Gunslinger.

866 107 218
                                    

Sábado.

Sabe quando tudo pode dar certo, mas por ironia e vontade do universo dá errado? Sabe quando tudo está tão bem que você acaba esquecendo-se que existe a parte ruim da vida? Então, eu estava assim.

Estava.

Sábado. 418 dias desde que Juliette falou comigo pela primeira vez. Faz exatamente 4 dias que Juliette não fala comigo e eu não dirijo a palavra a ela. Sim. Nós brigamos, brigamos muito feio na quarta-feira — e alguns dias antes — e agora contarei a você como tudo ocorreu. Contarei nos mínimos detalhes para que ao final desse relato você entenda e constate que eu não fui a culpada... Não totalmente.

Tudo começou na noite de terça para quarta. Juliette e eu estávamos deitadas em minha cama, conversando sobre o dia que tivemos.

— E aí eu consegui entender tudo o que ela disse sobre esse caso. — Ela estava explicando sobre uma matéria que havia aprendido.

— Aham... — Falei olhando para o teto.

— O segredo é colocar-se no lugar de quem age assim.

Ela estava me explanando o segredo de entender a mente humana, aquilo não me importava muito, mas se era ela quem estava falando, tudo bem.

— Sabe, é muito fácil julgar, mas ninguém se coloca no lugar do réu. Existe um motivo para tudo!

Dei uma leve risada e franzi o cenho.

— Namorada, não diga-me que você agora defende os assassinos psicopatas. — Pedi jogando uma perna por cima das dela e virando-me para encará-la.

Estávamos deitadas na cama dela. Juliette com a barriga virada para cima e eu de lado.

— Nãããão... — Ela abanou uma mão no ar. — Estou agindo de forma impessoal. Sem julgamentos.

Juliette continuou tentando me explicar aquilo até o celular dela alertar uma nova mensagem. Ela pegou o aparelho, desbloqueou e virou para que eu não visse. Não dei importância para isso e continuei escutando-a falar, agora sobre ter conhecido o namorado e a tal amiga do João.

— As duas são bem legais... — Franziu o cenho enquanto lia algo no celular. — E aí eu falei pra gente sair qualquer dia...

— Aham. — Concordei achando estranho Juliette digitar alguma coisa como se tivesse dúvida. — Quem te mandou mensagem? — Perguntei sem conseguir esconder a curiosidade.

— Ah... — Bloqueou o aparelho e jogou sobre o colchão. — Foi uma colega.

— Hum... — Desconheço as colegas de Juliette. — Qual colega?

— Uma aí... — Falou naturalmente. — Pedi um livro emprestado e ela disse que levará amanhã...

— Ah ok. É que você não me falou disso... Mas tudo bem.

— Devo ter esquecido. Mas você estava falando sobre um trabalho, não é?

Foi impressão minha ou Juliette desconversou o assunto? No momento pareceu apenas impressão, sim. Por isso deixei quieto o assunto.

— Não. Estávamos falando sobre sua colega.

— Mas ela nem é importante. Quero saber sobre o seu trabalho.

— Ah. Então, eu vou ter que fazer uma pesquisa, provavelmente na biblioteca. Kerline deve ir comigo...

E nesse dia não aconteceu nada de estranho além de Juliette ter pegado o celular exatas 4 vezes e olhar com desconfiança para ler alguma coisa.

Parece Mais Fácil Nos Filmes | Sariette.Onde histórias criam vida. Descubra agora