Love Is Illness.

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Sexta-feira.

Sexta-feira. Hoje fazem 80 dias desde quando Juliette falou comigo pela primeira vez. São quase 3 meses. E se você acha que é pouco tempo, eu vou discordar. Sabia que em 3 meses um feto está formando os olhos e as chances de um aborto espontâneo acontecer diminuem bastante? Então você se pergunta "O que um aborto tem a ver com tudo isso?". É simples, à essa altura minhas chances de negar ou fugir de todo e qualquer envolvimento com a Juliette se reduzem muito. Se eu, de fato, não quisesse alguma coisa com ela, não teria aceitado continuar nessa coisa a dois. Eu posso até dizer que não queria, mas meu misterioso e obscuro inconsciente sabia — há quase 3 anos — que tudo o que eu sempre quis era uma oportunidade de me aproximar do ser humano mais incrível do universo.

E por pensar assim algumas dúvidas surgiram para mim. O que eu realmente sentia por Juliette? Tudo bem, eu já afirmei que sou apaixonada por ela. É muito fácil falar ou sentir, mas eu demonstro isso? Ela sabe que eu gosto dela? Ela deveria? Será que ela precisa saber disso?

Bom, ela nunca disse nada do tipo para mim, não serei eu a dar início à conversas sentimentais.

— Não, Sarah. A paixão não é uma doença...

— Certo. Mas e o amor? O amor é uma doença, não é? — Persisti tentando arrancar uma resposta condizente com a minha.

— Tecnicamente não. Esquece essa sua teoria, vai. — Thaís disse colocando a mão em meu ombro como se me consolasse.

— Não posso esquecer, Thaís! Eu preciso entender as coisas, sabia?

— Então responde pra mim: Quantas coisas você já conseguiu entender nessa sua busca pela razão de tudo? — Involuntariamente meus lábios formaram um bico e eu desatei a pensar em uma resposta. — Está vendo? Você nunca concluiu nada sobre tudo.

Tentei usar meu plano de fuga outra vez, mas Thaís irritou-se, dizendo não querer mais fazer parte daquela "criancice", palavras dela. Então aqui estou eu, no horário de sempre, com a amiga de sempre, sentada no banco de sempre, na mesma escola. E esperando que Juliette não chegue cedo. Nos dois dias anteriores passamos pela mesma discussão. Ter que ver Juliette dia após dia estava se tornando mais difícil do que sempre foi. Eu nunca sabia como agir ou falar com ela. Nunca soube exatamente o que fazer perto dela, mas juro que isso piorou depois que nos beijamos.

Ficamos sem dizer mais nada. No fundo Thaís tinha razão ao dizer que eu nunca consegui, de fato, entender alguma coisa, mas eu não iria admitir e a melhor forma de fazer isso é silenciar-se e deixar a pessoa pensar se ela está com a razão ou se a outra não escutou direito.

É, se até Nietzsche foi capaz de admitir que "Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas.", quem sou para insistir na busca de uma resposta para tudo? Bom eu sou eu e posso não entender o tudo, mas minha busca por algumas respostas continua.

Peguei o celular na mochila e vi que ainda faltavam 13 minutos para entrarmos na sala. Guardei o aparelho, ergui os olhos e encontrei Vitória sorrindo em nossa direção.

— Bom dia! — Falou animada.

— Oi, Viih! — Thaís cumprimentou chegando para o lado e deixando um espaço entre nós duas.

— Oi. — Falei enquanto Vitória sentava ao meu lado.

— Notaram que consegui chegar cedo hoje? — Não.

— Sim! Como isso pôde acontecer? — A morena perguntou.

— Hoje eu vim com o meu pai. Mamãe só iria sair para o trabalho mais tarde e...

— Hum, Vitória? — Cortei a conversa insossa das duas.

— Oi? — Virou para mim sorrindo.

Parece Mais Fácil Nos Filmes | Sariette.Onde histórias criam vida. Descubra agora