Warmness On The Soul.

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Juliette Freire Point Of View.

Domingo.

Agosto. Verão. O jornal que eu assisti enquanto tomava o café da manhã informou que de acordo com a meteorologia o dia de hoje marcaria cerca 31°C! Isso é ótimo! Aliás, o verão é uma das minhas épocas preferidas do ano, mas também gosto bastante da primavera e do outono e do inverno... acho que de todas. Isso! Todas são importantes para mim porque seria totalmente entediante ter uma única estação durante a vida toda.

Cada tempo no seu tempo porque até o tempo precisa de tempo!

Agora, no verão, eu posso ir à praia com mais frequência sem ter que ficar esperando um dia raro de sol surgir no meio dos habituais dias sem muito sol e sem muita chuva. Você sabe, mergulhar no mar em um dia cinza é uma experiência torturante.

Incrivelmente o verão traz ao meus pensamentos a Sarah. Sabe, aquela pele branca dela, completamente sensível a toques e raios ultravioletas não combina em nada com o sol. Sem esquecer-me daquele ódio que ela tem por toda a alegria tropical. Como alguém pode odiar o sol? Eu não sei, porém Sarah pode e consegue.

Sorri pensando em como Sarah odeia o sol e odeia metade das coisas do mundo, talvez mais da metade. Aliás, o que é que a Sarah não odeia? Às vezes acho que ela até me odeia, mas odeia de um jeito bom. Você sabe, existem dois tipos de ódio. O ruim acontece quando você odeia algo ou alguém e deseja que aquilo fique longe de você para sempre. É o ódio mortal. E tem o ódio bom, que é aquele que você odeia tanto uma coisa, mas não deseja que essa coisa vá para longe.

Sarah gosta de ter-me ao seu lado, não gosta?

— Juliette! Por que não fomos à alguma sorveteria fechada e com um ar-condicionado no mínimo?!

Escutei a odiadora de sol reclamar pela vigésima terceira vez desde que passei em sua casa para virmos tomar um sorvete. O dia estava lindo demais para se ficar em um quarto vendo televisão, por isso chamei-a para tomar um sorvete, mas o que não falei é que seria no parque... ao ar livre...

— Sarará! Se você parasse de fazer tanto esforço para reclamar, pouparia energia e não sentiria tanto calor! — Peguei um pouco do meu sorvete no copinho com a colher e levei até a boca.

Estávamos sentadas, estrategicamente, em um banco que ficava entre duas árvores e assim tínhamos uma boa sombra. A estratégia foi da Sarah. A mesma estava com aquele chapéu dela — que tornou-se seu acessório preferido e inseparável agora no verão — na cabeça, tomando seu sorvete com pequenas colheradas e reclamando sobre tudo. Se um pombo pousasse no galho errado, ela reclamava. Se uma folha caísse perto dela, ela reclamava. Se uma formiga tocasse em seu pé, ela reclamava. Se eu falasse, ela reclamava. Se eu me calasse... ela também reclamava.

Por conta disso, decidi deixá-la falar sozinha por um bom tempo e apenas observava o local. O céu totalmente azul e limpo, o sol brilhando, crianças se lambuzando com sorvete com suas mães prontas para limpá-las, pessoas passeando com seus cachorros, outras praticando exercícios físicos... A população aproveitando o verão enquanto Sarah resmungava sem parar.

— Juliette, olha pra isso! — Ergueu seu copinho na frente do meu rosto. — Derreteu! — Falou como uma criança indignada.

— Se você tomasse rápido não teria derretido. — Busquei no fundo do meu copinho o último pouco de sorvete e levei até a boca.

— A culpa é desse sol! Eu pago por um sorvete, mas tenho que consumir leite com chocolate! Se eu quisesse tomar leite com achocolatado gelado, eu tomaria!

— Então finge que quer e bebe logo isso. — Falei e levantei-me, indo até a lixeira mais próxima.

— Juliette!

Parece Mais Fácil Nos Filmes | Sariette.Onde histórias criam vida. Descubra agora