além da humilhação que ele passou lá dentro.

— Mas não era isso que você queria, deixá-lo com raiva? — Ele inclina levemente a cabeça, arqueando uma sobrancelha.

— Como assim? — Franzi meu cenho.

— Eu ouvi, Emma. Aquele dia, na arquibancada antes da aula. Eu ouvi. — Ele reforça.

Fiquei sem reação. Não acredito que ele escutou toda a lamentação que eu disse a Mary.

— Você estava ouvindo nossa conversa, escondido? — pergunto indignada.

— Eu estava embaixo da arquibancada antes de vocês aparecerem. Acabei ouvindo sem querer. — Ele suspendeu os ombros.

Passei os dedos em meus cabelos, olhando para o chão, sem acreditar no que ele acabou de me confessar.

— Não interessa, Johnny. Independentemente do que eu disse, você não podia ter me beijado na frente de todo mundo só para fazer ceninha pra sua ex. — Cruzo os braços, o encarando.

— Quer mesmo usar essa contra mim? — Ele ri em deboche. — Acha que eu sou idiota? — Fiz uma expressão confusa, mostrando a ele que não sabia do que estava falando. — Acha que eu não sei que você só aceitou me acompanhar depois que descobriu o namoro entre Ali e Larusso? E mesmo sabendo disso, eu quis que você me acompanhasse.

Arregalei os olhos em resposta, fiquei sem argumentos. Às vezes eu abria a boca, tentando dizer algo, mas nada saía. Ele tem razão, tanto ele quanto eu estamos errados. Eu principalmente, por ter aproveitado da situação para enfurecer Daniel. Não faz sentido eu ficar brava com Johnny por uma coisa que eu mesma procurei. Abaixei a cabeça, não consegui olhar em seus olhos.

— Desculpe. — Murmurei.

— O que disse? — Ele se fez de surdo.

— Eu disse: Me desculpe. — Aumentei o tom de voz, levantando a cabeça para olhar o seu rosto. Em seus lábios tinha se formado um sorriso vitorioso. — Não é justo eu brigar com você.

Me encostei em uma coluna estrutural que tinha ali, enquanto encarava o chão. Johnny se aproximou de mim, ficando na minha frente, com as mãos no bolso da calça.

— O que vai fazer agora? — Ele pergunta.

— Sobre o que?

— Sobre ele. Vai tentar se desculpar ou... vai continuar o afastando até essa sua "paixãozinha" sumir? — Incrível ele saber tanto da minha vida.

You're still the one - Daniel LarussoOnde histórias criam vida. Descubra agora