Saturday.

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Sábado.

— Acorda! Anda! — Conheço essa voz de algum lugar. Virei-me de barriga para cima e coloquei o braço sobre a testa. — SARAH, EU MANDEI VOCÊ LEVANTAR! — Abri os olhos e rapidamente os fechei. Malditos sejam esses fachos de luz que quase me cegaram! Lembro-me lucidamente de ter fechado as cortinas antes de me deitar. — Eu não vou chamar outra vez.

— Pelos céus, mãe! — Me espreguicei levantando-me e sentando na cama. Abri os olhos definitivamente e encontrei minha mãe dobrando algumas roupas que eu havia deixado em cima da cadeira da escrivaninha. Bocejei. — Por que está me acordando tão cedo?

— O que você ganha acordando tarde? — Sorriu para mim por trás da calça estendida em suas mãos. — Não te custa nada levar essas roupas sujas lá pra baixo. — Falou atirando a peça no chão e enrugando o nariz.

— Mas isso aí está limpo, mãe! E — Apontei para a pilha de roupas no chão. — metade disso aí também.

— Não tem nada limpo aqui, ainda acha que eu é que vou colocar para lavar. — Revirei os olhos e saí debaixo da coberta. — Agora levanta porque preciso que você vá ao mercado.

— Cadê a Bianca? Ela é quem faz isso. — Pus os pés no chão ainda sentada na cama e me espreguicei mais uma vez.

— Foi pra casa de uma colega que não lembro o nome. — Revirei os olhos me levantando. Bianca, com certeza, fez isso para fugir da arrumação e tudo ficar por minha conta. E se fosse uma filha minha eu saberia até o RG da amiga.

— Vou logo então pra me livrar.

— Espera eu pegar a lista. Estou lá embaixo. — Disse catando as roupas do chão e saindo.

Saí do quarto e fui ao banheiro. É, eu não tenho um banheiro no meu quarto e talvez até tivesse caso meus pais não gerassem três seres que não aceitam o fato de um irmão ter algo e o outro não. Parei em frente à pia e olhei-me no espelho travando uma batalha interna sobre o banho. Resolvi nem tomar banho, não que eu seja uma imunda, mas fui dormir de madrugada e além do mais só vou ali no supermercado. Não vou encontrar alguma celebridade ou algo do tipo. Escovei os dentes e lavei o rosto. Voltei para o quarto e troquei de roupa.

— Estou pronta, dona Maria. — Falei ao chegar na cozinha.

— Aqui. — Me entregou uma listinha e o dinheiro também. — Não vai tomar café? — Depois de me acordar cedo vem se importar? Aliás, que horas são essas mesmo?

Passei a mão pelos meus bolsos do short e não encontrei o meu celular.

— Na volta eu como alguma coisa, mãe. Tchau. — Saí do cômodo e logo já estava a caminho do supermercado. Resolvi deixar o celular pra lá.

Sábado. Sexto dia da minha conturbada semana. Hoje é o tal dia em que a maldita Carla decidiu fazer uma sessão de cinema em sua casa, ou seja, serei moralmente obrigada a encontrar Juliette, cumprimentá-la e talvez interagir com a mesma. Digo "talvez" porque nada é impossível mesmo sabendo que isso é quase impossível, mas não chega a ser totalmente. Vamos considerar todas as infinitas possibilidades. No entanto você deve estar se perguntando: Achei que depois de ontem você já tinha se acostumado a falar com ela. Até seu número ela tem, garota trouxa. Sinto muito, mas discordo de você. Eu não me acostumarei tão cedo a me comunicar com o ser vivo mais encantador da face da Terra. Deixe-me explicar o porquê. Imagine um amplificador ligado 24h por dia em seu ouvido. Agora me diga se é fácil se acostumar com isso. Não, não é. Você um dia vai ensurdecer até que aquilo não incomode em mais nada, afinal, não poderá mais escutar.

Pode ser estranho eu comparar Juliette com algo patógeno quando ela não passa de uma garota fofa e quase inofensiva. Quase. Pois para mim ela é uma ameaça, uma ameaça às minhas emoções, ações e até sentimentos! Caso eu venha a enlouquecer um dia, por favor, coloque Juliette Freire na minha ficha como o problema que levou minha mente à insanidade.

Parece Mais Fácil Nos Filmes | Sariette.Onde histórias criam vida. Descubra agora